São Paulo -A Bolsa fechou em leve queda, não conseguir se sustentar na faixa dos 130 mil pontos, em dia de agenda fraca e com os riscos fiscais dominando as preocupações do mercado.
As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) caíram 0,47% e 0,38%, apesar da alta do petróleo. Vale (VALE3) subiu 0,13%. Suzano (SUZB3) avançou 2,32%.
Mais cedo, a Receita Federal divulgou a arrecadação de setembro, que bateu recorde, com crescimento real de 11,61% atingindo R$ 203,1 bilhões. No acumulado do ano, resultado somou R$ 1,934 trilhão, aumento real de 9,68% ante igual período do ano passado.
Segundo Felipe Castro, planejador financeiro e sócio da Matriz Capital, as ações da Suzano subiam” refletindo as recomendações do Santander e do JP Morgan para compra, com revisão de projeções no câmbio e no preço da celulose. Isso pode repercutir nos resultados esperados para a empresa”.
O principal índice da B3 caiu 0,31%, aos 129.951,37 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro perdeu 0,27%, aos 131.885 pontos. O giro financeiro foi de R$ 18,1 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam mistos.
Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, disse que o Ibovespa opera desde a abertura em queda e deve encerrar no negativo.
A agenda de hoje está esvaziada aqui e lá fora; a Bolsa opera abaixo dos 131 mil pontos com o mercado atento ao fiscal. As ações do Itaú, Suzano e JBS sobem. Nem mesmo o petróleo em alta ajudou as empresas petroleiras”.
Diego Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que a Bolsa tem correção pra baixo e a questão fiscal traz desconforto.
“O Ibovespa está precificando tardiamente o que os DIs e o dólar tinham feito em relação ao cenário fiscal. A curva de juros [futuros] foi pra 12,8%, 12,9%. Novas pautas-bomba no Congresso e no STF podem dificultar a situação do governo com o fiscal. Hoje, o Ibovespa tem uma correção dado o cenário ruim. Apesar de recorde, a arrecadação federal [de setembro, divulgada mais cedo] veio em linha com o que o mercado esperava”.
Faust enxerga balanços positivos do 3T24. “Vale deve ter bons números [resultado sai na quinta-feira (23), acima das expectativas, e o dólar também ajuda por ser exportadora”.
O mercado espera pelo IPCA-15, na quinta (24). “É importante para o mercado fazer uma leitura do que o BC vai fazer, subir 0,25 ponto porcentual (pp) ou 0,50 pp [na reunião de 6 e 5 de novembro]”.
No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em alta de 0,07%, cotado a R$ 5,6968. A moeda refletiu, ao longo dia, certo clima de cautela global.
O head de Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, o real está performando pior do que os pares emergentes, mesmo com a valorização das commodities.
Weigt, contudo, acredita que os indicadores econômicos que serão divulgados ao longo da semana podem ditar um ritmo mais definido para a moeda.
Para a economista-chefe do Ouribank Cristiane Quartaroli, a sensação de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) deve diminuir o ritmo no corte dos juros no mercado tem incomodado o mercado e provocado uma onda de aversão ao risco.
Da mesma forma que o dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em alta. A sessão refletiu as dúvidas sobre as questões fiscais domésticas e o dólar pressionado.
Por volta das 16h45 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 11,208% de 11,202% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 12,695%, de 12,665%, o DI para janeiro de 2027 ia a 12,860%, de 12,835%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 12,875% de 12,870% na mesma comparação.
No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão com poucas alterações, enquanto os investidores lidavam com preocupações sobre o aumento das taxas de juros e avaliavam os últimos relatórios de lucros corporativos desta semana.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,02%, 42.924,89 pontos
Nasdaq 100: +0,18%, 18.573,0 pontos
S&P 500: +0,01%, 5.851,20 pontos
Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência Safras News