São Paulo – Após cinco pregões em alta, a Bolsa fechou no negativo e oscilou entre a mínima de 121.997,14 pontos e máxima de 122.849,07 pontos em um dia de realização de parte dos lucros em meio à ata do Comitê de Política Monetária (Copom) reforçando que a taxa básica de juros (Selic) ficará alta por um período mais longo e preocupações com os juros americanos.
Mais cedo, a diretora do Fed, Michelle Bowman, que tem direito a voto nas reuniões do Fomc, disse que não vê possibilidade de corte de juros este ano. Ela falou em um evento em Londres.
A Vale (ON, -0,41%) e as siderúrgicas foram impactadas pela fraqueza do minério de ferro. Itaú (PN, +0,30%).
O principal índice da B3 caiu 0,24%, aos 122.331,39 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho perdeu 0,31%, aos 123. 920 pontos. O giro financeiro foi de R$ 15,7 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam mistos.
Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse que o Ibovespa “foi na contramão dos pares internacionais e realizou parte dos ganhos acumulados nas cinco últimas sessões, pressionado pela sensação de que a taxa Selic não cairá mais, ficando no nível atual de 10,50% ao ano até que as incertezas fiscais internas e com os juros americanos se dissipem”.
Na visão de Virgilio Lage, especialista da Valor, a leve queda da Bolsa se deve “às incertezas em relação ao fiscal doméstico, ao controle da dívida pública, e isso faz com que os investidores estrangeiros busquem mais alternativas financeiras no exterior”.
Para Felipe Castro, sócio da Matriz Capital, a queda do Ibovespa no pregão de hoje é “puxada pelo recuo da Vale, em movimento contrário Itaú e Banco do Brasil, que têm relevância no índice, sobem”.
Mais cedo, Raony Rossetti, Ceo da Melver, disse que que a ata do Copom não trouxe novidades e declaração de membro do Fed faz preço na Bolsa.
“Não vi grandes diferenças na ata do Copom [em relação ao comunicado da semana passada], mas o fato de os participantes trazerem o mesmo discurso foi bem positivo para saúde e percepção do Banco Central (BC). Hoje o que chamou atenção foram as falas da Michelle Bowman [diretora do Fed]. Ela foi enfática ao dizer que não vê nenhum corte de juros em 2024 e jogou um balde de água gelada no mercado, que tinha expectativa de ter um corte em setembro e talvez outro em dezembro. Esse posicionamento do Fed fez com que o Galípolo precisasse se manifestar. Ele disse que para a decisão [de juros] aqui, a gente tem que olhar para taxa de juros lá fora, a questão cambial. Se lá não vai cair, aqui tende a ficar estável ou até subir”.
Rossetti comentou que a operação da privatização da Sabesp fica no radar.
“É a quinta maior oferta de ações do mundo nos últimos meses. O interessante não é só pelo volume financeiro que vai trazer R$ 16 bi para o estado de São Paulo, mas isso vai trazer vários investidores profissionais, fundos estratégicos para o setor de saneamento. Do montante que vai ser vendido, 15% vão para um investidor estratégico, o que pode trazer uma gestão muito boa para empresa e pode beneficiar a população de São Paulo”. As ações da empresa caíram 0,41%.
O dólar comercial fechou em alta de 1,17%, cotado a R$ 5,4548. A moeda refletiu, ao longo da sessão, a aversão global ao risco que tomou conta desta terça-feira.
De acordo com o analista da Potenza Capital Bruno Komura,”vemos uma fraqueza em relação ao petróleo, à China, mas nada muito diferente do mercado lá fora”.
Além do fiscal doméstico e as dúvidas sobre a política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Komura faz um adendo: “Grandes players estão apostando num dólar a R$ 5,45, R$ 5,50”.
Para a economista do Ouribank Cristiane Quartaroli, o fator hoje é externo, com a ausência notícias domésticas: “A ata (da última reunião do Copom) veio em linha com o esperado, com o Banco Central sendo categórico ao falar que a condução da política monetária está ligada à inflação”.
Quartaroli disse, também, que as falas de diretor de política monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, nesta manhã, em nada impactaram tanto ops juros quanto o câmbio, já que “foram moderadas e em linha com o tom da ata”.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em alta com mercado atento à questão fiscal. Os DI abriram o dia em leve queda, reagindo à ata do Copom, confirmando o comunicado e a postura de cautela do Banco Central (BC) .
Por volta das 16h30 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,565%, de 10,545% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,120% de 11,105%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,505%, de 11,470%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,790 % de 11,730% na mesma comparação.
Em relação ao exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, enquanto a fabricante de chips Nvidia se recuperou de uma queda de três dias para subir quase 7% no pregão.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,76%, 39.112,16 pontos
Nasdaq 100: +1,26%, 17.717,65 pontos
S&P 500: +0,39%, 5.469,30 pontos
Com Paulo Holland, e Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News