Bolsa fecha em queda, em uma sessão volátil, e com um dos piores volumes do ano; dólar encerra a R$ 5,32

626

São Paulo- A Bolsa fechou em queda, mas teve uma sessão bastante volátil e com um dos volumes mais baixo do ano sem a referência das bolsas em Nova York, que não funcionaram por causa do feriado da Independência por lá. Os investidores também mantiveram preocupação com a PEC dos benefícios.

Os destaques no campo negativo ficaram para as varejistas em meio a um cenário de juros altos e risco fiscal; as empresas ligadas às commodities também registraram perda com a desvalorização do minério de ferro na China e setor financeiro não escapou do mau humor.

Já as ações das petroleiras foram destaque no campo positivo com a alta do petróleo. As ações das Petrobras (PETR3 e PETR4), Petrorio (PRIO3) e 3RPetroleum (RRRP3) valorizaram 2,37% e 2,13%; 3,12% e 1,93%.

O principal índice da B3 caiu 0,34%, aos 98.608,76 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto perdeu 0,90%, aos 99.815 pontos. O giro financeiro era de R$ 11,3 bilhões.

Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos, comentou que “estamos com o pior volume do ano e muito se dá devido ao feriado nos Estados Unidos. A semana de indicadores importantes e risco fiscal doméstico deixam o investidor mais cauteloso”.

Idean Alves, sócio e chefe de mesa de operações da Ação Brasil Investimentos, afirmou que os investidores seguem temerosos com a PEC dos benefícios por causa do “risco constante de abertura de exceções à âncora fiscal em um ano de eleições”.

E as preocupações dos agentes financeiros seguem com os “resultados do terceiro trimestre das empresas, que indicam uma desaceleração da economia e a aproximação da temida recessão econômica”.

Lucas Mastromonico, operador de mesa de renda variável da B.Side, disse que o Ibovespa opera de lado “chegou a ficar com viés negativo por conta das commodities e hoje com o feriado nos Estados Unidos cai muito os negócios da Bolsa, que já não tem muito liquidez com o risco fiscal no radar”.

Esta semana tem votação da PEC dos benefícios na Câmara e “o mercado está bem preocupado, vamos ver como vai receber isso”.

Mastromonico destacou que na sexta-feira tem o IPCA aqui e o payroll nos Estados Unidos e “esses indicadores vão mostrar se será necessário nas próximas reuniões [de política monetária] aumentar mais ou não as taxas de juros e tudo isso deixa o investidor resguardado”.

E acrescentou que com a proximidade das eleições, os investidores local e estrangeiro ficam muito inseguros de colocar “os dois pés na Bolsa como fizeram 2020 e 2021 e, agora no final de julho, começam os balanços das empresas, e vamos ter uma noção de como vão vir os resultados diante da expectativa do mercado”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,05%, cotado a R$ 5,3250. A moeda brasileira chegou a ensaiar um movimento de correção, mas as incertezas fiscais domésticas e os novos casos de Covid na China não deixaram o real ganhar força, em uma sessão marcada pela baixa liquidez devido ao feriado nos Estados Unidos.

Segundo o sócio fundador da Pronto! Invest, Vanei Nagem, “existem grandes interrogações de como será este pacote de benefícios, o que faz com que 2023 fique cada vez mais preocupante”, referindo-se à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Bondade.

De acordo com o sócio da Nexgen Capital, Felipe Izac, “existe um temor por uma recessão global e que os bancos centrais estão meio perdidos”.

Os novos casos de Covid, na China, afetam as economias emergentes ligadas às commodities, especialmente as metálicas, como o Brasil: “Isso tem um potencial muito ruim”, avalia Izac.

O sócio da Nexgen também observa que as eleições devem começar a ser precificadas, com os presidenciáveis sendo mais destacados, e que qualquer sinalização de compromisso fiscal será bem-vista pelo mercado, assim como discursos populistas devem surtir o efeito contrário.

Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “o dólar perde força para o DXY (cesta de moedas desenvolvidas) com os investidores de olho na elevação no Banco Central Europeu (BCE), mas isso é pontual”.

“As moedas emergentes ficam comprometidas com os novos lockdowns na China, que também gera uma queda nos preços das commodities. O que vinha balizando era justamente a reabertura da China”, analisa Abdelmalack.

A economista entende que o ambiente fiscal, com a PEC da Bondade, deve seguir até o pleito presidencial: “Vamos navegar por um período mais complicado. O mercado está muito sensível e o ambiente de negócios tende a piorar”, contextualiza.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta nesta segunda-feira (4), acompanhando um cenário de risco fiscal no Brasil e o feriado de 4 de julho nos EUA, que diminui liquidez.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,730% de 13,695% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 13,450%, de 13,350%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,755%, de 12,650% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,690% de 12,615%, na mesma comparação.

 

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil / Agência CMA