São Paulo -A Bolsa fechou em queda com pressão da Vale (VALE3) devido à preocupação com a economia chinesa, levando à desvalorização do minério de ferro, e recuo dos papéis do setor de varejo e construção com alta na curva de juros.
Os agentes financeiros ficam à espera da divulgação amanhã (11) do Indice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e da inflação ao consumidor nos Estados Unidos (CPI, sigla em inglês) na quarta-feira (12).
As ações da Vale (VALE3) caíram 1,35%. Com as estimativas mais fracas para o setor de mineração e siderurgia no segundo semestre, o Itaú BBA reduziu o preço-alvo das ações da CSN (CSNA3) e da Usiminas (USIM5), respectivamente de R$16 para R$ 11 e de R$ 8 para R$ 7.
Os papéis da CSN (CSNA3) perderam 3,30% e Usiminas (USIM5) cederam 2,52%. Magazine Luiza (MGLU3) recuou 4,08%. Lojas Renner (LREN3) cedeu 6,46%, Via (VIIA3) baixou 3,77%. MRV (MRVE3) perdeu 1,80%. Na ponta positiva, Azul (AZUL4) subiu 3,10% e se recuperou de perdas da semana passada.
A Ambev (ABEV3) avançou 1,07%após o Bank of America (BofA) elevar a recomendação da companhia de neutro para compra.
O principal índice da B3 caiu 0,80%, aos 117.942,44 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto perdeu 0,71%, aos 119.275 pontos. O giro financeiro foi de R$ 17,9 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em alta.
Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse que o Ibovespa operou em queda, contrário a NY, “penalizado pelas preocupações com a economia chinesa, que trouxeram perdas para as commodities; a alta dos juros futuros refletiu sobre o desempenho de ações sensíveis à variável, como varejistas e construtoras”.
Fábio Louzada, analista e fundador da Eu me banco, disse que o Ibovespa cai na sessão de hoje com “diversos papéis corrigindo ganhos da semana passada e a alta dos juros futuros colabora para as varejistas como Lojas Renner, Via, Magazine Luiza e Alpargatas caírem forte, além disso a proximidade da divulgação de resultados do segundo trimestre também não anima os investidores do setor, que ainda está sendo bem pressionado”.
Louzada afirmou que com o recesso parlamentar, o mercado “acalma os ânimos em relação à reforma tributária e fica de olho nos dados que serão divulgados do IPCA, CPI nos EUA e balanços”.
Guilherme Paulo, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que a Bolsa cai em com China, um pouco de correção e na expectativa de dados aqui e nos Estados Unidos.
“O dia começou ruim com os dados da China- inflação menor que o esperado impactou no setor de materiais básicos, que tem grande representatividade na Bolsa, mas o mercado está em compasso de espera para a divulgação da inflação aqui e nos Estados Unidos; também tem feito preço hoje o Focus [boletim] que mostrou projeção de queda só para o IPCA de 2023- de 4,98% para 4,95%, o de 2024 veio estável, então chamou atenção do mercado que a perspectiva futura parou de cair, sendo que precisamos trazer a inflação para 3,5% [ para a meta], aí deu uma estressadinha no DI futuro e as ações das varejistas e imobiliário caem; também tem um movimento de correção depois da alta de sexta e dia de falta de notícias”.
Ubirajara da Silva, gestor de renda variável, disse que a semana começa com dados mais fracos de inflação na China e preocupação com crescimento global, com queda das commodities. “A semana é marcada por dados de inflação aqui e nos Estados Unidos e a desvalorização das commodities pressiona o índice por aqui, vários integrantes do Fed devem falar durante a semana, vamos ver se eles dão novos passos da política monetária dado o payroll mais fraco na sexta-feira”.
O dólar comercial fechou em alta de 0,32%, cotado a R$ 4,8820.A moeda refletiu o temor do mercado com a divulgação da inflação de junho nos Estados Unidos, na próxima quarta, e como isso pode afetar os próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
Para o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, “o dólar ainda não definiu um lado, com um volume pequeno, liquidez menor. Mercado está em compasso de espera”.
“O principal é lá fora. O mercado está esperando o CPI (Indice de Preços ao Consumidor, na sigla em inglês)”, diz Nagem, que ressalta que o cenário interno é favorável ao real, com o avanço da reforma tributária no Congresso e a ausência de ruídos políticos.
De acordo com a economista do Banco Ourinvest Cristiane Quartaroli, a aprovação da reforma tributária na Câmara “trouxe algum alívio. Além disso, as apostas no aumento dos juros nos Estados Unidos parecem ter reduzido após os dados de emprego que vieram mais fracos”.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI)fecham em alta, diante do mercado ainda se conformando com a forte probabilidade de corte mais modesto da Selic (taxa básica de juros) na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom. O cenário interno segue positivo.
O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,815% de 12,820% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,755% de 10,800%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,120%, de 10,060%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,155% de 10,105% na mesma comparação. Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em campo positivo, dando início a uma semana em que o foco estará na inflação, nas taxas de juros e no início da temporada de balanços do segundo trimestre.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,62%, 33.944,40 pontos
Nasdaq 100: +0,18%, 13.685,5 pontos
S&P 500: +0,24%, 4.409,53 pontos
Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA