Bolsa fecha em queda e dólar estável seguindo exterior

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São Paulo – A Bolsa fechou com expressiva queda de 1,18%, aos 125.960,26 pontos pela disputa entre Vale e Petrobras em dia de vencimento de opções de ações. Somado ao movimento negativo em Nova York, com os investidores cautelosos em relação à inflação dos Estados Unidos.

Segundo uma fonte que não quis se identificar apontou a queda mais acentuada da Bolsa  é atribuída ao vencimento de opções porque as pressões estão nas maiores posições de ações- Vale e Petrobras. “Tinha muita posição comprada em Vale a 115 e de Petrobras a 27,20”, explica. As ações da Vale (VALE3) caem mais de 2% e da Petrobras (PETR3 e PETR4) perdem 2,49% e 1,73%, respectivamente.

Ele acrescenta que a piora em Wall Street com os investidores cautelosos em relação à inflação também contribui para a queda.

Para o analista José Costa Gonçalves, da Codepe Corretora, o mercado financeiro está com as atenções voltadas para os Estados Unidos diante do discurso do presidente do Fed a respeito da inflação. “O mundo está esmiuçando a fala de Powell”, comenta. Embora a inflação comece a incomodar, Jerome Powell disse que manterá a política monetária acomodatícia por algum tempo. “O tempo fica vago e acaba influenciando os ativos de risco”, completa o analista da Codepe Corretora.

Para Gonçalves, o exercício de opções gera volatilidade no mercado. “Sem notícias e  vencimento de opções, a Bolsa oscila bastante”, comenta.

No campo corporativo, hoje é o último dia de negociações ações como B2W (BTOW3). A partir de segunda-feira, os papéis passam a ser conhecidos como “Americanas S.A” e com o código (AMER3). Em junho, foi aprovada a alteração, que faz parte da cisão parcial do capital das Lojas Americanas (LAME4). As ações da B2W sobem mais de 4% e das Lojas Americanas aumentam mais de 1%.

Por aqui, o Senado aprovou na véspera o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2022, que estabelece metas e prioridades para o orçamento do ano que vem, e agora segue para sanção do presidente Jair Bolsonaro. A aprovação se deu  antes do recesso do Congresso, que se inicia hoje e retorna os trabalhos em 15 dias.

As discussões em torno da reforma tributária, que ainda gera polêmica, ficaram para agosto.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid, que investiga as ações e omissões do governo federal no enfrentando à pandemia, também encerra os trabalhos nesta sexta-feira e retorna no dia 3. Na véspera, Christiano Carvalho, representante da Davati no Brasil, disse em depoimento à Comissão que negociava a venda das vacinas com o coronel Élcio Franco, e levou o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), a pedir a demissão do coronel.

O dólar comercial encerrou a sessão praticamente estável, com ligeira queda de 0,01%, a R$ 5,1160 para venda. A cautela de sexta-feira é algo normal, mas tendo em vista os últimos dados de inflação nos Estados Unidos e o recesso parlamentar no Brasil, os investidores ficam ainda mais receosos. Vale lembrar também que há um monitoramento dos casos da variante Delta do coronavírus pelo mundo e os efeitos disso na retomada da economia global.

“O dólar comercial exibiu mediana amplitude. Abriu em queda, teve uma alta pontual ainda na primeira hora dos negócios, em reação ao inesperado crescimento das vendas no varejo nos Estados Unidos, entretanto voltou a cair ao longo da maior parte da sessão, acompanhando a fragilidade de seu par do exterior, que operou no modo perdedor, principalmente de algumas divisas emergentes e ligadas às commodities”, explicou Jefferson Rugik, da Correparti Corretora.

“Perto do encerramento dos negócios, o dólar comercial engatou um movimento de recuperação, inverteu sinal e passou para o território positivo, reflexo da piora das bolsas em Nova York e aqui, para registrar em seu fechamento a marca de R$ 5,11”, acrescentou Rugik.

“Após deterioração adicional do sentimento no âmbito da CPI da Covid, que ontem contou com representante da Davati, Cristiano Carvalho, afirmando que houve atuação de gestores do Ministério da Saúde para tratar de propina em conversas para venda de vacinas, investidores abrem a sexta-feira atentos aos desdobramentos do assunto (embora com as sessões suspensas por conta do recesso parlamentar)”, diz boletim da Commcor.

“No mais, como pano de fundo seguimos com reflexos das falas dovish de Jerome Powell, à despeito da tração inflacionária norte-americana, realidade que garante resiliência aos principais ativos de risco globais. Nesse front, muito dificilmente veremos eventuais bons dados de varejo de junho levando a um risk off, tendo em vista o posicionamento firme de Powell mencionado”, acrescentou a Commcor.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) fecharam em leve queda em meio à desaceleração do noticiário a partir de hoje devido ao recesso no Congresso Nacional. Com isso, investidores promoveram ajustes diante da expectativa de um alívio na percepção de risco político, uma vez que a CPI da Pandemia e as reformas devem voltar a fazer preço somente em agosto.

Com isso, o DI para janeiro de 2022 encerrou o dia estável a 5,795%; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 7,260%, de 7,285% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 ia a 8,18%, de 8,24% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,60%, de 8,63%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações norte-americano terminaram o dia e a semana em queda, com a leitura pior do que a esperada da confiança do consumidor ofuscando os fortes dados de vendas no varejo e balanços das empresas. Além disso, os temores de disparada da inflação persistiram.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: -0,86%, 34.687,85 pontos

Nasdaq Composto: -0,80%, 14.427,20 pontos

S&P 500: -0,80%, 4.327,16 pontos