Bolsa fecha em queda e dólar em alta com aumento da tensão no Oriente Médio

177
Foto de Lorenzo / Pexels

São Paulo -A Bolsa interrompeu a sequência de dois pregões em alta e fechou em queda, perdeu quase 2 mil pontos, em um dia de apreensão com a escalada do conflito no Oriente Médio, com a possibilidade de um ataque à produção de petróleo do Irã como forma retaliação por parte de Israel. Com isso a commodity disparou beneficiando as petroleiras, mas poucas ações do índice subiram.

A Petrobras (PETR3 e PETR4) subiu 1,34% e 1,22%. Petrorio (PRIO3) e PetroRecôncavo (RECV3) avançaram 0,83% e 1,82%. Na ponta negativa, Vale (VALE3) caiu 1,91%.

O principal índice da B3 caiu 1,38%, aos 131.671,51 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro recuou 1,59%, aos 132.035 pontos. O giro financeiro foi de R$ 22,8 bilhões. Em NY, os índices fecharam em queda.

Anderson Silva, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital, disse que “com a escalada do conflito no Oriente Médio, o mercado acionário global apresenta um grau adicional de risco a ser ponderado pelos investidores. Além do cenário externo, a alta na curva de juros também impacta no Ibovespa”.

Em relação às ações, Silva disse que a Natura (NTCO3) “possivelmente é impulsionada pela notícia de que a gestora Baillie Gifford aumentou sua participação na empresa”. Natura subiu 2,59%.

Virgilio Lage, analista a Valor Investimentos, o Ibovespa está em baixa “por conta da alta nas taxas de juros futuros no Brasil e nos Estados Unidos. As ações de bancos, Vale (VALE3) e Eletrobras estão em quedas do dia, enquanto Petrobras (PETR3 e PETR4), têm apresentado alta moderada”.

Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que a Bolsa cai com a chance de retaliação de Israel ao Irã.

“O dia começou com ajuste e foi ganhando força com informações de um possível ataque à infraestrutura de petróleo do Irã por Israel. O mercado entende que se isso ocorrer, tem aumento do preço do barril de petróleo, pressão na inflação e começa a ter problemas com a tentativa de corte de juros nos Estados Unidos, e aqui pode acelerar a alta da Selic. E isso seria uma escalda do conflito e poderia gerar um confronto global”.

Ao ser questionado hoje sobre o conflito no Oriente Médio, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se que o governo estuda se apoiaria ou não um ataque de Israel ao Irã. “Estamos em discussões sobre isso”, e complementou que “nada vai acontecer hoje; vamos conversar sobre isso mais tarde”.

Mais cedo, Bruno Komura, analista da Potenza Capital, disse que a Bolsa tem um movimento de correção após dois pregões de alta.

“Esses dias a Bolsa auto performou [teve um desempenho superior ao exterior] e hoje vemos um ajuste técnico. As maiores altas observadas ontem foram das ações sensíveis a juros e hoje já estão devolvendo”.

Komura ressaltou que ontem a alta do Ibovespa com a revisão da agência de classificação de risco Moodys da nota de crédito o Brasil “não é sustentável dada a situação fiscal preocupante, tanto que não vimos tanto fechamento da curva de juros futuros. Mas os estrangeiros se animaram”.

O analista da Potenza Capital disse que o mercado “vai olhar de perto” os dados do payroll, amanhã (04).

Os pedidos de seguro-desemprego semanal nos EUA subiram em 6 mil para 225 mil solicitações, e a previsão era de 220 mil-divulgados mais cedo “corroboram para um corte de 0,50 ponto porcentual (pp) na taxa de juros dos EUA”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,53%, cotado a R$ 5,4745. A moeda refletiu, ao longo da sessão, o agravamento do conflito entre Israel e Irã.

Virgilio Lage, especialista da Valor Investimentos, disse que o dólar sobe, chegou a ultrapassar os R$ 5,50, “refletindo incertezas globais e tensões no Oriente Médio”.

Segundo o analista da Potenza Capital Bruno Komura, as falas de Biden reforçaram ainda mais o clima global de risk off: “O real está se desvalorizando, o que é muito condizente com a ideia de aversão ao risco, principalmente por conta da escalada na guerra no Oriente Médio”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em alta, impactadas pelo entendimento de piora do quadro fiscal e pela crescente tensão geopolítica no Oriente Médio.

Por volta das 16h35 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 11,040% de 11,008% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 12,270%, de 12,205%, o DI para janeiro de 2027 ia a 12,335%, de 12,255%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 12,360% de 12,295% na mesma comparação. O dólar opera em alta, cotado a R$ 5,4688 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão desta quinta-feira em queda, com os investidores aguardando a divulgação do payroll de setembro, que será amanhã (4) e avaliando o aumento nas tensões no Oriente Médio.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,44%, 42.011,59 pontos
Nasdaq 100: -0,04%, 17.918,5 pontos
S&P 500: -0,16%, 5.699,94 pontos

Paulo Holland, Camila Brunelli e Larissa Bernandes / Agência Safras News