Bolsa fecha em queda empurrada por commodities, na contramão de NY, dólar sobe

151

São Paulo – A Bolsa fechou em queda, na contramão de Nova York, empurrada pelas commodities, principalmente as metálicas, com o descontentamento do mercado com o pacote de estímulos chinês.

As ações da Vale (VALE3) caíram 3,03%. CSN Mineração (CMIN3) perdeu 4,70%. A Petrobras (PETR3 e PETR4) recuou 2,16% e 2% e PetroRio (PRIO3) contraiu 3,11%. Na contramão, a Azul (AZUL4) subiu 7,47%.

O principal índice da B3 caiu 0,38%, aos 131.511,73 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro recuou 0,41%, aos 131.765 pontos. O giro financeiro foi de R$ 19,9 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em alta.

Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, disse que “o pacote [de estímulos par impulsionar a economia chines] é positivo. O mercado queria que na volta do Golden Week fosse anunciado outro pacotão nos modos do anterior ao feriado, por isso gerou o descontentamento e está tendo um pouco de correção com o mercado digerindo isso para depois continuar a melhorar. Nos últimos 20 dias, a bolsa subiu mais de 30%. A gente acaba sofrendo porque grande parte da nossa bolsa é de empresas exportadoras e de commodities. Na abertura teve um pouco de exagero. O petróleo cai com possível cessar-fogo entre Israel e Hezbollah e puxa a Petrobras”.

Moliterno disse que os bancos, as empresas de consumo e varejo melhoraram, além da Azul que subiu com o acordo com os arrendadores.

O mercado “também gostou da sabatina do diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo”, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Ele foi indicado pelo presidente Lula para assumir a presidência do BC. Seu nome foi aprovado por unanimidade com 26 votos favoráveis, e agora a votação segue para o plenário do Senado.

Bruno Komura, analista da Potenza Capital, disse que o mercado estava esperando mais em relação ao pacote de estímulos da China. Ele explicou que “desde que os anúncios começaram, o mercado viu que o governo chinês estava mais preocupado com o crescimento da economia. Os anúncios recentes ajudam, mas não são suficientes. Os estímulos para o setor de construção civil não ajudam a melhorar a situação para o médio e longo prazo. Eles precisam estimular o consumo da população”.

Ubirajara Silva, gestor de renda variável independente, disse que “as commodities são as responsáveis pela queda do Ibovespa. A China [derruba a Vale]. O pacote de estímulos decepcionou os investidores, e o petróleo corrige altas recentes”.

No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em alta de 0,84%, cotado a R$ 5,5323. A moeda refletiu, ao longo da sessão, as incertezas sobre a China, avanço do conflito no Oriente Médio e os próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

Vanei Nagem, sócio da Pronto! Invest, disse que “o câmbio reflete o temor Israel atacar mais o Irã e gerar uma tensão maior, o payroll forte de sexta-feira (4) e a pressão da China [com o pacote de estímulos decepcionante] ainda fazem preço, e o mercado começa olhar com mais atenção a eleição presidencial de novembro nos EUA. Mas, o mercado está à espera de novas notícias”.

Lucas Brigato, sócio da Ethimos Investimentos, disse que o dólar sobe sob efeito de China.

“A economia chinesa está travada, o pacote de estímulos anunciado foi insuficiente e o preço do minério de ferro desabou, o impacto foi direto na Vale, que acaba puxando bolsa inteira pra baixo, e na contramão o dólar avança. A Vale abriu com gap gigante de queda”.

“Mais cedo, Zheng Shanjie, chefe da Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento (NDRC), disse em entrevista coletiva que o governo está confiante em manter um crescimento econômico estável e saudável e atingir a meta de crescimento anual, mas não apresentou medidas de grande abrangência para estimular ainda mais a economia. O mercado aguardava o anúncio de um pacote de estímulos acima de 1 trilhão de yuans, mas Zheng antecipou ‘apenas’ 100 bilhões de yuans (USD 14,1 bilhões) do orçamento para investimentos do ano que vem e outro montante equivalente para projetos de construção”, contextualizou a Ajax Asset.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham de lado em dia de volatilidade. O atual diretor de política monetária e indicado do governo à presidência do BC, Gabriel Galípolo, respondeu a perguntas dos parlamentares na Comissão de Assuntos Econômicos Durante a sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal e disse que tem total liberdade no cargo, sem ingerência do presidente Lula.

Por volta das 16h35 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 11,086% de 11,086% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 12,305%, de 12,295%, o DI para janeiro de 2027 ia a 12,340%, de 12,330%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 12,335% de 12,330% na mesma comparação.

No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão desta terça-feira em alta, com os investidores concentrando-se nos movimentos do petróleo e nos rendimentos dos títulos do Tesouro, enquanto monitoravam as tensões crescentes no Oriente Médio. Além disso, o mercado direciona sua atenção para os balanços do terceiro trimestre e o Indice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês), que podem oferecer pistas cruciais sobre o impacto dos cortes nas taxas de juros.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,30%, 42.080,37 pontos
Nasdaq 100: +1,44%, 18.182,9 pontos
S&P 500: +0,96%, 5.751,13 pontos

 

Paulo Holland, Camila Brunelli e Larissa Bernardes / Safras News