Bolsa fecha em queda com commodities, ações cíclicas e falas de Lula; dólar sobe

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São Paulo -A Bolsa fechou em queda de mais de 1%, perdeu quase dois mil pontos, em um dia de aversão ao risco, puxada pelas ações cíclicas com a alta na curva de juros, papéis das commodities e bancos.

Somado a isso, as declarações do presidente Lula sobre o FGTS e do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, desagradaram o mercado.

Lula disse que vai liberar o saldo retido do FGTS para quem usou o saque-aniversário.

A Azzas (AZZA3) liderou as quedas do Ibovespa em 7,45%, e a Azul (AZUL4) registrou a maior alta de 4,13%.

A Vale (VALE3) perdeu 0,91% e Petrobras (PETR4) cedeu 0,70%. MRV (MRVE3) teve queda de 6,79%. Lojas Renner (LREN3) baixou 5,00%. O Indice Small Caps (SMLL) caiu 2,13%.

O principal índice da B3 caiu 1,35%, aos 125.401,38 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril recuou 1,34%, aos 127.450 pontos. A máxima interdiária foi de 127.274,72 pontos e a mínima de 127.274,72 pontos. O giro financeiro era de R$ 19,1 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam mistos.

Gustavo Mendonça, especialista da Valor Investimentos, afirmou as commodities e declarações do Lula impactam o Indice.

“O Ibovespa é pressionado pela queda das ações de commodities. Esse movimento [da Vale] acompanha a desvalorização do minério de ferro na China e o mercado fica na expectativa para os resultados para a Petrobras na quinta-feira (27). No cenário macro doméstico, as falas do presidente Lula destacando que a economia deve expandir mais que o previsto e que a microeconomia será a chave para o crescimento trouxeram uma certa cautela para o mercado. Além disso, declarações do ministro do Trabalho [Luiz Marinho] apontando que o Caged de janeiro virá com criação de cerca de 100 mil novas vagas impulsionou de certa forma os juros futuros. O DI 2026 está subindo bastante, o que aumenta a percepção de manutenção de juros elevado por mais tempo”.

Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos, disse que “o mercado reagiu negativamente com o Focus, projetando mais uma alta de inflação [de 5,60% para 5,65% em 2025], o que pressionou a curva de juros. Os juros futuros sobem e, consequentemente, o Ibovespa cai. A alta na curva de juros está prejudicando bastante o varejo e as construtoras, que são mais sensíveis a financiamento de longo prazo. Petrobras e Vale estão em queda forte, o que acaba puxando o índice pra baixo pelo peso que ambas têm. O recuo da Vale está muito mais associado a notícias de fora [o minério caiu em Dalian] do que aqui”.

Bruno Komura, analista da Potenza Capital, disse que as commodities e as cíclicas pressionam a Bolsa.

“As maiores perdas são por conta da curva de juros, mas os maiores contribuintes para a má performance do Ibovespa são as commodities e os bancos”.

Komura também acrescentou que as falas do presidente Lula sobre o impulso fiscal com FGTS.

“É ruim porque deve resultar em inflação, mas isso já era esperado para ajudar a melhorar a popularidade”.

Mais cedo, Ubirajara Silva, gestor de renda variável independente, disse que a Bolsa acompanha o exterior.

“O mercado está olhando o SPX [o índice S&P], que caiu forte na sexta-feira (21) por conta do medo de uma nova pandemia, e não tem força para se recuperar na sessão desta segunda-feira. Não tivemos novidades no final de semana e nem hoje, mas o mercado não melhora. Lá fora pesou um pouco e aqui veio junto”.

No mercado de câmbio, o dólar fechou em alta de 0,44%, cotado a R$ 5,7545. A moeda apresentou, durante a sessão, movimento de ajuste técnico. A segunda foi marcada pela agenda esvaziada, tanto aqui quanto lá fora.

Segundo o analista da Potenza Capital Bruno Komura, o movimento de hoje é apenas um ajuste técnico, já que o intenso fluxo estrangeiro deve jogar a favor do real no curto prazo.

Para o sócio da Ethimos Investimentos Lucas Brigato, “estamos dependendo de mais dados para ter um direcional. O suporte do dólar hoje é de R$ 5,70”.

Assim como o dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em alta. A piora do cenário doméstico, apresentada no Boletim Focus, divulgado nesta manhã, impactou diretamente as curvas curtas e intermediárias.

Por volta das 16h41 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,625% de 14,500% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 14,510%, de 14,375%, o DI para janeiro de 2028 ia a 14,350%, de 14,230%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 14,360% de 14,285% na mesma comparação.

No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, com o mercado incapaz de se recuperar da forte queda de sexta-feira em meio às pressões ns ações das principais empresas de tecnologia.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,08%, 43.461,21 pontos
Nasdaq 100: -1,21%, 19.287,0 pontos
S&P 500: -0,49%, 5.983,25 pontos

Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência Safras News