São Paulo -A Bolsa fechou em queda e conseguiu se segurar na faixa dos 127 mil pontos, em um dia de forte queda da Petrobras (PETR3 e PETR4), antes da divulgação do relatório de produção e vendas da companhia, e na expectativa decisão de juros aqui, nos Estados Unidos e no Japão, na quarta-feira (31) e do banco da Inglaterra na quinta-feira (01). Dia de baixa liquidez.
As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) caíram 2,52% e 2,01% refletindo a desvalorização do petróleo e os riscos vinculados ao plano da Petrobras adquirir 40% da participação da Galp no campo de Mopane, na Namíbia, que está sendo avaliada em aproximadamente US$ 4 bilhões.
“Embora a Petrobras precise aumentar suas reservas de petróleo, a empresa tem um histórico fraco de operações fora do Brasil, o que gera um certo ceticismo entre os investidores. Além disso, a recompra de refinarias que haviam sido vendidas anteriormente, pode reduzir a “margem de segurança” nas projeções de dividendos da Petrobras. Isso significa que a empresa pode ter menos recursos disponíveis para distribuir entre os acionistas, o que contribui para a queda nas ações”, disse Frederico Nobre, head de análise da Warren Investimentos.
Segundo Hemelin Mendonça, especialista em mercado de capitais e sócia da AVG Capital, as ações de Magazine Luiza (ON, -5,80%) e outras ações do setor de varejo como Pão de Açúcar (ON, -4,19%) e Petz (ON, -4,31%) caíram “devido ao aumento na expectativa de inflação após divulgação do Boletim Focus em que o mercado elevou a estimativa de inflação deste ano para 4,1%. A inflação mais alta faz com que os juros tenham que se manter altos para segurar a alta de preços, o que prejudica as empresas do setor”.
O principal índice da B3 caiu 0,42%, aos 126.953,86 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto recuou 0,53%, aos 127.560 pontos. O giro financeiro foi de R$ 17,5 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.
Virgilio Lage, especialista da Valor Investimentos, a Bolsa cai com um movimento de ajuste, após a alta da sexta-feira (26) e cautela com reuniões de política monetária aqui e no exterior.
“O mercado está com baixa liquidez esperando vetores econômicos na “super quarta” e a Bolsa cai em dia de realização de lucros sobre operações de sexta feira, e ainda digerindo resultados políticos na Venezuela”.
Diego Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que a Bolsa cai à espera das decisões dos bancos centrais.
“O mercado fica na expectativa para a reunião do Copom, Fed e do banco da Inglaterra (BOE) esta semana. O investidor fica mais cauteloso. Com um cenário internacional dando um alívio no sentido de corte [de juros] em setembro [pelo Fed], abre espaço para o Copom sinalizar que não terá alta da Selic e a busca de a volta do ciclo de queda dos juros. O volume da Bolsa está baixo e tem um pouco de realização corrigindo a alta de sexta”.
Em relação às ações, Faust comentou que as petroleiras caem acompanhando o petróleo, à exceção da 3R Petroleum. Os papéis da Usiminas (USIM5) recuaram 4,42% com a notícia que a CSN vai reduzir a participação na companhia de 12,9% para menos de 5% do capital social. Na sexta-feira, a Usiminas divulgou resultado do 2T24 de R$ 100 milhões, as ações caíram mais de 23%.
“A CSN é um acionista de referência, com a redução da participação na Usiminas, parece que está jogando a toalha. O mercado fica na expectativa de qual será o destino da empresa”.
O dólar comercial fechou a R$ 5,6254 para venda, com desvalorização de 0,56%. Às 17h10min, o dólar futuro para agosto tinha baixa de 0,67% a R$ 5.630,500. A moeda recuou, em um dia marcado pela cautela. O foco do mercado está nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom)e Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que começam amanhã (30) e terminam na quarta-feira (31).
Os taxas básicas de juros não devem ser alteradas, nem aqui e nem no exterior. Mas os investidores aguardam o tom dos comunicados. Por aqui, o boletim Focus mostrou projeções altistas para a inflação.
O Dollar Index, que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de unidades, tinha alta de 0,23% a 104,56 pontos.
Gabriel Meira, economista da Valor Investimentos, disse que houve pouca movimentação do dólar. “A gente vai ver o mercado em modo cautela, até quarta-feira (31), quando saem as decisões de política monetária aqui e nos Estados Unidos com manutenção dos juros nos dois países. Os investidores ficam aguardando o comunicado dos BCs”.
Flávio Serrano, economista-chefe do banco Bmg, ratificou que o câmbio está à espera das decisões monetárias ao redor do globo durante a semana. “A depender da decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), o câmbio deve subir ou descer”.
Focus
As instituições financeiras ouvidas pelo Banco Central (BC) na pesquisa Focus elevaram de 4,05% para 4,10% a previsão para a inflação medida pelo Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2024. Para 2025, as estimativas para inflação subiram de 3,90% para 3,96%.
A projeção para a taxa de câmbio em 2024 ficou estável em R$ 5,30 por dólar, enquanto a expectativa para 2025 subiu de R$ 5,23 para R$ 5,25 por dólar.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham majoritariamente em alta, tensionadas, à espera da Super Quarta. Além de decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) e do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), a semana ainda conta com decisões monetárias no Japão e na Inglaterra.
Por volta das 16h40 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,730% de 10,765% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,725%, de 11,700%, o DI para janeiro de 2027 ia a 12,005%, de 11,935%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 12,125% de 12,050% na mesma comparação. O dólar comercial operava em queda, cotado a R$ 5,6289.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão com poucas alterações, enquanto Wall Street se preparava para uma semana movimentada de balanços corporativos e aguardava um anúncio importante de política do banco central americano.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,12%, 40.540,13 pontos
Nasdaq 100: +0,07%, 17.370,2 pontos
S&P 500: +0,08%, 5.463,55 pontos
Com Dylan Della Pasqua, Camila Brunelli, Darlan de Azevedo / Agência Safras News