Bolsa fecha em queda empurrada por commodities metálicas, dólar recua

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São Paulo- A Bolsa fechou em queda empurrada pelas ações das commodities metálicas, em que mais um dia o destaque ficou para a Vale (VALE3), papel de maior peso no índice, que recou 1,47%.

A Petrobras (PETR3 e PETR4) chegou a derrubar o índice na primeira metade do pregão com a fala do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, de que haverá mudança na política de preços da companhia e as ações da estatal despencaram para mais de 2%, mas recuperaram e fecharam no positivo. As declarações do ministro foram dadas à GloboNews.

As ações CSN (CSNA3) cederam 1,14% e da Gerdau (GGBR4) caíram 2,98% Usiminas (USIM5) baixou 0,97%.

Mais cedo o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campo Neto, participou do evento do Bradesco BBI e classificou o novo arcabouço fiscal como “superpositivo”. Ele também disse que a nova regra fiscal tira o risco de explosão da dívida.

O principal índice da B3 caiu 0,87%, aos 100.977,85 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril perdeu 1,19%, aos 101.085 pontos. O giro financeiro foi de R$ 23,4 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam sem direção única.

André Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, disse que as ações ligadas às commodities “puxam o Ibovespa para baixo”.

Fernandes comentou que o Grupo Assai (ASAI3), Alpargatas (ALPA4) e Natura (NTCO3), “caíam refletindo a discussão da retirada do desconto do ICMS da base de cálculo do IRPJ/CSLL que está atingindo as varejistas em cheio e, caso aprovado, deve impactar em seus resultados. Em relação à Natura, ademais do ICMS, o mercado “não digeriu bem a venda da Aesop recentemente, o melhor ativo do portfólio da empresa”.

Ubirajara Silva, gestor de renda variável, disse que a Bolsa cai com destaque para “os setores de siderurgia e mineração com o minério de ferro apresentando quedas significativas há alguns dias devido ao temor em relação ao crescimento global; a Petrobras recua forte com a entrevista do ministro [de Minas e Energia, Alexandre Silveira] à Globonews de revisar a paridade de preços [dos combustíveis] e não foi bem vista pelo mercado e acaba pesando bastante no Ibovespa; sexta-feira é feriado aqui em dia de payroll e o mercado deve estar assumindo posições mais cautelosas sendo que o número é importante para a decisão de política monetária do Fed”.

Alison Correia, CEO da Top Gain, disse que a Bolsa cai “com as blues chips e a fala do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, pesou depois que anunciou mudança na política de preços da Petrobras”.

Segundo um gestor de investimento do mercado financeiro, a Bolsa recua com ” o mercado temeroso de que pode ter recessão nos Estados Unidos, após vários dados do mercado de trabalho sinalizando desaceleração, a Vale que tem um peso forte no índice cai antes da divulgação do PM da China [à noite]; os investidores aguardam mais notícias sobre o arcabouço”.

O dólar fechou em queda. Os indícios que a economia dos Estados Unidos está entrando em um processo de desaceleração, até mesmo recessivo, liga o sinal de alerta no mercado e prejudica a moeda estadunidense.

Para o analista da Ouro Preto Investimentos Bruno Komura, “os PMIs dos Estados Unidos vieram abaixo das expectativas e reforçam o movimento que a gente viu ontem no mercado externo, de receio de uma recessão no curto prazo. Por outro lado, estes dados ajudam a corroborar a perspectiva de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) deve parar de subir os juros”.

O índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) de Serviços foi de 52,6 pontos (projeção de 53,8 pontos), o Composto foi de 52,3 pontos (projeção de 53,3 pontos) e o ISM de Serviços, também de março, foi a 51,2 pontos ante projeção de 54,3 pontos.

Komura entende que “depois dos dados mais fracos de ontem (Jolts), as apostas para o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) manter as taxas de juros ganharam força e o ADP confirma esta tese”.

O relatório divulgado pela Automatic Data Processing (ADP) e Macroeconomic Advisers apontou a criação de 145 mil vagas em março ante projeção 210 mil vagas.

O relatório Jolts, divulgado ontem, apontou a criação de 9,931 milhões de postos de trabalho em fevereiro nos Estados Unidos, uma queda sensível na comparação com o resultado de janeiro (10,563 milhões).

“Embora a pior das quedas na renda real das famílias tenha ocorrido no passado, ainda acreditamos que cerca de dois terços da pressão sobre a atividade real decorrente do aumento das taxas de juros ainda não foi sentida”, afirma a Capital Economics, em relatório. “Além do mais, a recente deterioração da saúde do sistema bancário global pode ampliar a pressão sobre a atividade real de taxas de juros mais altas, ou pelo menos aumentá-la”, completa.

O dólar comercial encerrou a sessão em queda de 0,66%, sendo negociado a R$ 5,0490 para venda e a R$ 5,0470 para compra. Durante o dia, a moeda norte-americana oscilou entre a mínima de R$ 5,0120 e a máxima de R$ 5,0760.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda com a fala de Campos Neto sobre o arcabouço fiscal.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,215% de 13,260% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 11,960%, 12,005%, o DI para janeiro de 2026 ia a 11,810%, de 11,880%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,905% de 11,990% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, com o Nasdaq recuando pela terceira sessão consecutiva, à medida que Wall Street seguiu preocupada com os temores de desaceleração econômica e se afastou de ativos de maior risco, como as ações de crescimento.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices futuros de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,24%, 33.482,72 pontos
Nasdaq 100: -1,07%, 11.996,9 pontos
S&P 500: -0,24%, 4.090,38 pontos

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA