Bolsa fecha em queda, ignora alta das blue chips e IPCA-15 abaixo do esperado; dólar sobe

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São Paulo -A Bolsa fechou em queda ignorando a alta das blue chips, o resultado do Índice de Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) abaixo do esperado e o fechamento da curva de juros.

O mercado aguarda o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) aqui, dados da economia americana e falas de presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell no Tesouro dos EUA.

A Vale (VALE3) subiu 0,44%. Petrobras (PETR3 e PETR4) registrou alta de 0,07% e 0,73%, respectivamente, e Itaú (ITUB4) fechou no positivo em 1,26%.

Mais cedo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA-15 subiu 0,13% em setembro e a expectativa do mercado de acordo com o Termômetro CMA-+0,29%. Já no acumulado dos últimos 12 meses, a variação foi de 4,12%, abaixo do apurado pelo Termômetro CMA (+4,30%).

O principal índice da B3 caiu 0,43%, aos 131.586,45 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro perdeu 0,46%, aos 132.255 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21,5 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.

Um analista de um grande banco disse que a Bolsa corrige um pouco e chama atenção para a queda da B3 (B3SA3) em um momento em que cresce a possibilidade da abertura de uma nova bolsa brasileira e com o volume baixo de negócios, disse.

Felipe Castro, planejador financeiro e sócio da Matriz Capital, disse que o Ibovespa opera em baixa em um dia sem novidades. A prévia da inflação, divulgada pelo IBGE do mês ficou abaixo da expectativa do mercado, e apesar de esse arrefecimento ainda não reflete a alta da taxa básica de juros da semana passada.

Bruno Benassi, analista de ativos na corretora Monte Bravo, disse que as commodities e bancos sustentam a Bolsa, IPCA-15 não faz preço.

“A composição do IPCA-15 foi boa, mas não reflete na performance da Bolsa como vemos na curva de juros e não se sabe o motivo. Esperava um impacto maior no Ibovespa, principalmente em setores sensíveis a juros [depois do resultado da prévia da inflação]. Algumas construtoras sobem como Cyrela e Eztec, mas o restante cai. O Indice Small Caps está caindo. As ações de Petrobras e Vale seguram a Bolsa. Os bancos também sobem com o item de Serviços [do IPCA-15] pressionado favorece os bancos a terem disposição de aumentar a carteira de crédito”.

Benassi ressaltou que a boa performance da Petrobras é atribuída ao aumento de recomendações de vários bancos nacionais e estrangeiros para compra do papel. Isso vem ocorrendo já há 15 dias. Ontem o JP Morgan elevou a recomendação do papel de neutro para overweight (equivalente a compra) e o preço-alvo das ações ordinárias (PETR3) passou de R$43 para R$49, e das preferenciais de R$ 40,50 para R$ 46,50.

Vicente Matheus Zuffo, fundador e CIO da Chess Capital, disse que “o IPCA15 veio bem abaixo do esperado, no entanto, acredito que o problema fiscal voltou à tona após o relatório bimestral de receitas e despesas. O mercado não está percebendo nenhum esforço do governo em relação às metas fiscais. E a alta da Selic não ajudou”.

Beto Saadia, diretor de investimentos da Nomos, disse que o IPCA-15 “surpreendeu e ficou muito abaixo das expectativas. Mostra, de toda forma, que a deflação na divulgação anterior do IPCA fechado referente ao mês de agosto foi pontual como já prevíamos. O preço dos serviços surpreendeu pra baixo em relação à expectativa e o mercado vai reagir bem. Hoje, esse conjunto é o que mais preocupa o Banco Central, pois é reflexo do “hiato positivo” tantas vezes mencionada no comunicado e na Ata do Banco Central”.

No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em alta de 0,29%, cotado a R$ 5,4760. A sessão foi marcada pela falta de um driver específico, refletindo em correção e realização da divisa estadunidense.

O sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem observa que, além da correção, o movimento de hoje é de realização, e vai além: “A parte fiscal não está boa, infelizmente. O governo não mostra onde vai enxugar os gastos”, avalia.

Para a economista-chefe da Veedha Investimentos Camila Abdelmalack, o movimento de hoje “talvez seja uma correção e de olho nas Treasuries, sem muita novidade”.

Abdelmalack acredita que a euforia gerada pelos estímulos à China deve ter efeito a curto prazo: “Não é algo sustentável”, avalia.

Diferentemente do dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em queda, depois de uma pequena oscilada dos vertices mais longos, que chegaram a performar em terreno positivo durante algumas horas do pregão por conta do arrefecimento do dólar.

Por volta das 16h45 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,990% de 11,025% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 12,085%, de 12,140%, o DI para janeiro de 2027 ia a 12,125%, de 12,120%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 12,195% de 12,210% na mesma comparação.

No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, após os mercados atingirem recordes históricos nos últimos dias, à medida que os investidores avaliam o estado da economia e as chances de outro grande corte na taxa de juros.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,70%, 41.914,75 pontos
Nasdaq 100: +0,04%, 18.082,2 pontos
S&P 500: -0,18%, 5.722,26 pontos

Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News