Bolsa fecha em queda de 1,59% em dia de aversão ao risco com alta dos treasuries e de olho na guerra; dólar sobe

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São Paulo- A Bolsa fechou em queda em um dia de forte aversão ao risco global, chegou a tocar o patamar dos 113 mil pontos, com a valorização dos títulos do Tesouro norte-americanos, petróleo em alta em meio ao conflito no Oriente Médio com o temor de envolvimento de outros países.

O rendimento dos treasuries de 10 anos subiu para 4,9%. O petróleo tipo Brent ficou no patamar dos US$ 90 o barril.

Na sessão de hoje poucas ações subiram. O destaque ficou para a Petrobras (PETR3 e PETR4), que avançou 2,33% e 2,25%. Em seguida, Magazine Luiza (MGLU3) registrou alta de 2,36% e destoou das demais ações cíclicas.

Além do fator correção, Magazine Luiza teve uma adesão da companhia ao programa chamado “Remessa Conforme”, podendo aumentar a sua operação de marketplace internacional e dar algum diferencial competitivo sobre as outras varejistas”, disse Lucas Almeida, especialista em mercado de capitais e sócio da AVG Capital.

A Vale (VALE3) tombou 3,66%. O destaque negativo ficou para os papéis da MRV (MRVE3), que caiu 10,07%, após a divulgação da prévia operacional. As aéreas também tiveram um dia negativo. As aéreas também caíram refletindo a alta do dólar e do petróleo no mercado internacional. Gol (GOLL4) caiu 7,17%.

O principal índice da B3 caiu 1,59%, aos 114.059,64 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro perdeu 1,13%, aos 114.420 pontos. Na mínima do dia, o índice atingiu 113.952,22 pontos. O giro financeiro foi de R$ 29,5 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em baixa.

Bruna Sene, analista de investimentos da Nova Futura Investimentos, disse que o momento é de aversão ao risco com guerra, alta do petróleo e avanço dos títulos do Tesouro norte-americano.

Não tem um gatilho para um ambiente mais positivo, os treasuries de 10 anos têm mais um dia de alta e eles são o principal ponto para o mercado; o Livro Bege até sugeriu um cenário de fim de ciclo de juros nos EUA, o que seria bom para a Bolsa, mas não foi; hoje também é dia de vencimento de opções sobre o Ibovespa e pode mexer com posições táticas, inclusive da Vale é a ação de maior peso do índice.

Bruna ressaltou que o índice à vista já perdeu os 115.500 pontos. Se perder o patamar dos 114 mil pode voltar à faixa dos 112 mil facilmente. Em relação às ações da Vale, a analista de investimentos da Nova Futura Investimentos disse que o relatório da mineradora veio dentro do esperado, mas a economia chinesa ainda preocupa.

Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos, disse que o mercado está cauteloso diante do cenário global.

Estamos com um ambiente delicado econômico em que não se sabe se o Fed vai manter os juros altos por mais tempo, se vai ter aperto monetário, os estoques de petróleo mostram nos Estados Unidos estão gastando mais- caíram em 4,5 milhões de barris ou 1,1% na semana encerrada em 13 de outubro-, temor de que o Irã entre na guerra e além da tensão entre Israel-Hamas temos os micro conflitos-Rússia e Ucrânia, China e Taiwan-,que apesar de não serem mencionados geram preocupação do mercado de que possa causar um confronto maior no mundo, os investidores migram para os títulos do Tesouro norte-americano [os mais seguros do mundo], aqui os DIs sobem; outro fator que faz preço é o Conselho da ONU ter rejeitado a resolução do Brasil para o conflito.

O dólar comercial fechou em alta de 0,39%, cotado a R$ 5,0540. A moeda refletiu, ao longo do dia, certa cautela global que envolve os juros futuros norte-americanos e os próximos capítulos do conflito no Oriente Médio.

Segundo o sócio da Ethimos Investimentos Lucas Brigato, “o mercado mostra estabilidade, o que indica um compasso de espera. Ainda não vemos uma fugado dólar”.

Para o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, embora o cenário mundial seja conturbado, a moeda brasileira está performando bem: “O real está resiliente, embora o dólar ganhe força mundialmente. Estamos em uma zona mais neutra, e a China se estabilizando ajuda”, avalia.

Borsoi, contudo, se diz assustado com o movimento do petróleo, assim como as taxas de juros dos Estados Unidos: “Existe uma sensação ruim com o cenário de juros americanos, de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) cantou vitória antes da hora. O movimento de ponta reflete a postura leniente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano)”, explica.

De acordo com a Ajax Research, “lá fora, escalada da guerra no Oriente Médio se sobrepõem aos dados econômicos chineses acima das expectativas”.

O Produto Interno Bruto (PIB) chinês cresceu 1,3% no terceiro trimestre e 4,9% na comparação interanual, acima das projeções de +0,9% e 4,9%, respectivamente. Já a produção industrial avançou 4,5% em setembro (consenso de +4,4%) e as vendas no Varejo subiram 5,5% ante expectativas de 4,9%.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em alta, depois de terem virado com o alívio nas Treasuries (títulos do Tesouro norte-americano). O ambiente é de volatilidade.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,171% de 12,192% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 11,090% de 10,940%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,975%, de 10,730%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,0130% de 10,895% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em queda, à medida que temporada de balanços avança e Wall Street monitora a retomada do ritmo de alta nos juros Treasuries.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o
fechamento:

Dow Jones: -0,98%, 33.665,08 pontos
Nasdaq 100: -1,62%, 13.314,3 pontos
S&P 500: -1,33%, 4.314,60 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA