Bolsa fecha em queda e dólar em alta com ruídos sobre pacote fiscal

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Foto: Svilen Milev / freeimages.com

São Paulo -A bolsa fechou em queda com o mercado de mau humor com as notícias vindas Brasília sobre o pacote fiscal.

No final do pregão circularam informações de que não há data definida para a votação das medidas de contenção de gastos do governo, e líderes chamam a atenção para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, entrar em negociação para o pacote não sofrer desidratação.

Mais cedo, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, falou com a imprensa após despachar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Paulo.

Padilha disse que a prioridade do governo nas votações no Congresso nesta semana é a aprovação da reforma tributária na Câmara, o pacote fiscal é a segunda prioridade. A aprovação do pacote fiscal foi classificada por Padilha como uma segunda prioridade.

O destaque de alta ficou para as ações do Pão de Açúcar (PCAR3), com ganho de 15,61%, após a Reag Trust aumentar a participação na empresa

As ações da Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11) subiram 2,32% e 1,25% com a alta do dólar. As ações de proteína animal tiveram alta expressiva.

As ações de varejistas caíram com a abertura na curva de juros. Petrobras (PETR3 e PETR4) recuou 0,97% e 0,41%.

O principal índice da B3 caiu 0,84%, aos 123.560,06 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro recuou 1,14%, aos 123.575 pontos. A mínima no intradiário foi de 123.495,17 pontos. O giro financeiro foi de R$ 22,7 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam mistos.

Para Bruno Komura, analista da Potenza Capital, o Ibovespa já estava operando nas mínimas do dia e passou a cair mais com as notícias sobre a indefinição sobre a data de votação do pacote na Câmara, e o alerta vindo de um parlamentar para o Haddad entrar na esfera de negociação para evitar a desidratação do pacote.

Fabio Louzada, economista, planejador financeiro e fundador da Eu me banc, disse que a bolsa tem um dia de volatilidade e com o fiscal no centro das atenções do mercado.

“As preocupações com o fiscal seguem ditando o ritmo do mercado. O boletim Focus divulgado hoje trouxe uma elevação das projeções para a Selic para o fim de 2025 -14%- e 2026-11,25%, e elevação para a inflação IPCA em 2025 -passando para 4,60%, acima do teto da meta. Esses dados impulsionaram o estresse na curva de juros. O mercado aguarda por novidades amanhã com a divulgação da ata do Copom, após um comunicado considerado hawkish já considerando 2 novas altas de 100 pontos base nas próximas duas reuniões”.

Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos disse que a alta na curva de juros, entrevista de ontem do Lula e o boletim Focus fazem preço hoje.

“Como essa curva de juros está com pressão muito forte devido à desancoragem da inflação, os grandes fundos- institucionais nacionais e estrangeiros- acabam ajustando o risco da carteira de renda variável. Com isso todas as ações sofrem uma pressão vendedora um pouco acima do comum. É mais um movimento técnico para esse ajuste do que qualquer outra coisa”.

O dólar comercial fechou em alta de 1,03%, cotado a R$ 6,0912. A moeda refletiu, especialmente na segunda parte da sessão, as incertezas fiscais domésticas que assolam o real há semanas.

A economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, entende que o comportamento de hoje está ligado diretamente ao fiscal e o aumento da aversão ao risco, com o mercado digerindo uma nova piora generalizada no boletim Focus desta manhã.

Quartaroli diz que nesta primeira sessão da semana não apenas o real, mas outras moedas emergentes performam mal, com a aproximação da reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que define nesta semana os próximos passos da sua política fiscal.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em alta no primeiro pregão do início da última semana que o Congresso tem para aprovar o Pacote Fiscal e Orçamento antes do recesso parlamentar.

Por volta das 16h30 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 12,151% de 12,150% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 15,020, de 14,845, o DI para janeiro de 2027 ia a 15,420%, de 14,870%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 15,305% de 14,870% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto nesta segunda-feira, com os investidores aguardando a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), nesta quarta-feira. O Nasdaq atingiu novamente outro recorde e superou os 20 mil pontos.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,25%, 43.717,48 pontos
Nasdaq 100: +1,24%, 20.173,9 pontos
S&P 500: +0,37%, 6.074,08 pontos

Paulo Holland, Camila Brunelli e Vanessa Zampronho / Agência Safras News