Bolsa fecha em queda com tombo da Vale e juros nos EUA, apesar da alta de Petrobras; dólar cai

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São Paulo -A Bolsa fechou em queda sustentada pelo tombo da Vale (VALE3), ação de maior peso na composição do índice, e com a chance dos juros americanos permaneceram nesses patamares-entre 5,25% e 5,5%- por mais tempo.

A Petrobras (PETR3 e PETR4) teve mais um pregão de respiro com a avaliação positiva das falas da nova presidente da empresa ontem e a prévia da inflação também chegou a ajudar na sessão de hoje, mas não foi o suficiente para manter o Ibovespa no positivo.

Mais cedo, foi divulgado o IPCA-15 subiu 0,44% ante previsão de alta de 0,50%. Em 12 meses até maio, a alta é de 3,70% contra expectativa de +3,75%. As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) subiram 1,75% e 2,13%. Vale (VALE3) caiu 2,15%.

O principal índice da B3 caiu 0,57%, aos 123.779,54 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho baixou 0,70%, aos 124.120 pontos. No interdiário, oscilou entre a mínima de 123.537,03 pontos e a máxima de 125.392,39 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21,3 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.

Rodrigo Moliterno head de renda variável da Veedha Investimentos, a Bolsa caminha para fechar um dia bem negativo por conta da Vale.

“O Ibovespa está nas mínimas do dia puxado pela Vale com a queda do minério e o mercado ainda botando em dúvida o novo plano da China de recuperação do setor imobiliário; a mineradora e a CSN Mineração são impactadas. O que também tem batido no mercado hoje é a volta do feriado dos Estados Unidos, justamente a questão dos juros americanos. Pela manhã, quando o mercado abriu, a gente teve notícia positiva do nosso IPCA-15 saindo abaixo das expectativas e isso chegou a fazer com que o índice atingisse níveis de 126 mil pontos, uma alta considerável. Porém, ao longo do dia, teve um leilão de títulos americanos em que a demanda foi fraca, ou seja, o mercado quer mais taxa, Fed boys falando que os juros devem permanecer por esses níveis [altos por mais tempo], um deles até comentou que se for necessário um aumento poderia ocorrer. O nosso mercado aqui está refletindo esse mau humor externo em relação aos juros. Na contramão vem a Petrobras. De certa forma, o mercado gostou de ter visto a posição da Magna [Magda Chambriard, presidente da Petrobras] ontem de como vai tocar a empresa. Deixou claro que vai sim seguir algumas vontades do governo”.

Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, disse a Bolsa não tem força, se não fosse a Petrobras estaria pior.

“Parece que a Bolsa está largada, houve uma reprecificação das expectativas, uma desancoragem dela e afeta porque já estava abandonada. Hoje j não tem vigor, não vejo melhora no curto prazo. No doméstico tem pouco gatilho, lá fora os dados são bem retrovisor-revisão de PIB, PCE de abril-. apesar de a dinâmica ser menos ruim que na semana passada não tem gatilho, até que haja virada das expectativas vai ficar engasgando entre leve alta e leve queda. Hoje a Petrobras ajuda, apesar da queda de Vale”.

Spiess disse que a Petrobras avança com as falas da nova presidente da companhia, Magda Chambriard, e alta do petróleo.

“A reação da coletiva foi positiva, não foi tão ruim, mas ela está longe de ideal, tem coisas estranhas, vários fatores que lembram Lula 2 e Dilma 1, mas o mercado até gosta. Tem a Margem Equatorial [defende a exploração], vai respeitar mercado pra preço [política de preços dos combustíveis] e para dividendos. a reação é boa, positiva, petróleo voltou a subir por vários fatores-tensões no Oriente Médio, início da temporada de verão nos EUA e tem maior demanda de combustível e expectativa para a reunião do Fed em junho”.

Em relação ao IPCA-15 disse que o resultado foi bom foi dado, também mencionou a última reunião do Copom em que foi contratada uma briga que não existia.

“Se a decisão tivesse sido unânime, a gente teria um mercado mais tranquilo. Acho que na próxima reunião do Copom [18 e 19 de junho] nem vai ter corte, se houver só mais um. Ele [o BC] se colocou numa situação na qual ele não consegue cortar [juros], ele reforçou a desancoragem das expectativas”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,32%, cotado a R$ 5,1549. A moeda refletiu, ao longo da sessão, a alta das commodities, fazendo com que a alta das Treasuries não tivesse força para enfraquecer o real.

Para o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, “o leilão de Treasuries foi muito negativo, não teve a demanda espera pelo Tesouro”.

“Os emergentes estão performando bem, talvez as commodities expliquem isso, mas de maneira geral o mercado está com baixo apetite ao risco”, avalia Borsoi.

“Foram oferecidos US$ 69 bilhões em T-Notes de 2 anos e às 14h houve outro leilão, de US$ 74 bilhões em T-Notes de 5 anos. Ambos saíram com taxas mais elevadas e demanda abaixo da média”, explica o head de Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt.

Weigt observa que a Confiança do Consumidor, medida pela Conference Board, que foi de 102 mil pontos (acima das projeções de 96 mil) favoreceu a divisa estadunidense.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) abriram em queda, repercutindo dados parciais de inflação abaixo das expectativas do mercado. O resultado do Governo Federal, no entanto, decepcionou os investidores, que esperavam um superávit maior, desacelerando queda dos DI.

Por volta das 16h45 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,370%, de 10,375% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 10,680% de 10,720%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,010%, de 11,035%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,310% de 11,320 na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar comercial operava em queda, cotado a R$ 5,1608 para a venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão mistos, à medida que a preocupação com o aumento dos juros afetou o sentimento dos investidores no início da semana e fez o Dow Jones cair. Em contrapartida, o Nasdaq atingiu pela primeira vez a casa dos 17 mil pontos.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,55%, 38.852,56 pontos
Nasdaq 100: +0,59%, 17.019,88 pontos
S&P 500: +0,02%, 5.306,04 pontos

 

Com Paulo Holland, e Camila Brunelli e

Darlan de Azevedo / Agência Safras News