Bolsa fecha em queda com Vale e inflação nos EUA; dólar encerra a R$4,98

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São Paulo -A Bolsa fechou em queda empurrada pelas commodities metálicas, principalmente Vale (VALE3), com forte peso no índice, e Petrobras (PETR4).

Somado a isso, a força da economia norte-americana deixa os investidores cautelosos a menos de uma semana para a decisão de política monetária nos Estados Unidos.

Mais cedo, nos Estados Unidos, saiu o índice de preços ao produtor (PPI, sigla em inglês) de fevereiro, acima do esperado- cresceu 0,6% contra projeção de +0,3% em fevereiro.

A Vale (VALE3) caiu 1,27%. Petrobras (PETR4) baixou 0,43%. A Embraer (EMBR3) liderou a alta do índice de 10,27% e a CSN (CSNA3) a baixa de 3,74%.

O principal índice da B3 caiu 0,24%, aos 127.689,97 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril recuou 0,40%, aos 128.830 pontos. O giro financeiro foi de R$ 23,9 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em queda.

Ubirajara Silva, analista independente de renda variável, disse que a sessão de hoje está bem volátil aqui e o motivo é o exterior.

“O maior destaque são as commodities metálicas-setor de siderurgia e mineração-, que estão sofrendo mais um dia com preocupação em relação à China. O petróleo subindo pela quinta semana e pode ser uma pressão inflacionária para os mercados. A Petrobras está bem volátil, e enquanto continuar essas incertezas em relação aos dividendos, interferência na gestão da companhia o ativo deve ficar assim. Bancos no zero a zero, só Bradesco sobe. Aqui, as vendas no varejo, divulgadas mais cedo, vieram mais forte-cresceram 2,5% em janeiro e previsão era de +0,10- e isso faz com que a curva de juros abra e pressione os outros ativos. Além disso, o Copom pode cortar menos juros como o mercado estava antecipando e acaba pressionando a bolsa. A Embraer sobe porque um banco de investimento elevou o preço-alvo da ação”.

Mais cedo, um analista de um grande banco de investimentos disse que a Bolsa cai com Vale e Petrobras e a inflação ao produtor nos Estados Unidos.

“Este ano, a Vale já desvalorizou 18% e no mês 5,70%. Petro já caiu 2,5 % no ano e 9,60% este mês. O investidor estrangeiro fica assustado com as incertezas em relação à estatal. Com a inflação resiliente, as chances diminuíram para 61%, de 65%, as chances de corte de juros nos Estados Unidos em junho, mas tem uma minoria que não acredita nisso. O Powell [Jerome Powell, presidente do Fed] na reunião da semana que vem [19 e 20] pode deixar uma dúvida sobre o corte de juros, não vai ser categórico.

Thiago Pedroso, responsável pela área de renda variável da Criteria, disse que o Ibovespa está oscilando entre positivo e negativo.

“O que está trazendo mais impacto é o PPI americano, o dado veio com dobro da expectativa do mercado e mostrou que a inflação está resiliente. Ontem o CPI [índice de preços ao consumidor] também ficou acima do esperado e o mercado precisa ajustar nos preços qual a perspectiva de queda de juros ao longo desse ano. A expectativa do mercado é corte [dos juros] em junho e no ano seriam três, mas existe a chance de a inflação continuar resiliente e o mercado projetar apenas dois cortes. Se isso se concretizar, pode trazer volatilidade ano mercado”.

Por aqui, segundo Pedroso, a boa performance da Petrobras, utilities frigoríficos e Embraer ajudam o índice.

“Hoje saiu uma notícia que a Petrobras pode rever e pagar os dividendos extraordinários ou até parte dele até outubro; setor financeiro positivo e setor de utilities-Eletrobras [soltou] bom resultado e ajuda o índice, mas principalmente a Embraer-o Morgan Stanley deu recomendação de compra [para a empresa], elevou o preço-alvo da recomendação de US$ 19,5 para US$ 40. E os frigoríficos estão tendo uma temporada de resultados positivo. Já a Vale continua sofrendo, negociando em patamares de setembro e outubro do ano passado”.

O responsável pela área de renda variável da Criteria disse que a bolsa negocia em patamares descontados, mas o fluxo não é suficiente para fazer o índice subir. A fuga do investidor estrangeiro é notória e “o brasileiro ainda não veio pra bolsa devido a juros altos e [por causa de] muitas alternativas lá fora”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,22%, cotado a R$ 4,9872. A moeda refletiu, ao longo da sessão, o temor de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) não comece o corte dos juros na reunião de junho.

De acordo com o head de tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, o índice de preços ao produtor, que teve alta, em fevereiro, de 0,6% ante expectativas de 0,3%, fez com que as apostas para início cortes caíssem a 65% de chance – na última segunda (11) eram de 86%.

Isso, observa Weigt, faz com que as treasuries subam, além de fazer com que a divisa estadunidense ganhe força perante as moedas emergentes e desenvolvidas.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em alta. O mercado anda estressado por conta dos ruídos na Petrobras e as incertezas que cercam as próximas decisões da estatal. Os DI também acompanham exterior.

O DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 9,905%, de 9,860% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 9,785% de 9,695%, o DI para janeiro de 2027 ia a 10,025%, de 9,910%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 10,325% de 10,205% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo negativo, após a divulgação do índice de inflação no atacado mostrar um dado acima das previsões. A leitura serviu como uma das últimas peças de dados que poderiam influenciar o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) em sua reunião de política monetária na próxima semana.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,35%, 38.905,66 pontos
Nasdaq 100: -0,30%, 16.128,5 pontos
S&P 500: -0,28%, 5.150,48 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA