São Paulo – Apesar do otimismo no exterior, o Ibovespa fechou com queda de 0,86%, aos 125.052,78 pontos com os investidores cautelosos e projetando uma alta da taxa básica de juros, Selic, em um ponto porcentual para a próxima reunião do Copom, após o IPCA-15 de julho ter ficado acima das expectativas do mercado. A queda da Vale devido à baixa do minério de ferro também contribuiu para o mau humor do mercado.
Para Bruno Komura, estrategista de renda variável da Ouro Preto Investimentos, o problema do Brasil é “conjuntural” devido às questões da reforma tributária e que “vai afetar bastante o cenário fiscal do País”. “IPCA-15 pressionado, reforma tributária, vamos ver o cenário fiscal deteriorar bastante”.
Komura comentou que se o governo quer implementar medidas populistas, aumentando o Bolsa família, terá de financiar isso de alguma forma. “Já existem várias conversas para cortar o aumento de tributos, seja pelo lado corporativo, taxar os dividendos para empresas. Ele ressalta que esse cenário acaba “afugentando os estrangeiros do mercado local”.
Para os analistas da Ativa Investimentos, o IPCA-15 acima das expectativas prejudica o humor do mercado e “economistas já estão revisando para cima suas projeções para a taxa Selic”.
O analista João Guilherme Silva, da Aware Investments, observou que o resultado do IPCA-15 acima do esperado impactou negativamente nos mercados, levando a alta dos juros, queda da Bolsa e do dólar, com o temor da inflação. “Existe a expectativa de aperto monetário maior por parte do Banco Central”.
Para o especialista Virgílio Lage, da Valor Investimentos, a Bolsa está realizando devido à perda da commodity de ferro na China afetando as ações da Vale e outras mineradoras e o receio de uma inflação maior que o esperado. “Esses dois vetores levam à queda do Indice. Os papéis da Vale (VALE3) chegaram a cair mais de 1% e fecharam em baixa de 0,50%.
Segundo o Instituto de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA-15-prévia da inflação oficial do mês- aumentou 0,72% em julho, ante junho, desacelerando em relação à alta do período anterior (+0,83%). O resultado ficou acima das projeções de +0,65%, de acordo com o Termômetro CMA. Mas mostrou aceleração no acumulado de 12 meses, de 8,13% no mês anterior para 8,59% em julho.
Prevaleceu na sessão de hoje a pressão inflacionária no Brasil após a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), fazendo com que o dólar comercial passasse a maior parte do pregão em queda, na contramão do movimento externo. No final do dia a moeda norte-americana voltou a ganhar força frente ao real, mas não evitou um fechamento perto da estabilidade, com ligeira queda de 0,01%, cotado a R$ 5,2100 para venda.
“Investidores deram mais peso à probabilidade de um aumento mais agudo para Selic já na próxima reunião de politica monetária do Copom, após dado do IPCA-15, na prévia de julho, ter ficado não somente acima das expectativas (0,65%), como também perto do teto, levando o mercado a projetar uma inflação na casa de 7% para o ano”, explicou Ricardo Gomes da Silva, da Correparti Corretora de Câmbio.
“Tecnicamente, quanto mais alto estiverem os juros no país, mais atrativo será o retorno sobre os investimentos dos players internacionais, estimulando sobremaneira o ingresso de capitais estrangeiros destinados às rendas fixa e variável. Nesse contexto, nem mesmo as incertezas políticas e sanitárias, protestos dos movimentos sociais marcados para esse final de semana pelo impeatchment do presidente Jair Bolsonaro e também a possibilidade da deflagração de uma greve geral por parte dos caminhoneiros a partir da zero hora de domingo, foram capazes de potencializar a cautela no meio dos investidores”, disse o Gomes.
Em relatório, a Commcor havia dito que o dólar tinha tendência de abrir em alta, mas que o IPCA-15 fora do previsto pelo mercado poderia fazer força contrária na moeda norte-americana por aqui.
O IPCA-15 subiu 0,72% em julho na comparação com junho, desacelerando-se em relação à alta apurada no período anterior (+0,83%), segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa foi a maior para o mês desde 2004 (+0,93%). O resultado, entretanto, ficou acima da mediana das expectativas do mercado financeiro, de +0,65%, conforme o Termômetro CMA.
Com isso, o IPCA-15 acumula altas de 4,88% no ano e de 8,59% em 12 meses até julho. O resultado no período de 12 meses também levemente abaixo da mediana das estimativas, de +8,51%, ainda segundo o Termômetro CMA, e mostra uma aceleração em relação aos +8,13% acumulados até junho, mantendo-se bem acima do centro da meta perseguido pelo Banco Central para este ano, de 3,75%, pelo sexto mês consecutivo.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) fecharam em forte alta com os investidores reagindo aos dados mais salgados do que se esperava do IPCA-15, a prévia oficial da inflação ao consumidor no Brasil. O impacto da pressão inflacionária foi mais intenso no trecho curto da curva a termo, uma vez que ela tende a refletir as expectativas relacionadas com os próximos passos do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). Alguns desses vértices terminaram o dia perto das máximas da sessão.
Com isso, o DI para janeiro de 2022 apresentava taxa de 6,05%, de 5,81% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 7,470%, de 7,195%; o DI para janeiro de 2025 ia a 8,34%, de 8,11% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,73%, de 8,55%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações norte-americano terminaram em alta uma semana que começou marcada por preocupações com os efeitos da variante Delta do coronavírus sobre a economia. Esses temores, no entanto, cederam lugar ao forte desempenho trimestral das empresas, ajudando Wall Street a alcançar recordes. O Dow Jones encerrou o dia acima de 35 mil pontos pela primeira vez.
Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:
Dow Jones: +0,68%, 35.061,55 pontos
Nasdaq Composto: +1,04%, 14.837,00 pontos
S&P 500: +1,01%, 4.411,79 pontos