Bolsa fecha em queda em meio ao recuo dos bancos, alta de Petrobras e Vale e de olho na política fiscal

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São Paulo, 2 de dezembro de 2024 – O primeiro pregão de dezembro foi de muita volatilidade. A Bolsa fechou queda, mas conseguiu se manter no patamar dos 125 mil pontos, em dia morno, com recuo dos bancos, alta das commodities e a política fiscal ainda atormentando o mercado.

O Itaú (ITUB4) caiu 1,41%; Bradesco (BBDC3 e BBDC4) recuou 1,34% e 2,13%. Os dois bancos pagam dividendos aos acionistas hoje- a remuneração do Bradesco é de R$ 0,0189 por ação, e do Itaú R$ 0, 0176.

O Banco Safras rebaixou a recomendação para Vale (VALE3) para neutro, com preço-alvo de R$ 68. A ação da mineradora subiu 0,23%, cotada a R$ 58,92. As ações da CSN (CSNA3) também foram rebaixadas pelo Safras, para underperform (equivalente à venda), com preço-alvo de R$ 10,40. O papel recua chegou a cair bem na primeira metade do pregão, mas conseguiu terminar em alta de 0,17%, cotado a R$ 11,18.

A Petrobras (PETR3 e PETR4) avançou 0,25% e 0,64%. As ações da Qualicorp (QUAL3) foram destaque de alta de 9,76%.

O principal índice da B3 caiu 0,34%, aos 125.235,54 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro registrou queda de 0,32%, aos 125.630 pontos. O giro financeiro foi de R$ 24,5 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam mistos.

Leonardo Santana, sócio da Top Gain, observou que” apesar da alta de Petrobras e Vale, a Bolsa não consegue subir em dia fraco no mercado americano. Tem muitos indicadores que serão divulgados ao longo da semana aqui e lá fora, o que deve dar um direcionamento para o mercado. temos de aguardar novidades na parte fiscal ou dados econômicos para dar combustível para o mercado”.

Armstrong Hashimoto, sócio e operador de renda variável da Venice Investimentos, disse que “as falas do Galípolo [Gabriel Galípolo, futuro presidente do BC, mais cedo] acabou endossando um pouco da sinalização da Câmara e do Senado [na sexta-feira], e do compromisso de combater a inflação, mas não acho que isso se estenderá ao longo do dia”.

Galípolo disse que o Banco Central “a desancoragem das expectativas já nos in cômoda há algum tempo”.

Bruno Komura, analista da Potenza Capital, disse fluxo e fiscal impactam no movimento da Bolsa.

“Com o feriado semana passada nos Estados Unidos, tem desmonte de posição, mas a bolsa sofre menos, as commodities se seguram devido à relação com o dólar, já os bancos e B3 sofrem. O pacote fiscal ainda fica no radar dos investidores”.

Um analista de um grande banco disse que “o setor financeiro puxa a Bolsa pra baixo e o pacote fiscal ainda amedronta o mercado”.

O dólar comercial fechou em alta de 1,07%, cotado a 6,0663. A moeda refletiu, ao longo do dia, os temores de uma política protecionista nos Estados Unidos, e o ruído sobre o novo pacote fiscal, divulgado na última semana.

As ameaças do futuro presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em taxar os produtos de países dos Brics -Brasil, Rússia, China, India e África do Sul) caso o bloco mude a moeda de troca nos negócios internacional também impacta o real.

O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, explica que o dólar está forte globalmente contra todas as moedas, especialmente as ligadas às commodities.

Sobre a situação doméstica, Borsoi acredita que está ocorrendo um processo de desalavancagem do mercado local: “O pacote fiscal acabou com as projeções mais otimistas. Chegar em R$ 5,40, neste cenário, é impensável”, analisa.

Borsoi entende que o governo dá sinais de que “jogou a toalha” sobre o pacote fiscal, que falta uma defesa pública sobre as medidas apresentadas na última semana.

Marcos Weight, head de tesouraria da Travelex Brasil, disse que o pacote fiscal e a possível taxação dos Brics fazem a divisa disparar.

“A soma dos dois eventos puxa a moeda. O dólar está valorizando frente a todos os emergentes em torno de 0,70 e 1% pela má digestão do pacote [fiscal do governo apresentado na semana passada]”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham mistas, em movimento de ajuste, mostrando volatilidade. Por volta das 16h45 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 11,654% de 11,662% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 13,880%, de 13,960%, o DI para janeiro de 2027 ia a 14,075%, de 14,040%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 13,985% de 13,910% na mesma comparação. O dólar opera em alta, cotado a R$ 6,0593 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão desta segunda-feira em campo misto, com investidores atentos a uma série de indicadores econômicos e à expectativa pelo relatório de empregos (payroll) de novembro, que será divulgado na sexta-feira.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,29%, 44.782,00 pontos
Nasdaq 100: +0,97%, 19.403,9 pontos
S&P 500: +0,24%, 6.047,15 pontos

Paulo Holland / Camila Brunelli / Larissa Bernardes (Safras News)

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