São Paulo -Em dia de agenda esvaziada e volatilidade, a Bolsa fechou em queda, abaixo dos 125 mil pontos, com a Vale (VALE3) segurando o índice e o mercado de olho nos dados econômicos de amanhã (25) -PIB americano- e na sexta-feira (26)-inflação aqui e lá fora.
Os investidores esperam por sinais de quando será o início do ciclo de corte dos juros nos Estados Unidos.
As ações da Vale (VALE3) subiram 1,24% e ficaram entre as maiores altas do índice refletindo a alta na cotação do minério de ferro. O mercado espera pela divulgação do balanço do 1T24 da mineradora após o fechamento.
O principal índice da B3 caiu 0,32%, aos 124.740,69 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho recuou 0,31%, aos 126.180 pontos. O giro financeiro foi de R$ 20 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistos.
Bruna Sene, analista da Nova Futura Investimentos, disse que em dia de agenda fraca, o mercado fica em compasso de espera para dados aqui e nos Estados Unidos e o fiscal doméstico segue no radar dos investidores.
“Em um cenário em que não há sinais para o início do ciclo de corte de juros americanos, aqui a velocidade de redução da Selic deve diminuir e o risco fiscal preocupando o mercado, a Bolsa fica sem motivos para melhorar o desempenho. O mercado fica à espera do PIB dos EUA amanhã (25) e inflação PCE e IPCA-15 na sexta-feira (26). Em termos técnicos, os 126 mil pontos eram suporte par ao Ibovespa, agora vira resistência”.
Bruna afirmou que a Vale (VALE3) ajuda a segurar a Bolsa no dia de divulgação de resultado do 1T24, após o fechamento. A Petrobras (PETR3 e PETr4) tem um movimento de realização, depois de seis pregões em alta e os investidores aguardam a Assembleia Ordinária amanhã (25) para decidir sobre os dividendos extraordinários.
Ubirajara Silva, gestor de renda variável independente, disse que a Vale é destaque de alta, Petrobras em queda e pressão na curva de juros não deixam o Ibovespa subir.
“O mercado está complicado [nos últimos dias. O único destaque é Vale e Petrobras. A Vale e os pears sobem refletindo a alta do minério de ferro na China por conta da interrupção de uma mina na Áustrália. Hoje o mercado espera pelo balanço do 1T24 da mineradora após o fechamento do mercado. Usiminas segue sofrendo em razão do resultado de ontem. Os DIs acompanham a alta das treasuries e as empresas ligadas ao mercado interno sofrem. Os bancos estão devolvendo um pouco o movimento de ontem e a Petrobras vai ficar na defensiva enquanto não sair o pagamento de 50% dos dividendos. O mercado espera na sexta-feira (26) a inflação nos EUA. A temperatura em Brasília segue alta e o fiscal é o ponto principal”.
O dólar comercial fechou em alta, cotado a R$ 5,1487 refletindo a valorização dos títulos do Tesouro norte-americano, treasuries. A questão fiscal doméstica e a inflação PCE nos Estados Unidos, na sexta-feira (26) ficam no radar dos investidores.
Flavio Serrano, economista-chefe do banco Bmg, avaliou que as treasuries impactam na alta do dólar porque refletem preocupação global com o início da flexibilização dos juros nos Estados Unidos.
“O dólar está se fortalecendo contra várias moedas, em especial as emergentes, e México sofre até mais”.
Wagner Varejão, especialista da Valor, o dólar sobe refletindo os juros americanos e o risco doméstico.
“O dólar tem uma alta relevante na sessão de hoje e o que vem movendo a valorização da moeda é tensão do mercado nas últimas semanas em cima da treasury [título do Tesouro norte-americano]. Este mês a treasury [ 4,646%] está muito estressada, a gente teve uma revisão importante de juros nos EUA este ano, prevendo sete cortes na curva. Com o dado muito forte de inflação e atividade, o mercado reviu a previsão e agora espera-se apenas um corte na curva. O mercado aguarda ansioso na sexta-feira o PCE [inflação]. Além disso, aqui a discussão do fiscal coloca prêmio de risco pressionando nossa moeda”.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros fecham em alta, pressionadas pelo risco fiscal e seguindo o movimento dos Treasuries (títulos do Tesouro norte- americano).
Por volta das 16h45 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,340%, de 10,315% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 10,615% de 10,915%, o DI para janeiro de 2027 ia a 10,915%, de 10,885%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,195% de 11,160% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar comercial operava em alta cotado a R$ 5.1467 para a venda.
Os principais índices de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão de lado, enquanto a Tesla disparou após seu relatório de resultados e os investidores aguardavam mais atualizações trimestrais de outras big techs.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,11%, 38,460.92 pontos
Nasdaq 100: +0,10%, 15,712.75 pontos
S&P 500: +0,02%, 5,071.63 pontos
Com Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News