Bolsa fecha em queda em meio ao recuo de Petrobras e exportadoras; dólar encerra a R$ 5,01

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São Paulo- A Bolsa fechou em queda em uma sessão de volatilidade com o peso das ações da Petrobras (PETR 3 e PETR4) devido à proposta de mudança de seu estatuto e queda das exportadoras. Em contrapartida, as ações mais sensíveis a juros subiram.

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) caíram 6,02% e 6,60%. PetroRio (PRIO3) recuou 1,73% acompanhando o recuo do petróleo no mercado internacional. Já 3R Petroleum (RRRP3) subiu 0,69%. As exportadoras como Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11) baixaram 0,91% e 0,66%, respectivamente.

Os papéis ligados ao ciclo doméstico subiram com a queda dos DIs, que acompanharam o recuo dos treasuries, após bater os 5% antes da abertura do mercado. As companhias aéreas avançaram refletindo a queda do dólar e do petróleo. Gol (GOLL4) avançou 5,50% e Azul (AZUL4) aumentou 4,61%.

O principal índice da B3 caiu 0,32%, aos 112.784,52 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro recuou 0,30%, aos 114.400 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21,1 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.

Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse que “boa parte da pressão negativa sobre o Ibovespa ficou concentrada na forte queda das ações da Petrobras, exportadoras e a Vale. As ações da Petrobras reagiram à aprovação pelo Conselho da submissão de proposta de revisão do seu Estatuto Social, que poderiam representar retrocesso na governança corporativa e impactar em futuras distribuições de dividendos extraordinários. A queda do petróleo no mercado internacional foi só um fator adicional de menor impacto”.

Bruno Komura, analista da Potenza Investimentos, disse que o movimento da Bolsa é explicado “pela queda forte da Petrobras, das empresas dolarizadas como as de papel e celulose e Vale; os bancos têm ligeira alta; já aos papéis mais expostos a juros puxam o índice; os treasuries poderiam ajudar o Ibovespa, mas o recuo da Petro impede”.

Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos, comentou que o dia começou mais pesado aqui e lá fora, mas está se recuperando.

“O mercado chegou em um suporte importante para o Ibovespa e o S&P, aqui está defendendo uma região importante dos 113 mil pts, chegou a testar os 112 mil. No curto prazo deve buscar uma região de alta, mas a tendência é de baixa no Brasil e no exterior. Indicadores importantes vão sair esta semana e viemos de um fim de semana relativamente mais tranquilo no Oriente Médio e o mercado começa a comprar um pouco”.

Lourenço reforçou que o cenário macroeconômico externo está fazendo preço e a temporada de balanço aqui começa a ficar no radar.

“Os Treasuries chegaram a superar os 5% e estão cedendo um pouco o que melhora o ambiente, aqui as empresas começam a divulgar os balanços, a expectativa era de ver os resultados um pouco melhores, mas depois o IBC-Br [caiu 0,77% e a previsão era de 0,60%] talvez temos de rever essa visão. Além disso a arrecadação do governo veio mais fraca, tudo isso pode contribuir por um resultado geral abaixo das estimativas e colocar o Ibovespa em uma região de 108 mil pts”.

Em relação à Petrobras, o operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que teve a divulgação de uma proposta para revisar o estatuto da empresa.

“O mercado sempre tem receio com as ações da empresa devido às questões políticas, mas as ações vieram de altas fortes e com a queda do petróleo hoje, tudo contribui para esse movimento da sessão de hoje”.

Ubirajara Silva, gestor de renda variável, disse que a semana será bem agitada com a expectativa da volta das pautas econômicos no Congresso.

“Amanhã votação da taxação dos fundos exclusivos e offshores, essencial para a agenda do governo em relação à arrecadação e o Senado começa a avaliar a reforma tributária, lá fora tem PIB americano, dado de inflação e resultado das big techs; a guerra continua no radar, mas não teve alterações em relação à sexta-feira, o grande destaque fica para os treasuries de 10 anos, chegou a operar acima dos 5% e pressionam bastante as bolsas e as moedas dos países emergentes, acompanhar a direção dos títulos, hoje tem palestra do Campos Neto e vamos ficar de olho se ele dá pistas sobre política monetária; ainda aqui começa a temporada de balanços, como Vale, Santander e Usiminas, é importante acompanhar para ver o rumo do Ibovespa”.

O dólar comercial fechou a R$ 5,0163 para venda, com desvalorização de 0,29%. Às 17h05min, o dólar futuro para julho tinha baixa de 0,53% a R$ 5.023,500. A moeda reduziu a queda, mas seguiu em movimento negativo com o recuo dos treasuries e um boletim Focus, divulgado mais cedo, mantendo a moeda na faixa dos R$ 5 para este ano e o próximo.

Gabriel Meira, economista e sócio da Valor Investimentos, disse que a moeda estrangeiro norte-americana tem caído por conta do Boletim Focus e teve uma trégua no mercado internacional.

“Com o Focus colocando o dólar a R$ 5 em 2023 e 2024 é positivo, mas além disso tivemos alívio no exterior com os treasuries por conta da posição de um megainvestidor, Bill Ackman. Ele tem saído dos títulos longos e acreditam que o risco tem aumentado e já não valem [os títulos] mais o preço atual, o que é positivo. Outro ponto é que a invasão em Gaza foi adiada.

Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que o dólar tem conseguido se manter comportado na faixa dos R$5.”Vejo como um pouco positivo para o Brasil e o mercado olha na região dos R$ 5 como saudável, sem evidência de risco muito severo, é ponto interessante para monitorarmos”.

O sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem entende que não está ocorrendo fuga de moeda estrangeira, e que mesmo a queda das commodities não prejudica o real nesta segunda.

Assim como a moeda norte-americana, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em queda, seguindo os Treasuries (títulos do Tesouro norte-americano), que passaram a cair depois de baterem os 5% de rendimento pela primeira vez desde 2007.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,134% de 12,160% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 11,034% de 11,245%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,964%, de 11,270%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,120% de 11,450% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em campo misto, à medida que os juros dos Treasuries recuaram de suas máximas da sessão e os traders aguardavam a divulgação dos lucros corporativos das gigantes da indústria de tecnologia.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,58%, 32.936,41 pontos
Nasdaq 100: +0,27%, 13.018,3 pontos
S&P 500: -0,16%, 4.217,04 pontos

 

Com Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA