Bolsa fecha em queda com Vale em meio à alta das varejistas em sessão parada, dólar cai 1,40%

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São Paulo – A Bolsa fechou em queda pressionada pelas ações da Vale (VALE3) em um pregão marcado por calmaria em dia de ausência de indicadores relevantes.

O Indice operou toda a sessão perto da estabilidade e não conseguiu se manter no patamar dos 123 mil pontos. As varejistas subiram e os bancos tiveram desempenho misto.

O destaque positivo ficou para CVC (CVCB3), que subiu %. Entre as varejistas, Magazine Luiza (MGLU3) avançou 3,40%. Os bancos tiveram movimentos mistos. O Banco do Brasil (BBAS3) e BTGPactual (BPAC11) registraram ganho de 1,83 e 1,61%, enquanto Bradesco (BBDC3 e BBDC4) recuava 1,11% e 1,37%.

A Vale (VALE3) caiu 2,51% refletindo a possibilidade dos EUA sobretaxar a China. Ambev (ABVE3) perdeu 2,04%. Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11) baixaram 1,60% e 1,80%.

O principal índice da B3 caiu 0,29%, aos 122.971,77 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro recuou 0,33%, aos 124.705 pontos. O giro financeiro foi de R$ 19,1 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam no positivo.

Anderson Miranda, head de distribuição da W1 Capital, disse que “o Ibovespa tem uma levíssima queda, está quase no zero a zero. A Vale, uma das maiores posições da B3, pesa um pouco por conta do minério de ferro na China”.

Alison Correia, analista de investimentos e sócio-fundador da Top Gain e da Dom Investimentos, disse que o Ibovespa opera de lado.

“O índice está trabalhando perto do zero a zero; esse movimento foi visto durante o dia todo devido à falta de dados econômicos, tanto aqui como lá fora. Os papéis de bancos, como Banco do Brasil e BTG Pactual, sobem. O varejo está subindo bastante, como Magazine Luiza, além das empresas de aviação. Na ponta negativa, temos Bradesco, Ambev e Vale. Suzano e Klabin sofrem por conta da forte queda do dólar. No momento, temos mais calma em relação ao Trump, o que faz os mercados também terem mais tranquilidade”.

Correia ressaltou que “o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem sinalizado que vai tarifar a China em 10%, talvez isso comece em fevereiro, o que tem atingido as commodities. Imagina-se que o minério tende a pesar por conta desse fator, e isso já está impactando a Vale”.

Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que a bolsa está laterizada em um dia sem nenhuma notícia para impulsionar o índice e fica de olho no exterior.

“A percepção é que o mercado em geral não sabe o que vai acontecer [se referindo ao novo mandato do Trump], não tem nenhum drive. Por enquanto não teve nenhuma medida por parte do Trump contra o Brasil em termos tarifários. Se especula uma tributação de 5% [para produtos exportados para os EUA], mas não acredito que o Brasil seja o foco dos deles porque a gente exporta mais matéria-prima, e com esse objetivo de fomentar a indústria, vão depender disso. Vão buscar tributar mais bens acabados que têm valor agregado. O positivo no curto prazo é que o dólar acalmou, e se os DIs cederem mais pode beneficiar a Bolsa. Mas o fiscal vai voltar para a pauta em algum momento”.

Lourenço ressaltou que “o Ibovespa tem subido devagarzinho à espera por um trigger. Temos de acompanhar a trajetória do dólar, a queda reduz a pressão inflacionária”.

No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em queda de 1,40%, cotado a R$ 5,9465. A moeda refletiu, ao longo do dia, certa animação de que a gestão de Donald Trump não irá praticar uma política comercial menos agressiva do que se imaginava inicialmente.

Segundo o analista da Potenza Capital Bruno Komura, o movimento global é de apetite ao risco, já que Donald Trump mostra que está aberto para negociação: “O dólar pode cair mais no curto prazo”, opina.

Para o especialista da Valor Investimentos Gustavo Trota, o movimento desta quarta é totalmente ligado ao exterior, que aguarda por sinais mais claros de como Trump irá conduzir sua política de tributação nas importações.

Da mesma forma que o dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em queda após intervenção do Banco Central (BC) no mercado cambial, que fez o dólar cair mais de 1%.

Por volta das 17h (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,925 de 14,925% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 15,170%, de 15,925%, o DI para janeiro de 2028 ia a 15,075%, de 15,090%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 15,010% de 15,020% na mesma comparação.

No exterior, os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam o pregão em alta, com o S&P 500 atingindo um novo recorde histórico, impulsionado pelo desempenho de ações de tecnologia, como Oracle e Nvidia, e pelo início do segundo mandato do presidente Donald Trump.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,30%, 44.156,73 pontos
Nasdaq 100: +1,28%, 20.009,3 pontos
S&P 500: +0,61%, 6.086,37 pontos

 

Paulo Hoalland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo