Bolsa fecha em queda com atenção à inflação nos Estados Unidos; dólar recua

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São Paulo- A Bolsa fechou mais um dia em queda com o mercado de olho na inflação nos Estados Unidos. O índice de preços ao consumidor (CPI, sigla em inglês) de ontem e a inflação ao produtor (PPI, sigla em inglês), divulgada mais cedo, mostraram que os preços estão altos e o Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) deve subir os juros na reunião da próxima semana em 0,75 ponto percentual (pp) e seguir no ritmo de alta ainda por um período longo.

Somado a isso, aqui as vendas no varejo vieram piores que o esperado pelo mercado- queda de 0,8% em julho e na comparação anual a perda foi de 5,2%- impactando negativamente as ações varejistas. Magazine Luiza (MGLU3) foi destaque de queda, 4,46%.

“As ações de varejo que sobem é por um motivo específico da empresa”, disse Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos.

A Vale (VALE3), com peso de quase 14%, caiu 1,83% puxando o setor de mineração e siderurgia. Já a Petrobras (PETR3 e PETR4) subiu respectivamente 1,22% e 1,53%.

O principal índice da B3 caiu 0,22%, aos 110.546,67 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro perdeu de 0,10%, aos 111.640 pontos. O giro financeiro foi de R$ 39,5 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistos.

Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, comentou que existe uma preocupação com a inflação nos Estados Unidos.

“Apesar de o PPI vir em linha com a expectativa do mercado, o núcleo veio acima-subiu 0,2% em base mensal-e reforça o dado de ontem [índice de preços ao consumidor registou alta de 0,1% e o núcleo avançou 0,6%]. Esse cenário diz que o Fed vai subir os juros em 0,75 ponto percentual (pp) na reunião na próxima semana e manterá esse patamar de alta por longo tempo”.

Komura também comentou que o investidor estrangeiro enxerga o Brasil “com bons olhos até se comparar com os países desenvolvidos à espera de que o Copom [Comitê de Política Monetária do Banco Central] não suba mais os juros”.

Matheus Spiess, analista da Empiricus, disse que a Bolsa tem uma leve melhora, após o movimento negativo de ontem.

“Seria natural uma recuperação tímida, mesmo com alta dos juros, mas ainda assim mostra que há espaço para um descolamento do Brasil da realidade internacional; a gente vai ter crescimento este ano e estamos no final do ciclo de aperto enquanto lá fora estão começando o aperto [monetário] em alguns países”.

Spiess também comentou que os investidores vão à “caça às barganhas”. A alta do petróleo também ajuda a Petrobras (PETR3 e PETR4), peso relevante no índice, que subiam mais de 1%.

Um analista que não quis se identificar disse que a Petrobras (PETR3 e PETR4) ajuda na melhora do índice “juntamente com o exterior”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,19%, cotado a R$ 5,1790. A moeda refletiu as incertezas do mercado quanto aos próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que tem a missão de controlar a inflação nos Estados Unidos.

Segundo o sócio da Ethimos Investimentos, Lucas Brigato, “a inflação mostra que o Fed vai ter trabalho para conter os preços, principalmente em um cenário de pleno emprego nos Estados Unidos”.

“A dúvida é se a inflação por lá chegou no pico ou não, e até quando vai o aperto do ciclo monetário. O mercado deve ficar volátil até a próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), e o dólar se valorizar ainda mais”, opina Brigato.

Para o head de tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, “estamos no rescaldo de ontem. O mercado estava achando que o discurso do Fed não seria forte, se surpreendeu com os números”.

A inflação nos Estados Unidos, em agosto ante julho, teve alta de 0,1%, contrariando a projeção de -0,1%. Já o núcleo da inflação que exclui alimentação e energia – subiu 0,6% no mesmo período, acima das expectativas de 0,3%. Weigt entende que aos poucos o mercado precifica que a taxa terminal será maior e que os cortes dos juros não devem ocorrer tão cedo: “Hoje estamos em linha com as outras moedas”, explica.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em leve queda, em sessão volátil, com mercado ainda digerindo dados de inflação nos EUA e expectativa de um FED (o banco central norte-americano) duro para conter as subidas dos preços.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,760% de 13,760% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 13,120%, de 13,145%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,925%, de 11,905% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,620% de 11,550%, na mesma comparação.

Os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam a sessão em campo positivo à medida que os investidores buscaram estabilizar as perdas do pregão de ontem, quando houve a maior queda intradiária em mais de dois anos, após a divulgação dos dados de inflação para agosto.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,10%, 31.135,09 pontos
Nasdaq 100: +0,74%, 11.719,7 pontos
S&P 500: +0,33%, 3.946,01 pontos

 

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA