São Paulo- A Bolsa fechou em queda pelo quarto pregão seguido, perdeu a região dos 125 mil pontos em razão de uma ata da última reunião do do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) rígida com análise de uma piora da inflação e ausência de menção sobre o corte de juros.
Somado a isso, a queda do setor financeiro, Vale e das ações cíclicas contribuíram para um dia de aversão ao risco.
As ações do Itaú (ITUB4) caíram 1,54%, Bradesco (BBDC4) recuavam 2,23% e Banco do Brasil (BBAS3) registrou queda de 1,43%. Vale (VALE3) perdeu 0,78%. Petrobras (PETR4) subiu 1,36%.
O principal índice da B3 caiu1,38 %, aos 125.650,03 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho recuou 1,60%, aos 126.155 pontos. O giro financeiro foi de R$ 25,9 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em queda.
Bruna Sene, analista da Nova Futura Investimentos, disse que o mau humor do mercado ficou com a ausência da indicação de corte de juros na ata do Fed.
“A ata foi dura, mas o que pegou no mercado foi o fato de não fazer menção ao corte de juro. O tom foi assimétrico, referiram apenas à alta ou manutenção [dos juros]. Com a ata, volta à tona apenas um corte de juros de 0,25pp.A partir de agora, os investidores vão ficar atentos aos discursos dos membros do Fed mais hawkish, como Waller [Christopher Waller] e Bostic [Raphael Bostic]. Somado a isso, os bancos, Vale e a parte cíclica da Bolsa estão no negativo e ajudam a puxar o índice pra baixo. Os investidores estão cautelosos, esta semana o volume está abaixo da média e sem agenda; a alta da Petrobras é uma correção técnica[caiu muito nos últimos dia”.
Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, disse que o mercado se estressou por conta de um excesso otimismo que vinha nos últimos dias.
“Desde o CPI em linha [inflação ao consumidor], na semana passada, o mercado começou a precificar a chance de dois cortes de juros, inclinando para um cenário mais otimista e hoje vemos um pouco de correção diante disso. A ata não trouxe nenhuma grande novidade. Eles fizeram os apontamentos que vinham fazendo nos últimos meses, que iam perseguir a meta de inflação [de 2%], que só vão se sentir confortáveis para cortar juros quando tiver essa convergência da inflação. Se houver alguma pressão inflacionária que não estejam esperando vão voltar a elevar a taxa de juros, mas não é uma discussão que está acontecendo agora”.
Mais cedo, Pedro Moreira, sócio da One Investimentos, disse que os bancos. varejo e ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) trazem o mau humor ao mercado.
“A expectativa é de que o documento traga alguma sinalização sobre corte de juros e como os membros estão olhando a inflação nos Estados Unidos após um CPI [inflação ao consumidor] melhor. Essa é a principal expectativa para os emergentes porque uma redução das taxas significa fluxo para Brasil. Os bancos estão ruins puxados pela XP e o setor de varejo performando hoje puxado pelos DIs. O Haddad está falando mais de fiscal e inflação [na participação em audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados]. Ele disse que o fiscal depende muito da aprovação [de medidas] do Congresso, e apesar de o governo gastar bastante, é importante a Fazenda perseguir a meta fiscal zero. O mercado trabalha com déficit de 0,5% este ano. Também disse talvez a meta da inflação de 3% não seja a ideal no curto prazo”.
Em relação à XP, Moreira disse que o resultado abaixo do esperado, com menor captação de recursos no 1T24 e perda de custódia (AUC) de acordo com relatório do BTG. Os BDRs negociados na B3 (XPBR31) recuaram 14,65%.
O dólar fechou em alta de 0,75%, cotado a R$ 5,1548. Isso teve impacto direto da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), divulgada nesta tarde, e tida como hawkish (dura, propensa ao aumento dos juros) pelo mercado.
Para o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, existe um descolamento “chocante” na ata entre o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, e o conteúdo do documento, que se mostrou mais condizente com a alta do que com o corte dos juros.
“Causa estranheza o tom hawkish (severo, propensa ao aumento dos juros) e o discurso mais moderado dos dirigentes nas últimas semanas. O mercado, agora, tende a prestar mais atenção nos diretores mais pessimistas do Fed, que são uma minoria, porém significativa”, explica o economista.
Borsoi, contudo, observa que dado o espaçamento de semanas entre a reunião e a ata – o Fed ainda não tinha os dados de inflação de abril – pode fazer com que o impacto do documento no mercado seja amortecido.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em alta com impacto negativo da ata do mais dura do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que era muito esperada pelo mercado.
Por volta das 16h45 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,400%, de 10,360% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 10,780% de 10,700%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,150%, de 11,015%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,445% de 11,305% na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em queda, recuando das máximas históricas, enquanto os investidores aguardavam os resultados da Nvidia e digeriam a ata da reunião de maio do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,53%, 39.662,70 pontos
Nasdaq 100: -0,18%, 16.801,54 pontos
S&P 500: -0,27%, 5.306,98 pontos
Com Paulo Holland, e Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News