Bolsa fecha em queda com realização de lucros e liquidez menor; dólar cai

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São Paulo – Após as altas recentes, a Bolsa fechou em campo negativo em dia de realização de lucros, menor liquidez devido ao encerramento mais cedo do mercado de ações dos Estados Unidos e agenda fraca.

Os investidores avaliaram o plano estratégico da Petrobras para os próximos cinco anos e o veto do governo à prorrogação da desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia. As commodities metálicas caíram, com destaque para a Vale (VALE3), e Itaú (ITUB4), com peso relevante no índice. Na semana, o Ibovespa subiu 0,87%.

Mais cedo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse a medida de prorrogação da desoneração da folha de pagamento é inconstitucional e vai apresentar solução para corrigir as distorções.

As ações da Petrobras (PETR 3 e PETR4) fecharam mistas. Vale (VALE3) perdeu 0,84% e Itaú (ITUB4) recuou 0,55%. O destaque positivo ficou para o setor de turismo, como CVC (CVCB3) e as companhias aéreas. Magazine Luiza (MGLU3) liderou as perdas em 8,29%, mesmo em dia de Black Friday.

O principal índice da B3 caiu 0,83%, aos 125.517,27 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro perdeu 0,98%, aos 126.215 pontos. O giro financeiro foi de R$ 16,9 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.

Felipe Leão, especialista da Valor Investimentos, disse que a Bolsa tem um movimento de correção em dia de liquidez fraca com o mercado norte-americano fechando mais cedo.

“O índice realiza lucros e as ações da Vale, Itaú e Petrobras caem; apesar de perder os 126 mil pts, está positivo na semana e no mês; os investidores avaliam o plano de investimentos da Petrobras para os próximos cinco anos como menos ruim do que esperado. O mercado acredita que a empresa continuará atraente; a maioria das casas recomendam a compra do papel; em relação ao veto à prorrogação da desoneração da folha de pagamento é positivo em termos fiscais, mas pode atrapalhar a votação da pauta econômica no Congresso”.

Vinicius Steniski, analista de ações do TC, disse que “a Bolsa tem um dia mais negativo com menos volume devido ao mercado americano fechar mais cedo, o veto do presidente Lula ao projeto de que prorroga a desoneração da folha gera otimismo por conta do fiscal, mas a notícia de estimativa do aumento do déficit para este ano que saiu esta semana desanimou o mercado; a Vale cai mesmo com o bom desempenho do minério de ferro”

Bruna Sene, analista de investimentos da Nova Futura Investimentos, disse que em dia de agenda vazia e menor liquidez por conta dos EUA, a Bolsa realiza lucros.

“O Ibovespa vem de uma escalada forte com a influência do capital estrangeiro, estava devendo uma realização. Em relação ao veto à prorrogação da desoneração do pagamento da folha, o impacto é neutro ou levemente negativo pra bolsa. A medida tem um lado positivo do ponto de vista fiscal, porém há uma expectativa de que isso não tenha acabado por aí porque ainda pode ser derrubado na Câmara, também pode gerar alguns ruídos políticos e atrasar algumas pautas no Congresso”.

Um analista de uma grande gestora de investimentos disse que a virada das ações da Petrobras ajuda a amenizar a queda da Bolsa, mas commodities metálicas ainda pesam.

“O mercado gostou das falas do presidente da estatal que explicou sobre o plano estratégico, aparentemente a política de dividendos vai continuar e não teve surpresa naquilo que ele [Jean Paul Prates, presidente da Petrobras] se propõe a fazer, mas a bolsa não sobe porque a Vale e o setor de consumo ainda caem; a Cemig continua caindo forte com a incerteza da federalização. No mês a ação cai 8% em dois dias e no mês 10%; em relação ao veto do Lula sobre a prorrogação da desoneração da folha de pagamento, Haddad saiu vitorioso”.

Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos, disse que os investidores realizam lucros em um pregão com baixa liquidez.

“Hoje o volume está abaixo do normal com a emenda de feriado nos EUA, a curva de juros apontou um pouco para cima os vértices mais longos abrindo um pouco e pressionam nosso índice para o negativo, ajudando os investidores a tomarem a decisão de realizarem o lucro nesse final de mês positivo; em relação à Petrobras, a empresa deve aumentar significativamente os gastos nos próximos anos, principalmente em RTC ( refino, transporte e comercialização), o montante é 31% superior ao último plano, ainda que o investimento possa trazer melhoras operacionais no médio longo prazo; no curto prazo, a pressão das margens que o aumento de custos pode ocasionar faz com que os investidores prefiram realizar os lucros do ano e esperarem um pouco sobre o impacto das novas decisões”.

Em relação às falas de Haddad, Leite disse que veio dentro do esperado. “Haddad traz um tom um pouco mais conciliador entre as decisões do planalto versus embates com o congresso versus a expectativa do mercado. Claro que ocorrerá impacto na reoneração, porém todos sabem que é necessário para o reequilíbrio tanto da parte fiscal, como da parte competitiva de mercado entre alguns setores, pois não podemos ter essa discrepância entre alguns setores econômicos”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,17%, cotado a R$ 4,8978. A moeda refletiu uma sessão com baixa liquidez, ainda impactada pelo feriado de Ação de Graças, ontem, nos Estados Unidos. Na semana, a moeda teve desvalorização de 0,15%.

Segundo o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, classifica esta sexta como “um dia fraco e com poucos negócio, sem novidades no mercado”, e que os feriados, tanto aqui quanto nos Estados Unidos, marcaram a semana”.

Para o sócio da Top Gain Leonardo Santana, o movimento é de pequena correção do dólar, e a semana é positiva, com o mercado otimista quanto ao início do corte dos juros nos Estados Unidos, precificado para o primeiro semestre de 2024.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em leve queda – especialmente as taxas mais longas – corrigindo as altas dos últimos dias, em mais uma sessão de liquidez reduzida já que, devido ao feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos, o fechamento nos dos mercados norte-americanos é antecipado.

Por volta das 16h30 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 11,928% de 11,950% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,445% de 10,575%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,175%, de 10,330%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,340% de 10,455% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em queda, cotado a R$ 4,8976 para a venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, registrando uma sequência de quatro semanas de ganhos, apesar da semana mais curta devido ao feriado de Ação de Graças.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,33%, 35.390,15 pontos
Nasdaq 100: -0,11%, 14.250,9 pontos
S&P 500: +0,05%, 4.559,34 pontos

Confira abaixo a variação dos índices na semana:

Dow Jones: +1,27%
Nasdaq 100: +-0,87%
S&P 500: +1,00%

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA

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