Bolsa fecha em queda de 0,78% com foco na Rússia e Ucrânia; dólar cai e encerra na casa dos R$ 5,00

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São Paulo- A Bolsa encerrou em baixa de 0,78% e ligeiramente acima dos 112 mil pontos com o mercado atento à tensão no leste europeu com Estados Unidos afirmando que a Ucrânia pode ser invadida nas próximas 48 horas e com uma prévia da inflação mais acelerada. Todo esse cenário mais negativo em meio à persistente entrada de fluxo de estrangeiros.
As empresas ligadas à siderurgia caíram, após o balanço da Gerdau não ter agradado o mercado. Usiminas (USIM5), Gerdau (GGBR4) e CSN (CSNA3) baixaram 3,12%, 3,34% e 4,85%. Vale (VALE) também sofreu no pregão de hoje, perdeu 1,05%.
Os investidores ficam na expectativa da divulgação do balanço da Petrobras, após o fechamento. Petrobras PN (PETR4) subiu 1,42%. Na contramão, a 3R Petrolium (RRRP3) foi um dos destaques de queda de mais 12% refletindo o resultado do quarto trimestre de 2021.
O principal índice da B3 caiu 0,78%, aos 112.007,61 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril perdeu 1,45%, aos 113.125 pontos. O volume financeiro foi de R$ 29,8 bilhões. Nos Estados Unidos, as bolsas fecharam em forte queda.
Natalia Monaco, estrategista da Veedha Investimentos, comentou que a Bolsa está nesse movimento de queda porque “as tensões geopolíticas entre Rússia e Ucrânia estão fazendo mais preço agora à tarde” com a possibilidade de invasão na Ucrânia estar mais próxima a acontecer.
A estrategista da Veedha Investimentos comentou que a queda na Bolsa não é linear com algumas empresas subindo e em meio à temporada de balanços e o fluxo estrangeiro fazendo a diferença.
Natalia também comentou que o resultado do Indice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de fevereiro mais forte também azedou o humor do investidor ainda na primeira parte da sessão. O IPCA-15 subiu 0,99% na comparação mensal enquanto o mercado esperava, +0,87% e acumula 10,76% em 12 meses.
Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos, disse que os investidores estão cautelosos em relação aos projetos de lei relacionados aos combustíveis. “Acredito que possa ser benéfico para a população em geral se forem dados incentivos para o diesel, já que é o principal combustível utilizado pelo transporte e afeta a cadeia de abastecimentos; mas em relação às isenções para preço da gasolina, é mais uma medida populista”.
Leite disse que o mercado também está cauteloso à espera resultados dos balanços da Vale e Petrobras “antes de fazer qualquer movimentação. Ele espera que a Petrobras possa superar mais ou menos 15% o lucro líquido no 4T21. “Podemos ter um guidance muito bom para o próximo período e pode fazer com que as ações da estatal abram amanhã no positivo, chegando a R$ 36 a R$ 36,40 [PETR4]”.
Uma fonte do mercado financeiro disse que além da expectativa do balanço da Petrobras, o capital estrangeiro também continua favorecendo os negócios por aqui. “O fluxo segue dando o tom do mercado”. Na última sexta-feira (18) entraram R$ 955,329 milhões na B3.
O dólar comercial fechou em queda de 0,95%, cotado a R$ 5,0030. Pressionada pelo intenso fluxo estrangeiro e alta das commodities, a moeda chegou a ultrapassar, em alguns momentos da sessão, a barreira dos R$ 5,00.
Segundo a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “mesmo com os desafios no cenário internacional, estamos prestes a ficar abaixo dos R$ 5,00. O pano de fundo doméstico ainda é o mesmo, mas o fluxo aumentou muito desde o começo do ano. No começo do ano, esta situação era inimaginável”.
Abdelmalack acredita que o Brasil está se beneficiando com o conflito geopolítico: “Acabamos atraindo capital que eventualmente iria para a Rússia, ou até mesmo para a China, que está regulamentando as empresas de tecnologia. Apenas em janeiro, entraram mais de US$ 4 bilhões em investimentos diretos”, explica.
De acordo com o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, “o fluxo vai continuar intenso enquanto os juros nos Estados Unidos não subirem e a Selic (taxa básica de juros) seguir alta”.
Rosa acredita que o ambiente nesta quarta é mais propenso ao risco: “A expectativa é que o (presidente da Rússia, Vladimir) Putin não force uma guerra, ao menos por enquanto. As sanções impostas pelos Estados Unidos também foram brandas”, avalia.
Mesmo sem saber até onde o real pode chegar, Rosa é enfático: “Pelos fundamentos técnicos, o real valeria algo em torno de R$ 4,50, mas existe um processo de desconfiança com a política fiscal, além de ser um ano eleitoral”, contextualiza.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) operam em queda, apesar de IPCA-15 acima das expectativas.
o DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 12,360% de 12,325% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 11,840%, de 11,975%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,265%, de 11,400% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,170% de 11,260%, na mesma comparação. Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em queda, com o S&P 500 caindo pelo quarto pregão consecutivo e o Dow Jones recuando para o menor nível em 2022, em meio ao aumento da crise entre a Rússia e a Ucrânia. Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:
Dow Jones: -1,38%, 33.131,76 pontos
Nasdaq 100: -2,57%, 13.037,5 pontos
S&P 500: -1,84%, 4.225,50 pontos