Bolsa fecha em queda com Petrobras e Vale, mas encerra semestre com alta de 7,61%

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São Paulo- A Bolsa fechou em leve queda com o peso das ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) e Vale (VALE3) em meio ao corte no preço da gasolina e dados mais fracos da China. Com isso, interrompeu a sequência de nove semanas de alta e encerrou em queda de 0,74%. Mas, registrou o melhor mês do ano com avanço de 9,00%. No trimestre subiu 15,90% e no semestre acumulou ganhos de 7,61%.

Apesar de encerrar no negativo, o Ibovespa subiu bem na sessão de hoje, principalmente pela manhã, com os investidores reagindo à decisão do Conselho Monetário Nacional em manter a meta da inflação e mudar o regime contínuo. Outro ponto favorável veio do exterior com o índice de preços de gastos com consumo (PCE, sigla em inglês), dos Estados Unidos, que subiu 0,1% em maio, depois de crescer 0,4% em abril. Na comparação anual, o indicador registrou alta de 3,8%.

As ações da Vale (VALE3) caíram 1,96% e Petrobras (PETR3 e PETR4) registraram queda de 5,13% e 4,83%.

Mais cedo, a estatal anunciou corte de R$ 0,14 por litro, ou queda de 5,3%, o preço médio da gasolina A, passará a ser de R$ 2,52 por litro. A redução não agradou o mercado.

O principal índice da B3 caiu 0,24%, aos 118.087,00 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto perdeu 0,77%, aos 119.815 pontos. O giro financeiro foi de R$ 32,7 bilhões. Em Nova York, as bolsas operavam em alta.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, disse que a Bolsa vai fechar como uma das principais bolsas com um dos melhores desempenhos do mês, mas na sessão de hoje “Petrobras e Vale, ações de peso no índice, não estão bem e impedem uma melhor performance; Petrobras cai com o corte na gasolina”.

Para Vinicius Steniski, analista de ações do TC, os fatores positivos que beneficiam a Bolsa são “a decisão do Conselho Monetário Nacional da véspera com a manutenção da meta da inflação, BRF anunciou follow on, as ações de construção civil sobem e hoje teve leilões que movimentam o setor das elétricas, por outro lado é final de mês e semestre e pode ter movimentos técnicos como vistos mais cedo; a Petrobras reduziu o preço da gasolina e gás de cozinha e o mercado não gostou do movimento e, entendeu que a companhia pode estar indo na contramão do brent [petróleo] e pode gerar menos caixa, pode prejudicar a distribuição de dividendos, o que é negativo para o governo; Vale caindo com o mercado esperando os estímulos da China”.

Josian Teixeira, diretor e gestor de recursos da Lifetime Asset Management, disse que o exterior e o cenário interno ajudam a Bolsa. “Os dados melhores lá fora e o CMN vendo mais pró-mercado, entendemos como um excelente momento para tomar risco; estamos vendo o avanço do governo e melhor: existe uma harmonia institucional e a independência do Banco Central, isso é uma conquista muito boa que vai refletir no kit Brasil, principalmente nas ações das empresas”.

Mais cedo, Acilio Marinello, coordenador do MBA Executivo em Digital Finance da Trevisan Escola de Negócios, comentou dois fatores relevantes no mercado na sessão de hoje.

“O HSBC fez uma recomendação para o mercado precificando o barril brent [referência para a Petrobras] em até US$ 80 e isso influenciou na valorização das ações da Petrobras, que passaram a apresentar forte queda, e a decisão do governo em zerar a taxa de importação de produtos até 50 dólares já está gerando impacto em algumas marcas do varejo, como as ações da Lojas Renner, e incentiva as compras da Shein”. As ações da Lojas Renner (LREN3) caíam 6,49%.

O dólar comercial fechou em queda de 1,23%, cotado a R$ 4,7880. A moeda refletiu a melhora do humor global, com a expectativa por um Fed menos severo. No ambiente doméstico, a manutenção da meta da inflação em 3% foi bem recebida pelo mercado. Na semana, a valorização foi de 0,23%, enquanto no mês, trimestre e semestre, as quedas foram de 5,64%, 5,54% e 9,30%, respectivamente.

Segundo o analista da Ouro Preto Investimentos Bruno Komura, “para ajudar no movimento do câmbio (apreciação do real), temos o mercado encarando com bons olhos a decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) que decidiu manter a meta de inflação em 3%, com mudança apenas na medição, trocando de ano calendário para contínuo”.

Komura entende que a definição da Ptax para o mês de julho também contribui para a performance da moeda brasileira frente ao dólar.

“Vemos o dólar se desvalorizando frente às principais moedas, reduzindo as chances de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) seguirá duro na sua política monetária. Isso deixa os ativos de risco mais atrativos, já que a recessão (nos Estados Unidos) pode ser muito mais leve que o esperado”, analisa Komura.

Esta melhora foi motivada pelos gastos pessoais (CPE, na sigla em inglês) nos Estados Unidos, em maio, que subiram 0,1% ante expectativas de 0,2%.

Para a economista do Banco Ourinvest Cristiane Quartaroli, “o mercado de câmbio segue pressionado por conta do mercado externo e preocupação com possíveis novos aumentos de juros nas economias centrais. Contudo, a decisão CMN, ontem, que optou por manter a meta de inflação, pode trazer algum alívio no mercado global”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) caem. A expectativa pelo corte na Selic (taxa básica de juros), em agosto, e a manutenção da meta de inflação em 3% foram bem recebidos pelo mercado. Os dados melhores de inflação nos Estados Unidos, divulgados hoje, também facilitam esse movimento.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,850% de 12,920% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,775% de 10,855%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10, 135%, de 10,370%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,165% de 10,390% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, encerrando o primeiro semestre em forte alta, em meio a mais sinais de desaceleração do indicador de inflação preferido do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,84%, 34.407,60 pontos
Nasdaq 100: +1,45%, 13.787,9 pontos
S&P 500: +1,22%, 4.455,31 pontos

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA