Bolsa fecha em queda com bancos, Vale e fiscal; dólar encerra a R$ 6,02

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São Paulo -A Bolsa fechou em queda pelo segundo pregão seguido, no patamar dos 124 mil pontos, com o fiscal dominando a preocupação dos investidores e puxado por bancos e Vale (VALE3). O exterior também não ajudou. Poucas ações subiram. Na semana, o Ibovespa acumulou perdas de 1,06%.

A aceleração da perda se deu aperto do fechamento com os investidores evitando se posicionar com o final de semana.

As ações da Vale (VALE3) recuaram 1,49% e as da Petrobras (PETR3 e PETR4) caíram, respectivamente, 0,48% e 0,62%. Itaú (ITUB4) perdeu 1,29%. Após a derrocada de ontem, Pão de Açúcar (PCAR3) subiu 4,86%.

O principal índice da B3 caiu 1,13%, aos 124.612,22 pontos. O Ibovespa futuro em dezembro fechou em queda de 1,21%, aos 124.770 pontos. O giro financeiro foi de R$ 22,6 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam mistos.

Christian Iarussi, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital, entende que o fiscal atira o sossego do mercado e faz o Ibovespa cair, evolvendo os ganhos recentes.

“Um cenário de desafios econômicos e políticos que têm testado a paciência do mercado. Internamente, o mercado olha com desconfiança para o pacote fiscal em discussão no Congresso, considerado frágil e sujeito a desidratações que podem comprometer sua eficácia. O otimismo do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, sobre a aprovação do pacote antes do recesso parlamentar é recebido com reservas, dado o histórico de dificuldades políticas e o prazo apertado. Externamente, o cenário também não ajuda. O enfraquecimento das bolsas internacionais e a volatilidade nos preços de commodities, como metais e petróleo, criaram um ambiente adverso que pressionou ainda mais ações de peso, como Vale e Petrobras”.

A ação da Braskem (BRKM5) liderou a queda no Ibovespa de 11,03%, cotada a R$ 12,82 após o Santander rebaixar recomendação do preço -alvo de R$ 27 para R$ 18.

“O mercado reage com pessimismo, refletindo preocupações com a empresa, que, apesar de ser um grande nome no setor petroquímico, enfrenta desafios em um contexto de aumento de custos financeiros e risco fiscal”, disse Iarussi.

Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, disse que o fiscal pauta o mau humor no mercado.

“O Brasil passa ainda por muita aversão ao risco pautado por movimento de venda de bolsa, alta do dólar e alta dos juros e isso, em grande parte, é devido à discussão em torno da questão fiscal. É um risco de flerte com risco de dominância fiscal, um problema grave. Fica claro que é importante ter o aperto monetário, mas sem o fiscal não vai pra lugar nenhum. É um cenário do presidente [Lula] com saúde delicada, o que atrapalha a agenda de Brasília, e o Congresso tentando burlar as medidas medíocres que já foram apresentadas”.

Um outro analista do mercado financeiro disse que o mercado está fraco e falta de liquidez, Vale e Petrobras puxam o índice pra baixo e a B3 sobe, ação mais negociada na sessão de hoje.

No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em alta de 0,29%, R$ 6,0286. A moeda refletiu, ao longo dia, os temores fiscais que seguem rondando a economia. Na semana, a moeda teve desvalorização de 0,78%.

Mais cedo, o Banco Central (BC) realizou um leilão de US$ 845 milhões.

Para o head de Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, o BC agiu corretamente, já que o mercado está disfuncional, com baixa liquidez.

“Acredito que uma queda consistente do dólar no Brasil só será possível com uma reforma estrutural para corte de gastos, o que, no momento, não parece estar no horizonte”, opinou Weigt.

Segundo a economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, embora a Selic (taxa básica de juros) alta tenda a contribuir com o real, as indefinições fiscais que envolvem o avanço do pacote fiscal fazem com que a divisa brasileira siga desvalorizada.

Para o economista do portal Money You Jason Vieira, existe um descolamento do cenário local, com muito peso das questões políticas, mas sublinha que falar em dominância fiscal é um exagero neste momento.

Seguindo o movimento do dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam majoritariamente em alta, ainda à espera da aprovação do pacote fiscal e reagindo aos dados do IBC-BR, a prévia do PIB do Brasil, com dados acima do esperado pelo mercado.

Por volta das 16h55 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 12,150%% de 12,152% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 14,870%, de 14,660, o DI para janeiro de 2027 ia a 15,050%, de 14,710%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 14,860% de 14,445% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, com poucas alterações em relação ao pregão de quinta-feira, mesmo com a Broadcom atingindo máximas históricas após prever um salto nas vendas impulsionado pela inteligência artificial (IA).

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,20%, 43.828,06 pontos
Nasdaq 100: +0,12%, 19.926,7 pontos
S&P 500: -0,007%, 6.051,09 pontos

Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News