Bolsa fecha em queda, em reação à vitória de Trump e à espera de corte de gastos e alta da Selic

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São Paulo, 6 de novembro de 2024 – O Ibovespa fechou o pregão desta quarta-feira em queda, com os investidores precificando o resultado da eleição presidencial dos Estados Unidos, que confirmou a vitória do republicano Donald Trump contra a democrata Kamala Harris. O mercado também manteve a expectativa em relação às medidas de redução de despesas públicas do governo federal, após falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na manhã desta quarta-feira, sinalizando reforço do arcabouço fiscal.

Com a vitória de Trump, o mercado agora avalia se a eleição do republicano pode alterar o cálculo da política do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) nos próximos meses. Para a decisão desta quinta-feira (7), no entanto, não deve haver surpresas: a expectativa é de redução de 0,25 ponto percentual da taxa de juros.

Os analistas do mercado financeiro avaliam que a vitória de Donald Trump favorece a valorização do dólar e deve deixar os juros americanos altos por mais tempo, impactando negativamente a B3.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também mencionou que “os mercados acordaram tensos” com a vitória de Donald Trump e reforçou a ideia de que é preciso cuidar da economia brasileira para evitar impactos externos.

Por aqui, além do aguardado corte de gastos, o mercado fica de olho na definição da taxa Selic, que será divulgada às 18h30 de hoje, com a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central brasileiro. Os investidores apostam em uma alta de 0,50 ponto percentual nos juros, passando de 10,75% para 11,25% ao ano. As incertezas giram em torno dos próximos passos a serem adotados pelo BC. Por isso, as atenções estarão todas voltadas para o tom do comunicado e eventuais pistas sobre os movimentos para a última reunião do ano.

Após abrir em baixa de mais de 1% nesta quarta-feira, o principal índice da B3 fechou em queda de 0,24%, aos 130.340,92 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro recuou 0,87%, aos 130.740 pontos. O giro financeiro foi de R$ 18,35 bilhões. Em NY, as bolsas fecharam em forte alta.

Entre as ações, os destaques de alta foram de Gerdau, Gerdau Metalúrgica, Petz, CVC, Embraer e JBS, enquanto as maiores baixas foram de Carrefour Brasil, CSN, Engie Brasil, B3 e Magazine Luiza.

Flávio Conde, analista de investimentos da Levante, avalia que a expectativa de alta dos juros nos Estados Unidos está relacionada às propostas de Trump, que incluem reduzir impostos para companhias abertas e lançar barreiras protecionistas, o que pressiona a inflação e os juros. “A agenda claramente nacionalista e isolacionista de Trump é extremamente favorável ao dólar e às ações americanas, que deverão se beneficiar de novas rodadas de estímulos tributários e afrouxamento fiscal. Isso é ruim para os países emergentes, pois eleva a percepção de risco e cria vulnerabilidades adicionais. A depreciação das moedas em relação ao dólar fragiliza seus equilíbrios econômicos e obriga os países a pagar mais juros por seus títulos, desequilibrando as contas públicas”, comentou.

O dólar comercial fechou em queda de 1,23%, cotado a R$ 5,6752. A moeda refletiu, a partir da segunda metade da sessão, a percepção de que de melhora do fiscal doméstico. No período da manhã, contudo, a confirmação da eleição de Donald Trump fez com o que o dólar operasse em forte, ultrapassando os R$ 5,80.

A economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, entende que “a alta da abertura foi exagerada. A vitória do Trump já estava precificada pelo mercado. Não foi uma surpresa, é um ajuste técnico”.

Quartaroli, contudo, acredita que um componente interno de ajuste fiscal também influi neste movimento.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em alta, refletindo a tensão pela proximidade da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a Selic e vitória de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos.

Por volta das 16h55 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 11,361% de 11,164% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 12,852%, de 12,640%, o DI para janeiro de 2027 ia a 12,997%, de 12,810%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 12,960% de 12,990% na mesma comparação. O dólar opera em queda, cotado a R$ 5,6752 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em forte alta, com o Dow Jones subindo 3,5%, enquanto os investidores digeriam a vitória de Donald Trump na eleição presidencial sobre Kamala Harris.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +3,57%, 43.729,93 pontos
Nasdaq 100: +2,95%, 18.983,5 pontos
S&P 500: +2,52%, 5.929,04 pontos

Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo (Safras News)

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