Bolsa fecha em queda pelo 2º dia seguido sob efeito das commodities; dólar encerra a R$ 5,61

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Foto: Svilen Milev / freeimages.com

São Paulo -A Bolsa fechou em queda pelo segundo dia consecutivo sob efeito das commodities-minério de ferro e petróleo-, o que impacta Vale e Petrobras-ações de peso no índice.

Somado a isso, o mercado espera com atenção os detalhes sobre o congelamento de R$ 15 bilhões em despesas para atingir as metas do arcabouço fiscal e na expectativa para a decisão de juros aqui e nos Estados Unidos amanhã (31).

A Petrobras (PETR3 e PETR4) caiu 0,72% e 0,62%. A Vale (VALE3) recuou 2,20% enquanto os frigoríficos subiram-Minerva (BEEF3) avançou 1,77%, JBS (JBSS3) +2,91%.

O principal índice da B3 caiu 0,64%, aos 126.139,21 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto recuou 0,87%, aos 126.680 pontos. O giro financeiro foi de R$ 16,8 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.

Ubirajara Silva, gestor de renda variável independente, disse que a Bolsa está sofrendo com as commodities, à espera de detalhes sobre contenção de gastos do governo e reunião do Copom e Fed.

“O petróleo caindo 1% e minério de ferro quase 3% -vem com uma sequência de queda há alguns dias e isso vai impactando a performance de Petrobras e Vale. Ambas têm peso relevante no Ibovespa. A Vale está em linha com seus pares globais. As ações da economia interna, como varejo e bancos, estão bastante. Já os frigoríficos e Embraer sobem, sem grandes notícias no setor. Existe uma rotação de carteira, o investidor sai de ações de commodities e mercado interno e migra para outras empresas. O mercado está apreensivo à espera de como vai ser o contingenciamento de gastos, que será anunciado no final do dia pelo governo. Em relação ao Copom, a expectativa é de um comunicado mais duro e o que o Fed sinalize o número de cortes de juros”.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, disse que a queda na Bolsa reflete a desvalorização das commodities e tensão pré-Fomc.

“Era esperado o anúncio de alguma medida pela China e não veio. Só falaram que vão apoiar a economia, ficou indefinido o que vão fazer. A tendência é que só tenha um respiro após a decisão. O investidor vai aguardar e depois tomar risco, agora é melhor ficar na defensiva”.

Alexandre Siqueira, assessor de investimentos e especialista em renda variável do Grupo Fractal, disse que commodities e decisão de política monetária aqui e no exterior.

“O principal impacto na bolsa vem das commodities, com recuo do minério de ferro afetando a Vale e petróleo Brent em queda refletindo na Petrobras. Esta é uma semana de bastante cautela com e a divulgação da taxa Selic amanhã (31) e indicadores importantes- Caged [foram criadas 201,7 mil vagas com carteira assinada em junho, alta de 29,55% ante igual período de 2023] e payroll-relatório de emprego do cidadão urbano americano-na sexta (2)”.

O dólar comercial fechou a R$ 5,6177 para venda, com desvalorização de 0,13%. Às 17h10min, o dólar futuro para agosto tinha alta de 0,10% a R$ 5.623,500. O Dollar Index, que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de unidades, tinha estabilidade a 104,56 pontos. O dia foi de muita volatilidade e cautela, com a moeda operando lateralizada.

Entre os fatores que ficaram no radar do investidores destaque para a queda das commodities – petróleo, minério de ferro -, a espera pelo detalhamento sobre a contenção de despesas pelo governo e, principalmente a cautela antes da decisão de juros nos Estados Unidos amanhã (31) e a posição do banco central do Japão de reduzir compra de ativos e possível aumento de juros.

Também mereceu atenção dos investidores o posicionamento frente à decisão do Comitê de Política Monetária sobre a Selic, na Super Quarta.

“A queda das commodities pressiona as moedas de países exportadores de commodities como o Brasil, e na parte da manhã, esse recuo refletiu no dólar. Outro ponto é a preocupação com o BC do Japão, que está sinalizando que vai diminuir as compras de ativos e discutirá sobre aumento juros-que é menos provável. O fato é que o banco central japonês vai ficar mais hawkish, depois de recentemente fazer intervenção na moeda e acabou tirando fluxo dessa operação. Por aqui, o mercado aguarda os detalhes sobre o contingenciamento e bloqueio das despesas e isso talvez gere um pouco de apreensão no mercado de câmbio. Amanhã é dia de formação de Ptax, mas como tivemos um período de pressão no câmbio, a moeda não deve depreciar mais. Hoje, o peso mexicano está mais depreciado que o real. Com o Fed amanhã, o mercado espera para ver se vai acontecer o aguardado, sinalização de cortes de juro”, disse Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo.

Bruno Komura, analista da Potenza Capital, os dados do Jolts vieram “mais ou menos em linha” e não mudam a expectativa de início de corte em setembro. “Apesar da perspectiva otimista do mercado, o dólar opera em leve alta mostrando cautela. O mercado sempre vai tentar se proteger, e qualquer problema o investidor vai para o dólar.”

Os Estados Unidos registraram 8,184 milhões de postos de trabalho abertos no último dia útil de junho, uma queda em relação aos 8,230 milhões registrados um mês antes (dado revisado), segundo o relatório de emprego e vagas (Jolts, na sigla em inglês) divulgado pelo Departamento do Trabalho, que não inclui o setor rural. A previsão era de 8,02 milhões de vagas.

Houve 5,341 milhões de contratações em junho, ante as 5,655 milhões feitas em abril (dado revisado). Houve 5,095 milhões de demissões em junho, após as 5,397 milhões um mês antes (dado revisado).

Hoje, ainda, o governo deve publicar a lista de bloqueios orçamentários que cada ministério precisa fazer para cumprir a meta fiscal deste ano. Segundo O Globo, mais da metade dos recursos serão cortados do PAC (R$ 8 bilhões do total de R$ 15 bilhões de cortes), já que ele concentra a maior parte das despesas discricionárias. Os cortes devem ser relativamente proporcionais ao orçamento de cada pasta, e por isso devem atingir Transportes (obras de rodovias e infraestrutura), Cidades (Minha Casa, Minha Vida), e Integração e Desenvolvimento Regional (Água para todos).

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em queda, a exemplo do movimento dos Treasuries e cautela no primeiro dia de reunião de política monetária aqui e lá fora, que termina amanhã (31).

Por volta das 16h50 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,710% de 10,730% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,670%, de 11,725%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,935%, de 12,005%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 12,050% de 12,125% na mesma comparação. O dólar comercial operava em queda, cotado a R$ 5,6192.

Os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam a sessão em campo misto, às vésperas da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e de uma série de balanços trimestrais de grandes empresas de tecnologia.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,50%, 40.739,20 pontos
Nasdaq 100: -1,28%, 17.147,42 pontos
S&P 500: -0,50%, 5.435,39 pontos

 

Dylan Della Pasqua, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News