São Paulo- Em véspera de feriado de Tiradentes, em que a B3 ficará fechada, a Bolsa encerrou o pregão em queda com peso das ações da Vale e siderúrgicas e com o mercado preocupado com a inflação aqui e no país norte-americano. Hoje a divulgação do Livro Bege mostrou que a pressão inflação é persistente nos Estados Unidos.
O que chamou a atenção dos investidores foi a forte queda de 15,57% da Natura (NTCO3), uma das queridinhas do mercado, em apenas em um pregão; no mês o recuo é de 18%. Durante toda a sessão de hoje, grandes bancos se desfizeram do papel como Itaú (4,9 milhões); Bradesco (1,780 milhão) BTG Pactual (1,360 milhão) e Citigroup (514 mil). Na compra, estiveram Santander (800 mil) e Credit Suisse (1,5 mil). A pergunta é se um grande investidor estaria se desfazendo do papel.
Mais cedo, José Simão Jr, head de mesa de renda variável da Legend Investimentos, disse que não viu nenhuma notícia para esse desempenho ruim da Natura, “pode ser que o resultado da empresa venha mais fraco”.
As ações da Vale (VALE3) caíram 2,60%, assim como das siderúrgicas.
O principal índice da B3 caiu 0,61%, aos 114.343,78 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho perdeu 0,78%, aos 116.055 pontos. O giro financeiro foi de R$ 25 bilhões. Em Nova York, as ações fecharam mistas.
Simão Jr disse que o mercado ainda segue temeroso com a inflação. “O Livro Bege mostrou a inflação persistente e eleva a preocupação aqui e lá fora [com os preços]. A gente via um final de ciclo de alta de juros aqui, mas já não dá mais para cravar”.
A temporada de balanços começou por aqui e Simão Jr acredita que com a inflação, às margens das empresas começam a ficar menores. “Os resultados podem vir piores, mas isso não significa que é para gente precificar mais do Ibovespa, a não ser que venha algo fora do contexto”.
Segundo um analista do mercado financeiro que não quis se identificar, a queda nas ações da Vale (VALE3) “trouxe novos players ao mercado”.
O head de renda variável da Legend Investimentos ressaltou que “ainda aposta em empresas mais resilientes como bancos e commodities, por mais que estejam realizando, como a Vale que pesa hoje no índice”. Algumas empresas de commodities estão com preços atrativos.
Mais cedo, Viviane Vieira, operadora de renda variável da B.Side Investimentos, disse que a liquidez está baixa por conta do feriado de Tiradentes ” e não há notícias aqui e nos Estados Unidos que podem mexer com o mercado; a tendência é que a Bolsa fique mais lateralizada e as commodities tendem a performar bem, principalmente o petróleo.” A commodity subia.
Viviane comentou que o mercado continua preocupado em relação à política monetária “com a expectativa de elevação de juros mais forte nos Estados Unidos e aqui por conta da alta inflação; o mercado também fica de olho em comentários de presidentes dos bancos centrais, em evento do FMI, sobre política monetária”.
O dólar comercial fechou em queda de 1,04%, cotado a R$ 4,6190. A inflação persistente e, consequentemente, o provável aumento do ciclo de aperto monetário seguem contribuindo para o intenso fluxo estrangeiro na bolsa brasileira.
De acordo com o sócio da Top Gain, Leonardo Santana, “ainda estamos num movimento macro de queda, está entrando muito capital estrangeiro”.
Santana acredita que o Comitê de Política Monetária (Copom) está precificado, mas levanta dúvidas sobre a próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês): “O mercado ainda não consegue visualizar a taxa de juros norte-americanos. A fala de amanhã do (presidente do Federal Reserve – Fed, o banco central norte-americano), Jerome) Powell vai ser importante”, observa.
Segundo o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, “o mercado passou da dinâmica de comprar moedas de commodities, e está procurando por juros. E isso beneficia o Brasil”.
Borsoi explica que a política monetária brasileira está adiantada, mas que o Banco Central (BC) tem um desafio à vista: “O grande ponto é entender como o BC vai reagir à disparada da inflação, e é isso que vai determinar a direção do câmbio”, projeta.
Para o head de tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, “a não ser que algo extraordinário aconteça, as commodities e os juros em alta fazem com que não sejamos muito afetados. A janela de oportunidades continua aberta”.
Weigt ressalta que com as sanções na Ucrânia a Rússia perdeu atratividade para os investidores, e o mesmo ocorreu com a Turquia: “Ao lado de África do Sul e México, somos um dos poucos emergentes grandes para se investir”, analisa.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta nesta quarta-feira (20), acompanhando as pressões inflacionárias que permanecem fortes nos Estados Unidos.
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,060% de 13,040% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,665%, de 12,675%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,100%, de 12,060% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,795% de 11,805%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam mistos, com a Nasdaq caindo 1,22% e a Dow Jones subindo 0,71%, à medida que os investidores avaliaram uma onda divergentes de balanços trimestrais de empresas. A Dow Jones liderou a por meio dos fortes ganhos da Procter & Gamble, enquanto a Nasdaq refletiu a queda histórica nas ações da Netflix.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,71%, 35.160,79 pontos
Nasdaq 100: -1,22%, 13.453,1 pontos
S&P 500: -0,06%, 4.459,45 pontos