Bolsa fecha em queda e dólar sobe, com exterior, Lula, balanços e nova variante do Coronavírus no radar

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Gráficos de ações // Créditos: Pexels/Tima Miroshnichenko

São Paulo, 21 de fevereiro de 2025 – O Ibovespa fechou o último pregão da semana em queda, seguindo o exterior, após notícias de um novo Coronavírus com potencial pandêmico na China. O mercado já reagia negativamente aos indicadores que mostraram um esfriamento da economia nos Estados Unidos e temores diante das políticas adotadas pelo novo governo de Donald Trump. Mas o recuo do Ibovespa foi menor que o dos principais índices norte-americanos e o movimento também foi influenciado por declarações do governo federal, com o presidente Luís Inácio Lula da Silva mostrando que ainda está no páreo eleitoral, assim como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que concedeu entrevista minimizando especulações sobre sua permanência no governo e reforçando a confiança de que o preço dos alimentos vai baixar.

O ministro da Fazenda também anunciou a liberação de um crédito extraordinário de R$ 4 bilhões para resolver o impasse com a suspensão das linhas de crédito subvencionadas do Plano Safra e disse que o envio da proposta de reforma do Imposto de Renda (IR) ao Congresso deve ficar para depois do Carnaval.

O dia também teve a participação do diretor de política monetária do Banco Central (BC), Nilton David, em webinar do Bradesco no final desta manhã. Ele disse que confia na potência da política de juros adotada pelo banco, sabe que ela é restritiva, mas que espera isso resulte em um arrefecimento da economia. O diretor do BC disse que a instituição não irá hesitar em subir mais a Selic (taxa básica de juros) caso considere necessário, e projeta que a inflação irá convergir próxima à meta de 3%, chegando a 4%, apenas no terceiro trimestre de 2026.

O último pregão da semana também foi marcado pela divulgação, nos Estados Unidos, de indicadores de vendas de imóveis residenciais usados em janeiro, de confiança do consumidor em fevereiro e dos índices dos gerentes de compras (PMIs, na sigla em inglês) dos setores industrial e de serviços relativos a fevereiro.

Os investidores também avaliaram os últimos balanços corporativos – na noite de quinta-feira, saíram os resultados de B3, Engie Brasil, Lojas Renner, Rumo e Santos Brasil.

O principal índice da B3 caiu 0,37%, aos 127.128,06 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril recuou 0,23%, aos 129.185 pontos. O giro financeiro foi de R$ 18,7 bilhões. Na semana, recuou 0,85%. Em NY, os principais índices de ações fecharam em forte queda.

Entre os papéis de maior peso, Vale (VALE3) subiu 0,72%, enquanto os da Petrobras (PETR3; PETR4) caíram 0,56% e 0,28%. As ações da Vale operaram em alta por boa parte do pregão, acompanhando a alta do minério de ferro, chegaram a cair no fim da sessão, mas acabaram ignorando o maior sentimento de aversão ao risco que predominou na sessão.

A ação da Lojas Renner foi a principal queda do Ibovespa (-11,79%), após resultado do quarto trimestre de 2024, e foram penalizados após a empresa divulgar queda anual de 7,5% no lucro líquido. Outras companhias que divulgaram balanços trimestrais na noite de ontem (20) e fecharam queda foram B3 (-0,62%) e Rumo (-2,27%). Já Engie Brasil avançou 0,16% e e Santos Brasil fechou estável.

Flávio Conde, analista de investimentos da Levante, disse que os indicadores dos EUA mostram queda da atividade econômica, um crescimento menor, o que derrubou os índices de ações americanos, mas refletiu menos na Bolsa brasileira. Além disso, a divulgação de resultados das empresas também influenciaram o movimento do dia.

Para o economista Alexsandro Nishimura, diretor da Nomos, a baixa do Ibovespa segue a queda das bolsas de NY, onde, em um primeiro momento, houve pressão pela piora das expectativas de inflação nos EUA e novas ameaças de tarifas de Donald Trump, mas com ampliação das tensões no meio da tarde quando surgiram notícias da descoberta de um novo coronavírus com potencial pandêmico na China. “O tema é incipiente e sem qualquer ocorrência, mas causou alguma volatilidade extra, com ampliação das quedas dos índices acionários”, comentou o economista.

Entre os papéis fora do Ibovespa, o diretor da Nomos destaca que a Oncoclínicas ficou entre os maiores ganhos da bolsa, após ter voltado a leilão várias vezes, reagindo à notícia de que a fusão da empresa com os negócios de oncologia da Dasa e da Amil foi descartada, em razão do endividamento da Oncoclínicas. “Isso abriu caminho para que Nelson Tanure, da Alliança Saúde, volte a mostrar interesse pela Oncoclínicas”, comentou.

As ações da Oncoclínicas (ONCO3) tiveram mais um dia de disparada na bolsa, com papéis fechando o pregão desta sexta-feira com ganho de 22,50%, a R$ 4,90. Na semana, a ação chegou a atingir uma alta parcial acumulada de mais de 160%.

O dólar fechou em alta de 0,43%, cotado a R$ 5,7290. Embora a agenda desta sexta tenha sido esvaziada, a notícia de que uma nova variante do coronavírus com potencial para se espalhar entre humanos foi descoberta na China impactou os mercados ao final da sessão. Na semana, a moeda teve valorização de 0,57%.

A variante descoberta foi a HKU5-CoV-2. A pesquisa, liderada por Shi Zhengli, no Instituto de Virologia de Wuhan, revelou que o vírus tem potencial de contaminação semelhante ao SARS-CoV-2.

“No meio da tarde a notícia de uma nova variante do Corona vírus que assustou os mercados. Não acredito que seja uma preocupação, tanto que os mercados recuperaram parte do movimento”, explicou o analista da Potenza Capital Bruno Komura.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em queda. Isso refletiu, especialmente na segunda parte da sessão, o maior apetite pelos ativos de risco e um enfraquecimento do presidente Lula à reeleição em 2026.

Para o analista da Potenza Capital Bruno Komura, observa que Lula está perdendo força para as eleições presidenciais, com o mercado começando a apostar que, por questões de saúde, ele não irá tentar um novo mandato.

“Os dados de hoje indicam que a economia americana está desacelerando e as perspectivas seguem na mesma direção. Com isto, está ganhando força o receio do mercado sobre crescimento e acho que isto está ajudando a curva lá fora fechar e consequentemente aqui também”, diz Komura sobre o índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) Industrial (51,6 pontos) e do setor de Serviços (49,7 pontos) – ambos foram divulgados pela manhã.

Por volta das 16h39 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,505% de 14,650% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 14,370%, de 14,625%, o DI para janeiro de 2028 ia a 14,235%, de 14,455%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 14,285% de 14,465% na mesma comparação. O dólar avançava 0,40%, cotado a R$ 5,7273 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em queda expressiva, à medida que a incerteza em torno das tarifas e a possibilidade de uma desaceleração econômica afetaram os investidores, desencadeando novas rodadas de vendas e renovando preocupações sobre uma correção do mercado.

A forte baixa de sexta-feira levou os três principais índices para o território negativo na semana.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -1,69%, 43.428,02 pontos
Nasdaq 100: -2,20%, 19.524,0 pontos
S&P 500: -1,70%, 6.013,13 pontos

Confira abaixo a variação dos índices na semana:

Dow Jones: -2,51%
Nasdaq 100: -2,48%
S&P 500: -1,66%

Com Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Safras News

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