Bolsa fecha em queda no penúltimo pregão do ano, com baixa liquidez; na semana cai 1,5%

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São Paulo, 27 de dezembro de 2024 – A Bolsa fechou em queda no penúltimo pregão do ano, oscilou entre a mínima de 120.252,07 pontos e máxima de 121.609,40 pontos, e em dia de baixa liquidez.

Os investidores analisaram os números positivos do mercado de trabalho referente a novembro e a prévia da inflação de dezembro, que apesar de mostrar desaceleração ainda preocupa o mercado. Na semana, o Ibovespa caiu 1,50%.

O destaque de alta ficou para a Brava Energia (BRAV3), que subiu 10,63% com a notícia de que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) autorizou a retomada da produção no campo de Papa-Terra. Na ponta negativa, a liderança ficou para Vamos (VAMO3) com perda 7,17%.

Os frigoríficos sofreram na sessão de hoje refletindo a notícia de que foi aberta uma investigação, por parte da China, sobre importação de carne bovina do Brasil, o que indica um protecionismo chinês.

Mais cedo, o IBGE divulgou o Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que caiu 0,34% e finalizou o ano a 4,71%.

Em relação ao mercado de trabalho, a Pnad Contínua mostrou que a taxa de desemprego no trimestre até novembro caiu a 6,1%. Já o Ministério do Trabalho e Emprego informou que foram criados 106.625 empregos formais em novembro, de acordo com o Caged.

O principal índice da B3 caiu 0,66%, aos 120.269,31 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro recuou 0,93%, aos 121.470 pontos. O giro financeiro foi de R$ 17,1 bilhões. Nos EUA, os índices fecharam em queda.

Diego Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que o mercado está em compasso de espera e opera em patamares parecidos com a véspera.

“O Ibovespa está operando na mesma faixa de preços que ontem, é mais um movimento técnico. Não tem nenhum drive para o mercado perder esse patamar agora. O mercado está em compasso de espera para final de ano e novos acontecimentos. O volume [financeiro] está muito baixo”.

Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, disse que o mercado segue com falta de apetite ao risco e de olho nas questões fiscais.

“No último dia da semana, o mercado ainda segue avesso a risco e preocupado com as questões fiscais e inflacionárias. Os dados de emprego vieram positivos, no nível mais baixo de desemprego. Em contrapartida, saiu o IPCA 15, que mostrou uma desaceleração, mas quando a gente abre o índice, vemos serviços acelerando, pressionando. Esse é um ponto preocupante da notícia positiva da desaceleração do índice”.

Em relação às ações, Moliterno disse que as empresas de siderurgia e mineração caem em bloco com “os dados negativos da China, principalmente a queda forte do minério de ferro. Os bancos estão levemente estabilizados, Petrobras esboçando uma certa reação e do lado dos frigoríficos, temos Marfrig e Brasil Foods bem mais pesadas do que JBS. Isso tem um pouco a ver com menos exposição aos Estados Unidos. O volume financeiro do mercado é baixo hoje”.

Segundo Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, “o IPCA de novembro variou 0,34%, abaixo da mediana do mercado, de 0,46%, e da projeção da Ativa Investimentos, de 0,54%. A análise dos resultados mostra que, apesar de o índice geral (headline) ter sido mais fraco, a abertura apresentou uma assimetria estrutural para cima, evidenciando ainda receios quanto ao comportamento inflacionário. Preliminarmente, nossa projeção para o IPCA fechado de dezembro foi reduzida de 0,54% para 0,39%”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,21%, cotado a R$ 6,1903. A sessão foi marcada por poucas oscilações, e na falta de um driver específico o fiscal doméstico seguiu preponderante. Na semana, a moeda teve valorização de 1,93%.

Para o analista da Potenza Capital Bruno Komura, na falta de novidades o real segue enfraquecido pelo fiscal doméstico, e as perspectivas de que tanto as medidas de ajustes quanto o orçamento terão dificuldades para serem aprovados no Congresso, gerando atrito entre os poderes.

A queda do minério de ferro, refletindo a situação de incertezas na China, também impacta as moedas emergentes ligadas às commodities, observa Komura.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham mistas impactadas pelos dados da prévia da inflação e do mercado que trabalho.

Por volta das 17h00 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 12,155% de 12,155% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 15,335%, de 15,410, o DI para janeiro de 2027 ia a 15,740%, de 15,700%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 15,655% de 15,590% na mesma comparação. O dólar opera em alta, cotado a R$ 6,1998 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo negativo, apesar de registrarem alta na semana, enquanto Wall Street avança para o fim de um ano amplamente triunfante.

Após acumularem ganhos impressionantes ao longo do ano, algumas das maiores empresas de tecnologia perderam terreno, com investidores aproveitando para realizar lucros, rebalancear portfólios ou reavaliar suas altas valorizações. A Tesla caiu 5%, a Nvidia recuou cerca de 2% e a Amazon teve uma queda de 1%.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,77%, 42.992,21 pontos
Nasdaq 100: -1,49%, 19.722,0 pontos
S&P 500: -1,10%, 5.970,84 pontos

Confira abaixo a variação dos índices na semana:
Dow Jones: -0,35%
Nasdaq 100: -0,76%
S&P 500: -0,67%

Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Safras News

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