Bolsa fecha em queda com pressão de Vale e Petrobras e na expectativa da votação do marco fiscal; dólar recua

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São Paulo- A Bolsa fechou em queda com pressão de Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3 PETR4), ações que têm peso importante no índice, e com os investidores atentos ao arcabouço fiscal que deve ser votado esta semana no plenário da Câmara e as negociações sobre o teto da dívida dos Estados Unidos no radar.

Mas a maior parte do pregão desta segunda-feira, o Ibovespa operou de lado.

Em contrapartida, os papéis do setor de companhia aéreas, consumo e educação encerram em alta. As ações da Azul (AZUL4) subiram 9,37% com a elevação do preço-alvo por parte do Bank of America e com a expectativa de redução do preço do querosene com a nova política de preços da Petrobras. Os papéis da Cogna (COGN3) avançaram 7,22% acompanhando o setor. O destaque de alta ficou para as ações da Alpargatas com a notícia de que a MS Alpa Participações fez uma oferta pública pela aquisição de até 32 milhões de ações da empresa. Os papéis subiram 17,41%.

A Vale (VALE3) caiu 1,60%. Petrobras (PETR3 e PETR4) perdeu 1,50% e 1,15%. Magazine Luiza (MGLU3) aumentou 4,39%. Os bancos caíram em bloco.

O principal índice da B3 caiu 0,47%, aos 110.213,12 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho perdeu 0,46%, aos 110.905 pontos. Na máxima interdiária atingiu 111.643,30 pontos. O giro financeiro foi de R$ 20,8 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam mistos. Lucas de Caumont, estrategista de investimentos da Matriz Capital, disse que o Ibovespa opera “em lateralidade junto com as bolsas globais com os investidores de olho no arcabouço fiscal e mantêm cautela”.

O estrategista de investimentos de Matriz Capital completou que após as altas das últimas semanas “podemos estar próximos de uma correção para essa e também na seguinte, mas vai depender de como irá se dar a votação do arcabouço fiscal e do apetite dos investidores”.

Guilherme Paulo, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que o Ibovespa cai “com o setor de matérias básicos, ligados a commodities, e de utilidades- energia e saneamento; já consumo subindo; os investidores estão repercutindo as falas de Roberto Campo Neto em que disse que a mudança da meta da inflação vai ter um efeito contrário do esperado e os núcleos [da inflação] estão persistindo de forma desancorada; a luta contra a inflação deve persistir; hoje o Boletim Focus trouxe um ajuste prevendo inflação menor e crescimento do PIB maior, interessante para ancorar as expectativas”.

O operador de renda variável da Manchester Investimentos acrescentou que o marco fiscal e o teto da dívida dos Estados Unidos ficam no radar. “Vamos ver como vai evoluir o arcabouço, se haverá ajustes necessários e, em relação ao teto, vimos avanços e retrocessos nas conversas do executivo com o legislativo normalmente resolvem na última hora, o mercado não precificou o risco de calote”.

Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos, disse que a melhora do mercado é atribuída à fala de Campos Neto na participação do evento da Folha. “Em algum momento, os bancos centrais vão ter de reduzir juros e o Brasil está bem melhor do que a média das maiores economias”.

Ubirajara Silva, gestor de renda variável, disse que o mercado deve ficar atentos às commodities. “O grande destaque é para as commodities metálicas-minério de ferro caindo próximo de 3%, cobre desvalorizando 1,5% e isso pode impactar na Vale. Em relação à Vale, também saiu uma notícia no Valor sobre a venda de uma fatia do segmento dos metais básicos e a empresa soltou um fato relevante dizendo que desconhece essa venda, e que não tem fundamento; a mineradora pode ter um dia ruim com a queda das commodities metálica. Devemos acompanhar a inflação essa semana e teto da dívida dos Estados Unidos; Por aqui, o Campos Neto [Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central] e Rodrigo Pacheco [presidente do Senado] participam de um seminário de pode ter algum impacto”.

O dólar comercial fechou a R$ 4,971 para venda, com desvalorização de 0,50%. Às 17h05min, o dólar futuro para junho tinha baixa de 0,58% a R$ 4,980. A moeda refletiu o intenso fluxo estrangeiro e as negociações sobre o teto da dívida nos Estados Unidos. Os investidores também acompanharam de perto o Boletim Focus e o avanço das negociações para a aprovação do novo marco fiscal.

Para o analista da Ouro Preto Investimentos Bruno Komura, o movimento do câmbio refletiu diretamente as negociações sobre a dívida nos Estados Unidos e o intenso fluxo estrangeiro na bolsa brasileira. “Ainda temos um impasse com a dívida nos Estados Unidos. No final das contas vão chegar a um acordo, mas vão deixar para o último minuto”. avalia Komura.

O analista da Ouro Preto entende que o boletim Focus, divulgado hoje pelo Banco Central (BC), já reflete o corte no preço dos combustíveis, o que aumenta as expectativas para a redução na Selic (taxa básica de juros).

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participou de uma série de reuniões ao longo do dia com parlamentares para encaminha a votação do novo regime fiscal ainda esta semana. O ministro se mostrou otimista. O texto deve ser aprovado entre amanhã e quarta.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em alta refletindo as falas do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre inflação, além dos treasuries (títulos do Tesouro norte-americano) que seguem pressionados, contribuindo para o movimento das DIs.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,315% de 13,285 % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 11,750 % de 11,660%, o DI para janeiro de 2026 ia a 11,300 %, de 11,280%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,345 % de 11,285 % na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, enquanto o presidente Joe Biden e o presidente da Câmara, Kevin McCarthy, se reúnem em meio a alertas de que um calote na dívida dos Estados Unidos está a menos de duas semanas de distância.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,42%, 33.286,58 pontos
Nasdaq 100: +0,50%, 12.720,8 pontos
S&P 500: +0,01%, 4.192,63 pontos

 

Com Dylan Della Pasqua e Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA