São Paulo- A Bolsa fechou em leve queda em mais um dia de volatilidade, mas conseguiu sustentar os 117 mil pontos com a desvalorização das ações dos bancos, Vale (VALE3) e do ciclo doméstico. Nem mesmo o avanço forte da Petrobras (PETR3 e PETR4) empolgou o Ibovespa e o exterior ficou no radar dos investidores com a preocupação em relação à economia chinesa.
Na sessão de hoje, a Petrobras (PETR3 e PETR4) seguiu a cotação do barril de petróleo Brent que subiu com a notícia que a Arábia Saudita vai prorrogar o corte da produção da commodity até o fim do ano.
A ação ordinária da Petrobras (PETR3) avançou 4,60% e preferencial (PETR4) aumentou 3,34%. As petroleiras Petrorio (PRIO3) e 3RPetrolium (RRRP3) também registraram alta de 1,88% e 1,12%.
A Vale (VALE3) baixou 0,43%. Magazine Luiza perdeu 3,23%. Os papéis da Via (VIIA3) cedeu 7,14%. O setor bancário caiu em bloco, Itaú (ITUB4) retraiu 1,49%.
O principal índice da B3 baixou 0,37%, aos 117.331,30 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro caiu 0,63%, aos 118.675 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21,7 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.
Para Rodrigo Cohen, analista de Investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, o Ibovespa segue o exterior. “As altas de petróleo e minério deveriam fazer nossa bolsa subir, já que contribuem para a valorização de papéis de peso no nosso índice, mas no momento a bolsa cai seguindo Nova York e isso acontece porque o avanço do petróleo pode trazer mais inflação para os Estados Unidos e faz com que os juros possam continuar subindo, o que deixa os investidores muito apreensivos”.
Cohen acrescentou que Petrobras e Petrorio subiam seguindo a alta do petróleo e, ponta negativa, se destacam ações do varejo como VIA e Magalu, que caem com a alta dos juros futuros e cenário instável do mercado. “No caso de VIA, pesa também nas ações o anúncio de uma oferta de ações que deve levantar quase R$ 1 bilhão, o que irá diluir o preço dos papéis, o que faz com que muitos investidores saiam das posições. As aéreas como Azul e Gol caem também refletindo a alta do petróleo lá fora”.
Outro fator que pesa aqui, segundo Cohen, é agenda econômica e política, além de reforma ministerial trazendo instabilidades.
Arlindo Souza, analista de ações da casa de análises do TC, disse que o Ibovespa deve fechar “flats [de lado] em relação ao fechamento de ontem, muito puxado pelos papéis da economia interna com incremento na curva do DI futuro, bancos também; na ponta positiva, a Petrobras segura a Bolsa”.
Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, disse que o Ibovespa acompanha o exterior, mas devido ao feriado aqui na quinta-feira (7), vai ser uma semana de lado. “O Ibovespa só vai subir se tiver um drive muito forte empurrando as bolsas lá fora, a produção industrial que saiu hoje aqui -recuou 0,6% em julho-vai provocar uma série de revisões negativas; a grande notícia do dia são os cortes na produção do petróleo e tem reflexo positivo nas petroleiras que devem sustentar os preços dos combustíveis mais altos, mas dificulta a dinâmica de juros”.
Marcelo Boragini, especialista em renda variável da Davos Investimentos, disse que a Bolsa opera em queda acompanhando as bolsas internacionais. “O mau humor é impulsionado pelo temor com relação à economia chinesa e pesam um pouco as incertezas fiscais, destaque para os papéis do setor petrolífero após anúncio de que Arabia Saudita e Rússia vão estender o corte de produção de petróleo até dezembro; Petrobras e Petrorio sobem acompanhando a malta do petróleo, na ponta negativa estão os ativos ligados à economia doméstica por conta de um cenário ainda desafiador-magazine Luiza, Via e Iguatemi.”
O especialista em renda variável da Davos Investimentos ressaltou a Via (VIIA3) protocolou pedido de oferta pública de distribuição primária de ações [a estimativa é de que sejam distribuídas 778.649.283 ações, no valor de R$ 981 milhões]. “Esse não seria o motivo de queda da Via, mas sim por um cenário desafiador pro Brasil”.
O dólar comercial fechou em alta de 0,83%, cotado a R$ 4,9758. A sessão de hoje foi marcada pelos resultados decepcionantes de China e Europa, o que gerou um movimento de risk off global e valorizou a divisa estadunidense.
O economista-chefe do banco Bmg, Flávio Serrano, avaliou que os dados da China de hoje afetam diretamente os mercados globais: “China com atividade mais fraca e preços de commodities menos pressionados geram pressão de queda em moedas como dólar australiano ou real brasileiro”, explicou.
Para o analista da Potenza Investimentos Bruno Komura, China e Europa frustraram bastante os mercados e fazem com que o movimento de valorização do dólar seja global.
O índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) de Serviços da China, em agosto, foi de 51,8 pontos (projeção de 53,5), enquanto na Europa o indicador, no mesmo período, foi a 47,9 pontos ante estimativas de 48,3.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em alta, após a Arábia Saudita e a Rússia prorrogarem a paralisação de suas produções de petróleo até o final deste ano. O esperado era que os países estendessem os cortes voluntários até outubro, a extensão de três meses foi inesperada.
O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,390% de 12,385 % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,630% de 10,600%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,300%, de 10,220%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,505% de 10,390% na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em queda, iniciando o primeiro dia de negociação da semana pós-feriado, refletindo os temores com a inflação devido a um aumento nos preços do petróleo.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,56%, 34.641,97 pontos
Nasdaq 100: -0,08%, 14.021,0 pontos
S&P 500: -0,41%, 4.496,83 pontos
Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA