Bolsa fecha em queda com dados econômicos, à espera da inflação PCE; dólar encerra a R$ 5,645,a a R$

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São Paulo -A Bolsa fechou em queda pelo terceiro pregão seguido, oscilou entre a mínima de 125.626,28 pontos e máxima de 126.422,73 pontos em um dia de dados importantes- IPCA-15 de julho aqui e PIB do segundo trimestre de 2024 nos Estados Unidos-, ambos acima do esperado. Somado a isso, a abertura na curva de juros refletiu no índice.

O mercado fica na expectativa para o balanço da Vale (VALE3), após o fechamento, e para a inflação PCE, amanhã (26), preferido do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

Mais cedo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de julho, prévia da inflação, que subiu 0,30%. O dado arrefeceu ante junho (+0,39%), mas veio acima da previsão do mercado (+0,23%). Nos últimos 12 meses, até julho, o indicador acumulou alta de 4,45% ante +4,36%.

Nos Estados Unidos, o PIB do segundo trimestre deste ano subiu 2,8% na primeira leitura, acima das expectativas de +2,6%.

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) caíram 0,41% e 0,13%. Vale (VALE3) caiu 0,04%, em dia volátil.

O principal índice da B3 caiu 0,37%, aos 125.954,09 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto recuou 0,43%, aos 126.645 pontos. O giro financeiro foi de R$ 17,4 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam mistos.

Fabio Louzada, economista, planejador financeiro e fundador da Eu me banco, disse que o Ibovespa “cai hoje em mais um dia de correção e após dados do IPCA-15, que vieram acima do esperado. Com esse dado, fica difícil ver o Copom cortar juros. Na próxima semana [decisão de política monetária] teremos uma manutenção da taxa Selic no patamar atual em 10,5% [aa]”.

O destaque negativo fica para as ações do Carrefour (CRFB3), que caíam -2,91%-pelo terceiro dia seguido após balanço do segundo trimestre divulgado esta semana.

“O mercado não gostou do aumento no desconto de recebíveis da companhia no segundo trimestre devido a vendas parceladas, o que acabou aumentando as despesas da empresa”, disse Louzada.

Matheus Spiess, analista da Empiricus, disse que o humor do mercado é negativo.

“O IPCA-15 mantém um risco eventual de cumprir a meta e isso faz que exista preocupação inflacionária, mas não é uma tragédia anunciada. O dado de hoje trouxe surpresas naturais para o mês de julho, como passagens aéreas (+19,21%) por conta do período de férias, e gasolina (+1,43%) e energia elétrica acabaram atrapalhando um pouco. Mas teve surpresa positiva como a queda do dado de difusão está se espalhando, alimentação a domicílio mostrando melhor que o esperado. A inflação juntamente com dado de PIB americano mais forte acaba provocando um receio de que o nível de contracionismo monetário vai se manter por mais tempo do que a gente esperava em um ambiente que se já flertava com aversão a risco aqui e nos Estados Unidos. Um ponto positivo aqui foi a arrecadação foi forte no primeiro semestre [R$ 1,298 trilhão], mas não acompanha o crescimento dos gastos. No pregão de hoje, o sentimento do mercado é ruim e tiver virada é tímida”.

Sobre a China, Spiess disse que o corte de juros “foi insuficiente para dar uma sensação de estímulo [à economia]. Por outro lado, mostra que o governo tem a preocupação com a atividade interna do país. As commodities são prejudicadas e afeta o Brasil”.

Em relação à Super Quarta na semana que vem, o analista da Empiricus não acredita que haverá novidades. O Fed e Copom devem manter as taxas. No Se o comunicado do presidente do Fed, Jerome Powell, for mais duro no comunicado, “apaga [a probabilidade de] corte em setembro”.

O dólar comercial fechou a R$ 5,6473 para venda, com desvalorização de 0,16%. Às 17h05min, o dólar futuro para agosto tinha baixa de 0,13% a R$ 5.652,500. Em uma sessão de poucas novidades, o mercado seguiu a melhora no humor externo, após a divulgação do PIB americano e o sentimento de que os juros americanos deverão começar a ser cortado a partir de setembro.

O Dollar Index, que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de unidades, tinha estabilidade a 104,39 pontos.

Em termos domésticos, a questão fiscal segue no radar, mas hoje abriu espaço para a avaliação do IPCA-15 de julho, que ficou acima do esperado.

O mercado fica na expectativa para a inflação PCE amanhã (25) nos EUA, mas a precificação é que o início do corte dos juros se dê em setembro.

Na próxima semana, tem reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e Comitê de Política Monetária (Copom), dias 30 e 31, com expectativa de manutenção dos juros aqui e nos Estados Unidos.

O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos cresceu 2,8% no segundo trimestre de 2024 em relação ao trimestre anterior, em base anualizada, uma alta ante o primeiro trimestre, quando houve expansão de 1,4%. O índice veio acima do esperado pelo mercado, que era de 2,6%.

Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, disse que exportadores atuam no mercado e os agentes ficam à espera da inflação PCE. “Na parte da manhã, o dólar chegou ao patamar dos R$ 5,69 com o PIB dos EUA. No início da tarde, a moeda perdeu força frente ao Real com um movimento de venda dos exportadores aproveitando o patamar para internalizar recursos e com ausência de novidades. Lá fora tem fechamento de curva das treasuries apesar do dado do PIB. A precificação do mercado é que o início do corte será em setembro com três reduções e magnitude de 0,25 pp. O mercado espera pelo PCE amanhã”.

Bruno Komura, analista da Potenza Capital, disse que o dólar começou a virar quando saiu o dado do PIB, acima do esperado. “Apesar das dúvidas sobre o fiscal brasileiro e economia dos Estados Unidos se mostrando resiliente, há um cenário favorável para tomada de risco. Nasdaq está performando super bem”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em alta, na contramão do rendimento dos títulos do Tesouro americano de 10 anos (treasuries), puxadas pelo Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) acima do esperado. A queda do dólar também pressiona os DI para cima.

Por volta das 16h40 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,780%, de 10,680% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,770%, de 11,590%, o DI para janeiro de 2027 ia a 12,035%, de 11,850%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 12,185% de 12,030% na mesma comparação. O dólar comercial operava em queda, cotado a R$ 5,6441.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, com as big techs voltando a ter destaque negativo alimentadas por preocupações de que a onda de inteligência artificial (IA) possa estar perdendo força.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,20%, 39.935,07 pontos
Nasdaq 100: -0,93%, 17.181,72 pontos
S&P 500: -0,51%, 5.539,22 pontos

 

Com Dylan Della Pasqua, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News