Bolsa fecha em queda empurrada por Vale e metálicas, descola do exterior; dólar recua

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São Paulo -A Bolsa fechou em tímida queda e não conseguiu acompanhar o bom humor global em um pregão de recuo das ações da Vale (VALE3), mineração e siderurgia e com valorização do setor financeiro. Os juros e o fiscal seguem no radar dos investidores.

O mercado recebeu mal o balanço da Usiminas (USIM5) referente ao primeiro trimestre deste ano e as ações despencaram 13,90%. trimestre deste ano.

O lucro líquido da companhia recuou 93% para R$ 36 milhões. Na comparação com igual período do ano passado, a queda foi de 96%.

As ações da Vale (VALE3) caíram 0,86%. Itaú (ITUB4) subiu 1,49% e Bradesco (BBDC3 e BBDC4) avançou 0,24% e 0,66%.

O principal índice da B3 caiu 0,33%, aos 125.148,07 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho recuou 0,61%, aos 126.595 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21,1 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.

Daniel Teles, especialista da Valor Investimentos, disse que o dia foi de muita oscilação no mercado de renda variável.

“O Ibovespa opera perto da estabilidade com as ações da Vale (VALE3) com o recuo do minério de ferro e siderúrgicas em queda, puxada pelo forte recuo de Usiminas por conta do balanço ruim no 1T24, Petrobras sofrendo correção e a retomada para os 125 mil pontos deve-se aos bancos, principalmente o Itaú”.

Thiago Pedroso, responsável pela área de renda variável da Criteria, disse que a Bolsa melhorou refletindo dados de PMIs nos Estados Unidos

“O PMI de setor de serviços -caiu para 50.9 pontos contra previsão de 52 pts, e em março foi 51.9 pontos. O índice de gerente de compra da indústria caiu para 49.9 pontos em abril contra estimativa de 52 pts, em março ficou em 51.7 pts. O mercado gostou porque os dados mostram desaceleração da economia americana e dá espaço para o Copom cortar juros na próxima reunião. Os PMIs podem antever os dados que vão sair à frente e mercado começa a acreditarem dados bons na semana-PCE e PIB. Com esse cenário abre espaço para o Fed voltar a conversar sobre corte de juros”.

Pedroso afirmou que a briga entre o governo e o Congresso é a única questão que está na pauta do mercado, mas o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse que não tem problema específico com o governo, mas com o ministro Alexandre Padilha (PT-SP). Lira disse que está disposto a seguir com a agenda do governo e “o mercado está olhando isso de perto porque pode impactar diretamente nas aprovações que o governo precisa passar pelo Congresso e nas pautas-bomba”. O presidente Lula em coletiva de imprensa também disse não ter problemas com o Congresso.

Sidney Lima, analista da Ouro preto Investimentos, disse que dois pontos mexeram com o humor do mercado.

“A alteração da meta fiscal [de 0,5% do PIB para zero para 2025], que deixa muito investidor sem saber se arrisca, e o boletim Focus divulgado essa manhã com a mudança da Selic para o ano que vem de 8,5% para 9,00%. Há quatro semanas o documento trazia a taxa básica em 8,5%, por mais que o mercado já estivesse trabalhando com os 9%, agora se concretizou a percepção do mercado. A alteração da inflação para 2025 também pesou-passou de alta de 3,56% para 3,60%-mas não como a Selic”. Lima completou que a baixa da Vale e siderúrgicas também impacta negativamente devido ao recuo do minério de ferro e balanço da Usiminas, apesar de uma queda generalizada das ações no índice.

O dólar comercial fechou em queda pelo terceiro pregão seguido, cotado a R$ 5,1290 acompanhando seus pares e beneficiado por uma atividade econômica nos Estados Unidos -os PMIs de serviço e da indústria- em desaceleração, o que pode abrir espaço para um corte de juros por lá.

Flávio Serrano, economista-chefe do banco Bmg, o dólar cai porque o PMI mais tranquilo “ajudou a acalmar lá fora e o real está performando bem”.

Serrano completou que a decisão de política monetária nos Estados Unidos é semana que vem [30 e 01 de maio] e “agora o mercado reage aos dados. Atividade mais moderada vai ajudar na percepção de cortes do ano”, disse.

O índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) sobre a atividade o setor de serviços dos Estados Unidos caiu para 50,9 pontos em abril, de 51,9 em março.

Já o índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) sobre a atividade industrial do país caiu para 49,9 pontos em abril, de 54 em março. Os dados são do instituto de pesquisas S&P Global.

Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, disse que a moeda estrangeira perdeu tração e “isso está relacionado ao sentimento internacional; as treasuries atraem investidores, mas hoje o movimento é oposto com a queda do rendimento dos títulos norte-americanos. Vale lembrar que a divisa teve altas recentes”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em queda acompanhando o rendimento dos títulos do Tesouro norte americano de 10 anos -treasuries.

Por volta das 16h25 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,300%, de 10,320% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 10,505% de 10,520%, o DI para janeiro de 2027 ia a 10,815%, de 10,830%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,090% de 11,165% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar comercial operava em queda cotado a R$ 5.1284 para a venda.

Os principais índices de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em campo positivo, enquanto os investidores focados nas bigtechs se preparavam para uma nova onda de balanços do setor nesta semana, começando hoje pela Tesla – que enfrenta dificuldades.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,69%, 38.503,69 pontos
Nasdaq 100: +1,59%, 15.696,6 pontos
S&P 500: +1,19%, 5.070,55 pontos

 

Com Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News