Bolsa fecha em queda com realização de lucros e na semana cai 1,80%; dólar sobe

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São Paulo- A Bolsa encerrou os negócios em queda em véspera de feriado da Páscoa em um movimento de realização de lucros em que os investidores adotam uma posição mais defensiva para não correr riscos. Os investidores repercutiram os dados piores de seguro-desemprego nos Estados Unidos. A inflação global e a elevação de juros por parte de vários bancos centrais seguem preocupando os investidores. Na semana, o Ibovespa fechou em queda de 1,80% e hoje foi um pregão de baixa liquidez.
O principal índice da B3 caiu 0,51%, aos 116.181,61 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho perdeu 0,86%, aos 117.950 pontos. O giro financeiro foi de R$ 25,3 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em queda.
Victor Miranda, sócio da One Investimentos, afirmou que a sessão é mais fraca hoje e nos últimos pregões o mercado está com sentimento de realização de lucros, “pautado na escassez de fluxo estrangeiro, diferente da forte entrada no início do ano, que pode estar linkado com os lockdowns e dados econômicos piores na China; além dos índices de inflação global divulgados ao longo da semana surpreendendo negativamente em sua maioria, e a expectativa de aumento de juros aqui e lá fora”.
Dos 10 pregões do mês de abril até agora, seis foram negativos com fluxo de saída de estrangeiros e quatro positivos. Na terça-feira (12) saíram R$ 528,3 milhões de capital estrangeiro da B3.
Para Miranda, as incertezas fiscais têm o lado negativo, mas reforçou que “tivemos ruídos neste ano e a Bolsa performou bem”.
Em relação às ações da Vale que apresentam um desempenho ruim, o sócio da One Investimentos disse que “está atrelado ao cenário de preocupação com a China com a avanço de lockdowns gerando incerteza ao investidor”.
Matheus Spiess, analista da Empiricus, comentou o dia é ruim para as ações da Vale. “É uma performance descolada da realidade internacional porque o minério não está tendo um dia tão ruim, é uma realização local”. As ações da Vale (VALE3) perderam 1,40%.
Mais cedo o analista da Empiricus disse que o dia é de agenda fraca e véspera de feriado quando com investidores preferem, normalmente, a realização de lucros para não ficar sobre comprados, mas disse que o mercado “digere o reajuste de servidores e conseguimos ver isso nos juros futuros [sobem] e acabam impactando nas ações de tecnologia e papéis da economia doméstica “. A Bolsa deu uma corrigida em abril, após altas no início do ano. “Ela volta a encarar o aperto monetário local e riscos fiscais”.
Spiess afirmou que as vendas no varejo nos Estados Unidos vieram em linha e seguro-desemprego forte, mas esta semana foram divulgados os dados de inflação do país que ainda preocupam o investidor. “O Brasil fica refém do cenário nos Estados Unidos com inflação alta e o rendimento dos títulos do Tesouro voltando a subir”.
As vendas no varejo cresceram 0,5% em março na comparação mensal, enquanto mercado estimava alta de 0,6%- e os pedidos de seguro-desemprego subiram para 185 mil e os analistas previam 172 mil solicitações.
O dólar comercial fechou em R$ 4,6960, com alta de 0,17%. A moeda chegou a subir com mais ímpeto, refletindo as expectativas com a próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) e os ruídos fiscais domésticos, mas o fluxo estrangeiro voltou a segurar o real.
Segundo o analista da Ouro Preto Investimentos, Bruno Komura, “ainda é cedo para ver uma retirada de investimentos estrangeiros da bolsa, mas o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) endureceu o discurso e faz os investidores agirem com mais cautela”.
Komura acredita que a bolsa deve permanecer atrativa apenas se as commodities se mantiverem valorizadas: “Caso contrário, a parte fiscal e as eleições vão começar a ganhar força e acho plausível o dólar voltar para a casa dos R$ 5,00”, projeta.
De acordo com a economista e estrategista de câmbio do Banco Ourinvest, Cristiane Quartaroli, “os dados mais fortes do varejo nos Estados Unidos fizeram com que os treasuries e os juros subissem, fortalecendo o dólar”.
Quartaroli entende que o os ruídos fiscais ligam um alerta no mercado e piora a dívida brasileira: “Hoje estamos sofrendo mais que as outras moedas emergentes”, aponta.
Para o economista da Guide Investimentos, Victor Beyruti, “o discurso do Banco Central Europeu (BCE) foi menos hawkish (duro) do que o esperado, mas podemos ver a alta dos juros até o final deste ano”. Até ser encerrado, o programa de compras líquidas mensais (APP) será de 40 bilhões de euros (abril), 30 bilhões (maio) e 20 bilhões (junho).
Beyruti vê o real em linha com seus pares emergentes ligados às commodities, especialmente as agrícolas. O fiscal, porém, volta a incomodar e jogar contra a moeda brasileira: “Precisamos ver como o mercado irá receber o aumento aos servidores, que apenas neste ano irá custar R$ 5 bilhões”, observa.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta após a fala da presidente do Banco Central Europeu, Cristiane Lagarde, aumentando o tom quanto a inflação, e dados do varejo nos EUA.
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,105% de 13,065% % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,800%, de 12,700%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,155%, de 12,030% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,860% de 11,720%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam em queda, com a Nasdaq voltando a perder 2%, à medida que os investidores avaliam as pressões inflacionárias em meio aos resultados mistos dos balanços trimestrais de grandes bancos.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,33%, 34.451,23 pontos
Nasdaq 100: -2,14%, 13.351,1 pontos
S&P 500: -1,21%, 4.392,60 pontos