Bolsa fecha em queda com crise geopolítica; dólar acompanha

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São Paulo – A Bolsa fechou em queda pelo segundo dia consecutivo e em mais uma sessão em que os investidores ficaram atentos ao agravamento da crise entre Rússia e Ucrânia. As ações da Cielo foram destaque de alta e os papéis dos bancos mostraram resiliência em um pregão de baixa liquidez. Na semana, o Ibovespa registrou perda de 0,60%.
O principal índice da B3 caiu 0,57%, aos 112.879,85 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril perdeu 0,48%, aos 114.235 pontos. O giro financeiro foi de R$ 25 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.
Larissa Quaresma, analista da Empiricus, que hoje a Bolsa acompanhou a queda em Nova York devido à crise no leste europeu. “O movimento foi levado pelas incertezas com a possível invasão da Rússia na Ucrânia, não existe uma visão de consenso e nenhuma estabilização da situação Otan, Rússia, Estados Unidos, China continuam com clima muito tenso entre si”.
Larissa destacou a alta expressiva de mais de 12% da Cielo (CIEL3), que anunciou a venda de um ativo americano. “Foi muito bem visto pelo mercado” e acrescentou que a Vale anda sofrendo porque a China está interferindo no mercado mundial de minério de ferro. A ação da Vale (VALE3) subiu 0,21%.
O investimento estrangeiro segue ajudando para que a Bolsa não caía mais. Na última quarta-feira (16), o ingresso de capital externo somou R$ 3,067 bilhões. “Com o feriado na segunda-feira (21) nos Estados Unidos, será interessante observar a questão do capital estrangeiro; se cair pode ser um sinal de que o fluxo gringo está segurando a Bolsa”.
Fabrício Gonçalvez, Ceo da Asset Management, afirmou que o mercado está administrando essa instabilidade geopolítica protagonizada pela Rússia. “O mundo está pesado com essa crise externa e o investidor passa a ter aversão ao risco”.
Gonçalvez afirmou que com a agenda de indicadores esvaziada, o mercado fica focado no exterior e acredita que “o movimento negativo deve seguir até o fechamento”.
O dólar comercial fechou em 5,141, com perda de 0,5%. Na semana, a moeda americana acumulou uma desvalorização de 1,96%. O fluxo de recursos externos voltou a pressionar o mercado, repetindo a performance predominante nos últimos dias.
A moeda teve comportamento na contramão do exterior, quando o dólar se valorizou frente aos seus pares. O Dollar Index registrava alta de 0,25% no fechamento do mercado brasileiro, a 96,03. A crise na Ucrânia e as preocupações com a política monetária dos Estados Unidos passaram ao largo do mercado cambial brasileiro.
Parte dos investidores ainda digeriu hoje a ata da última reunião do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, divulgada na quarta e as repercussões de membros do Comitê.
Segundo Lucas Schroeder, diretor de operações da Câmbio Curitiba, o tom ameno da ata do Fed trouxe tranquilidade ao mercado. “Enquanto o Fed não se posicionar com mais força veremos o dólar caindo. No entanto, à medida que eles vão se posicionando, os juros norte-americanos vão aumentar e o dólar subirá junto”, diz. “A queda do dólar é um fator momentâneo”, afirma.
A crise geopolítica entre Rússia e Ucrânia seguiu como principal destaque nos mercados hoje. Apesar das tensões permanecerem em alta e a Ucrânia permanecer em alerta com a chegada de novas tropas russas na fronteira, a XP acredita, em relatório, que a notícia que o ministro das Relações Internacionais russo, Sergei Lavrov, teria concordado em se reunir com o secretário de Estado dos EUA na próxima semana “traz novo alívio. A postura é interpretada como sinal de disposição do Kremlin a negociar”, diz.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda, com mercado ainda digerindo a última ata do Fed, bem mais amena do que o esperado.
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 12,380% de 12,395% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 11,975%, de 12,000%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,400%, de 11,440% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,310% de 11,305%, na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em queda, cotado a R$ 5,1370 para venda.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em queda, fechando a segunda semana no vermelho, com os investidores ainda preocupados com as tensões geopolíticas no leste europeu, fazendo com que ocorra uma fuga de ativos de risco maior, como ações.
Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:
Dow Jones: -0,68%, 34.079,18 pontos
Nasdaq 100: -1,23%, 13.548,1 pontos
S&P 500: -0,71%, 4.348,87 pontos
Veja o acumulado dos índices na semana:
Dow Jones: -1,90%
Nasdaq Composto: -1,76%
S&P 500: -1,57%