Bolsa fecha em queda pelo 2º dia seguido após episódio de Americanas e pacote fiscal, mas na semana encerra em alta de 1,79%; dólar; tem leve alta

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São Paulo – A Bolsa encerrou em queda pelo segundo dia seguido após repercussão do episódio da Americanas (AMER3) e da divulgação do pacote fiscal do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que visa reduzir o déficit fiscal para 1% do PIB. As medidas econômicas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva divergem entre os analistas de mercado. Em uma semana de ataques de vândalos em Brasília, o Ibovespa fechou no positivo de 1,79%.

O escândalo da Americanas (AMER3) com a descoberta de “inconsistências contábeis” em seu balanço em que fez as ações da companhia caírem mais de 75%, na sessão de hoje subiram 18,38%.

Os papéis de Magazine Luiza (MGLU3) avançaram 7,52% no embalo da varejista. As demais ações do setor registaram queda. Via (VIIA3) caía 3,65%; Grupo Soma (SOMA3) perdeu 3,00%. Lojas Renner (LREN3) cedeu 5,17%.

O principal índice da B3 caiu 0,83%, aos 110.916,08 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro perdeu 0,73%, aos 112.170 pontos. O giro financeiro foi de R$ 20,6 bilhões. Em NY, as bolsas fecharam em alta.

Carlos André, analista-chefe da casa de análise do TC, disse que o mercado reflete as medidas anunciadas ontem pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de redução do déficit público para 2023, mas destaca o pacote “não é suficiente”.

Em relação à Americanas, André explicou que “boa parte de quem que vendeu ontem [Americanas] está recomprando a [as ações da] empresa, depois de ter caído mais 75% na véspera, o que pode sinalizar que esteja um pouco barata; todo o varejo cai com exceção Magazine Luiza (MGLU3)”.

Mais cedo, Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos, disse que a queda na Bolsa reflete a desvalorização do setor bancário e o pacote do Haddad. ”

“Os bancos estão sofrendo com a dívida que a Americanas têm porque muitos são credores, efeito no pós-Americanas e o mercado está absorvendo as notícias do impacto econômico que as medidas do Haddad [ministro da Fazenda] poderiam gerar; o Haddad tem se mostrado em fazer o controle fiscal e o mercado tem gostado disso, mas ele ainda não tem demonstrado força política para fazer isso acontecer”.

O head de renda variável da Diagrama Investimentos acrescentou que o ambiente externo também “não ajudou a melhora a Bolsa”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,15%, cotado a R$ 5,1070. A moeda refletiu o bom humor global com a reabertura da economia chinesa e o comedimento fiscal que a equipe econômica de Lula tem apresentado. Na semana, o dólar teve queda de 2,48%.

Segundo o analista da Ouro Preto Investimentos Bruno Komura, “refletimos o mercado lá fora, com uma expectativa bem otimista, achando que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) precisa aliviar o ritmo de aumento de juros, e isso aumenta o apetite global ao risco”.
Komura entende que as sinalizações mais moderadas e fiscalistas da nova equipe econômica têm ajudado a moeda brasileira: “Nos olhos do investidor, o Brasil é atrativo e isso mantêm o fluxo estrangeiro, o que deve aumentar ainda mais”, projeta.

De acordo com o sócio fundador da Pronto! Invest Vanei Nagem, “o pacote do Governo foi bem aceito, e não teve nada de radical, que é o que o mercado temia. O dólar pode chegar a R$ 5,00 na próxima semana”.
Nagem entende que o cenário externo é positivo, com a desaceleração da inflação nos Estados Unidos e a reabertura chinesa, o que favorece as moedas emergentes ligadas às commodities.
Para a economista-chefe do Banco Ourinvest, Fernanda Consorte, “o mercado parece que gostou do pronunciamento de Haddad sobre a série de medidas fiscais para o governo registrar superávit neste ano. Os sinais de comprometimento fiscal do novo governo, combinado à desaceleração da inflação nos Estados Unidos e o fim da política de Covid zero na China são os fatores que têm beneficiado o câmbio”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda com percepção crescente de tranquilidade política e fiscal. O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,445% de 13,460% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 12,415%, de 12,430%, o DI para janeiro de 2026 ia a 12,245%, de 12,210%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,215% de 12,155% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava de lado, cotado a R$ 5,1030 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em alta, registrando o melhor ganho semanal desde novembro do ano passado, com Wall Street apostando na desaceleração da inflação em 2023 e num afrouxamento da subida de juros implementada pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,33%, 34.302,61 pontos
Nasdaq 100: +0,71%, 11.079,2 pontos
S&P 500: +0,39%, 3.999,09 pontos

Pedro do Val de Carvalho Gil/Paulo Holland/ Darlan Azevedo