Bolsa fecha em queda com bancos em meio a desconfiança global do setor financeiro; dólar sobe

1313

São Paulo- A Bolsa fechou em queda seguindo o pessimismo no exterior com o temor em relação ao sistema bancário internacional, os bancos voltaram a pressionar o índice e a expectativa dos investidores domésticos ficaram por conta da divulgação do arcabouço fiscal.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já está com a proposta em mãos e encontra-se reunido com alguns de seus ministros para a análise da âncora fiscal. Em uma semana bem complexa envolvendo a crise bancária, o Ibovespa acumulou perda de 1,58%.

As ações do setor financeiro tiveram forte queda. Bradesco (BBDC 3 e BBDC4) caiu 3,15% e 4,16%. Itaú (ITUB4) perdeu 2,87% Santander (SANB11) registrou queda de 3,97%. Banco do Brasil (BBAS3) cedeu 1,71%.

O destaque de alta ficou para as ações da 3R Petrolium (RRRP3), que subiram 16,72%, após o anúncio da Petrobras que manterá o processo de desinvestimento, contemplando a transição do Polo Potiguar para a 3R.

O principal índice da B3 caiu 1,40%, aos 101.981,53 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril perdeu 1,39%, aos 102.915 pontos. O giro financeiro foi de R$ 34,1 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam no negativo.

Rodrigo Azevedo, economista e sócio-fundador da GT Capital, disse que o Ibovespa cai em mais um dia e que a crise financeira “que assola os bancos pelo mundo continua sendo o principal fator mesmo com injeções bilionárias nas instituições com dificuldades, os investidores também aguardam notícias sobre o arcabouço fiscal”.

Guilherme Paulo, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que o pessimismo por aqui ainda reflete o temor do mercado em meio essa crise bancária global.

“O mercado está reticente e tem medo do caráter sistêmico, é complexo de conseguir mensurar de qual seria o efeito da quebra de mais um banco; as ações do setor financeiro e da Petrobras também pesam no Ibovespa”. As elétricas também caem.

O operador de renda variável da Manchester Investimentos também disse que os “investidores ficam na expectativa do arcabouço fiscal”.

Armstrong Hashimoto, sócio e operador de renda variável da Venice Investimentos, disse que o mercado ainda fica “receoso com o externo em meio às preocupações com o sistema financeiro mundial com a quebra dos bancos e a situação delicado do Credit Suisse e, por aqui na expectativa do anúncio do que pode vir pela frente com o arcabouço fiscal”.

Hashimoto disse que os “bancos e a Petrobras estão pesando no Indice”.

Segundo um gestor de investimentos de uma casa de análise, o mercado ainda está “com desconfiança em relação ao setor bancário, o montante para socorrer o Credit Suisse não parece ser suficiente”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,61%, cotado a R$ 5,2700. A moeda refletiu majoritariamente o ambiente global de aversão ao risco, com os bancos que apresentaram problemas ao longo da semana, além das dúvidas sobre a política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Na semana, o dólar acumulou alta de 1,19%.

Segundo a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, após os problemas apresentados e a decisão do Banco Central Europeu (BCE), o mercado voltou a se recompor, mas o clima ainda é de cautela, e os investidores buscam refúgio no dólar.

Além das incertezas que rondam o novo arcabouço fiscal, Abdelmalack destaca que a desvalorização das commodities, nesta semana, ajuda a fazer com que o real e seus pares emergentes percam força.

Para o sócio fundador da Pronto! Invest Vanei Nagem, “o mercado lá fora está muito nervoso, ressabiado. Eu acho que o aumento do BCE, ontem, ajudou a decisão do Fed em subir 0,25 ponto percentual (pp) na próxima semana”.

Nagem observa que às sextas o movimento costuma ser de proteção, o que ganha força neste cenário de incertezas, além de entender que os bancos erraram ao não projetar o aumento dos juros. As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda, próximo a estabilidade, ancorada pelo alívio nos retornos (yields) dos títulos do Tesouro americano (Treasuries)

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,965% de 13,034% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 12,060%, 12,180%, o DI para janeiro de 2026 ia a 12,185%, de 12,320%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,455% de 12,585% na mesma comparação.

Os principais índices de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em queda, apesar do Nasdaq encerrar a semana com ganhos de 4%, à medida que os investidores fugiram de posições no First Republic Bank e outros papéis de bancos em meio a preocupações persistentes sobre a saúde do setor bancário dos Estados Unidos.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -1,19%, 31.861,98 pontos
Nasdaq 100: -0,74%, 11.630,5 pontos
S&P 500: -1,10%, 3.916,64 pontos

 

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo