Bolsa fecha em queda e tem segundo pior mês do ano; dólar encerra a R$ 5,2497

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Foto: Svilen Milev / freeimages.com

São Paulo -A Bolsa fechou em queda no último pregão de maio após os dados da inflação americana medidos pelo índice de preços de gastos com consumo (PCE, sigla em inglês) em linha com a expectativa, mas os números não foram suficientes para animar o mercado.

A Petrobras (PETR3 e PETR4) teve mais um dia positivo. Na semana, o Ibovespa caiu 1,77% e no mês recuou 3,03%, a segunda maior queda do ano.

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) ficaram entre as maiores altas do Ibovespa, respectivamente +3,11%, a R$ 40,77 e + 2,75%, a R$ 38,79. A PetroRecôncavo (RECV3) liderou os ganhos em 4,16%, a R$ 20,74 com anúncio de pagamento de juros sobre capital próprio (JCP) no valor de R$ 410 milhões.

A Vale (VALE3) caiu 0,06%, a R$ 63,20 e Pão de Açúcar (PCAR3) liderou as perdas em 7,71%, a R$ 2,87. Os papéis reagiram à retomada da cobertura da varejista pelo Itaú BBA, com recomendação neutra justificando que o valuation atual da companhia não respalda uma postura mais construtiva.

Mais cedo, foi divulgada a inflação PCE- subiu 0,3% em abril em termos mensais e 2,7% na comparação anual, ambos vieram iguais ao mês de março e dentro do esperado pelos analistas.

Já o núcleo do PCE, que exclui do cálculo os preços de alimentos e energia, subiu 0,2% na comparação mensal, levemente abaixo de março-0,3%. Em termos anuais, o índice ficou como março, cresceu 2,8%.

O principal índice da B3 caiu 0,49%, aos 122.191,91 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho baixou 0,54%, aos 122.690 pontos. O giro financeiro foi de R$ 33,2 bilhões. Em Nova York, os índices operavam em mistos.

Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse que a inflação PCE veio dentro das expectativas, “o que trouxe novamente para as mesas a possibilidade de que o Fed possa iniciar em setembro o ciclo de corte de juros”.

Rodrigo Cohen, analista de investimentos, disse que os dados do PCE em linha com o esperado “estão na direção da meta de inflação dos Estados Unidos, mas não ajudou a nossa bolsa subir. Aqui, o Ibovespa sentiu o peso dos papéis ligados a commodities [metálicas], como Vale, que engatou queda hoje após divulgação de dados da atividade industrial que caíram além do esperado na China; já Petrobras sobe, como é final do mês acredito que muitos investidores e fundos ficaram vendidos em Petrobras e estão zerando posições hoje em virtude das mudanças na presidência da companhia e com o mercado ainda inseguro com a entrada da Magda [Magda Chambriard, nova Ceo da estatal]”.

Diego Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse apesar de o PCE ter vindo dentro da expectativa, preocupa porque tem alguns pontos na leitura que estão fortes.

“Muitos índices e médias de três meses [em torno de 4,8%] e seis meses [4,1%] ainda apresentam uma persistência grande. A inflação de serviços está com taxa anual de 3,94%, que é bastante grande. A gente vê as treasuries de 10 anos caindo e as de 30 subindo, talvez a de longo prazo reflita essa leitura da inflação. Na realidade precisa ter dados bons, não adianta vir em linha para ter a inflação em 2%, que é a meta que o Fed vai perseguir. A Petrtobras sobe com a expectativa de a companhia pagar os dividendos, tem gente comprando e com proteção”.

Em relação ao Ibovespa, o índice está prestes a perder os 122 mil pontos. Segundo Faust, a primeira resistência agora, depois de perder os 123 mil pts, seria a região dos 119,5 mil e depois dos 115 mil pts.

Andressa Durão, economista da Asa Investments, disse que o PCE de abril ficou em linha com o esperado pelo mercado, e apesar de núcleo de inflação ter apresentado uma desaceleração frente aos números do primeiro trimestre, “ainda consideramos uma taxa elevada, insuficiente para que o Fed se sinta confortável em iniciar o ciclo de corte de juros. O Fed quer ver números ao redor de 0,20% nas próximas divulgações para garantir confiança na desaceleração da inflação. No nosso cenário, a inflação continuará rodando em taxas elevadas”.

O dólar fechou em alta de 0,78%, cotado a R$ 5,2497. A moeda refletiu, ao longo da sessão, a aversão global ao risco, puxada pelas indefinições sobre os próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), e ganhou corpo após a divulgação do índice de preços para os gastos pessoais (PCE), no início da sessão. Na semana e no mês, a divisa estadunidense teve valorização de 1,58% e 1,11%, respectivamente.

O PCE avançou 0,3% em abril ante março e 2,7% na comparação interanual.- ambos em linha com as expectativas.

De acordo com o economista da Confiance Tec Julio Hegedus Neto, “embora os dados tenham vindo em linha com o consenso, as leituras, com exceção do núcleo do PCE mensal (+0,2%), mantiveram ritmo de alta, alimentando os receios de uma estagflação nos Estados Unidos, na esteira da revisão para baixo do PIB do primeiro trimestre dos EUA a 1,3%, em termos anualizados, ante leitura anterior, de 1,6%”.

Hegedus, contudo, acha que por ora tal cenário está descartado, e que o mercado, em um primeiro momento, costuma exagerar, seja para cima ou para baixo.

Para o analista da Potenza Capital Bruno Komura, “no geral, o PCE veio em linha com o esperado. Não muda as expectativas de início no corte dos juros”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em queda, mas passaram o dia operando próximas à estabilidade depois da divulgação do índice de preços para os gastos pessoais (PCE) – indicador que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) usa para medir a inflação dos Estados Unidos. Os dados vieram em linha com o esperado pelo mercado. Pouco mais tarde, os dados de PMI Chicago muito abaixo do esperado, mostraram desaceleração da atividade norte-americana.

Por volta das 16h35 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,395%, de 10,415% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 10,795% de 10,825%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,150%, de 11,155%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,460% de 11,455 na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, que apesar do recuo semanal, marcou o sexto mês positivo nos últimos sete para Dow Jones, Nasdaq e S&P.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +1,51%, 38.694,90 pontos
Nasdaq 100: -0,01%, 16.735,01 pontos
S&P 500: +0,81%, 5.277,65 pontos

Com Paulo Holland, e Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News