Bolsa fecha em queda, perto da estabilidade, commodities e resultados corporativos seguram índice; dólar sobe

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Indicadores da Bolsa de Valores

São Paulo -A Bolsa fechou em queda de 0,13%, estável, em um pregão apático com as empresas ligadas às commodities e os bons resultados corporativos segurando o índice. Na semana, o índice recuou 0,46%.

As ações da Vale (VALE3) subiram 3,40% com o mercado recebendo bem o resultado do 3T24 e a resolução do acordo da tragédia do rompimento da barragem de Mariana em novembro de 2015.

Ontem, a companhia reportou lucro líquido da de US$ 2,412 bilhões, 15% menor ante mesmo período do ano passado, e 13% inferior ante o segundo trimestre. No ano, o lucro líquido chegou a US$ 6,8 bilhões, alta de 23% em relação aos nove primeiros meses de 2023.

Mais cedo, a Usiminas também divulgou resultado do 3T24 e agradou o mercado. As ações avançaram 4,23%. A empresa reportou um lucro líquido de R$ 185 milhões no terceiro trimestre. Isso reverteu o prejuízo de R$ 166 milhões do mesmo período de 2023.

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) subiram 0,99% e 0,69%.

O principal índice da B3 caiu 0,13%, aos 129.893,32 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro recuou 0,32%, aos 131.735 pontos. O giro financeiro foi de R$ 19,7 bilhões. Os índices norte-americanos fecharam mistos.

Rodrigo Moliterno head de renda variável da Veedha Investimentos, disse que os balanços do 3T24 ajudam a Bolsa em dia de agenda vazia.

“O mercado está repercutindo resultado da Vale, que apesar de ter vindo abaixo do trimestre do e ano passado, veio acima das expectativas dos analistas e ajudou a impulsionar o papel. A resolução do caso de Mariana [rompimento da barragem] agradou o mercado. Usiminas e Suzano soltaram bons resultados, mas o mercado está apático. O setor financeiro que vinha performando bem ao longo da semana realiza hoje. O volume da bolsa está baixo”.

Christian Iarussi, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital que a Bolsa reflete alta das commodities e preocupação com o cenário interno.

“O que de certa forma segurou o Ibovespa foi especialmente o setor de commodities com a alta nos preços do minério de ferro e petróleo. Além disso, a Vale e Usiminas apresentaram balanços trimestrais sólidos, com lucros significativos que superaram as expectativas do mercado, mas a cautela nos mercados impede um tom mais otimista”.

Dyego Galdino, Ceo e sócio fundador da Kaya Asset Management, disse que Vale e Petrobras seguram o índicie.

“A Vale teve um resultado bom no 3T24 [divulgado ontem após o fechamento], em relação ao ano passado registrou queda, mas a relação futura com o minério de ferro vai ajudar a companhia. A valorização do petróleo, principalmente por conta do conflito no Oriente Médio, ajuda a impulsionar o Ibovespa”.

Galdino comentou que a semana foi de queda do índice, mas “com os resultados bons das empresas de commodities -Vale, Usiminas e Suzano-, o índice se recupera. Há muita compra no patamar dos 129 mil pontos, principalmente dos institucionais, o que ajuda a impulsionar o índice e manter os 130 mil”.

Em relação ao fiscal, o Ceo e sócio fundador da Kaya Asset Management, acredita que o pacote fiscal que o governo deve anunciar depois do segundo turno das eleições municpais “será positivo pela pressão da popularidade, daqui a dois anos temos eleições [presidenciais]. Eles [governo] viram que não está afetando só o mercado como todo, mas a economia real, que sofre com essas incertezas [fiscais]”.

No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em alta de 0,76%, cotado a R$ 5,7055. A divisa oscilou entre a mínima de R$ 5,6659 e máxima de R$ 5,7133. O movimento foi marcado por dúvidas sobre o fiscal interno e a preocupação com a resiliência da economia americana. Na semana, valorizou 0,09%.

Mais cedo, foi divulgado que os bens duráveis nos Estados Unidos caíram 0,8% em setembro – as projeções eram de -1,0%.

Para o sócio da Ethimos Investimentos Lucas Brigato, o problema é interno: “Enquanto o fiscal estiver assim, o investidor vai dar uma segurada”, avalia.

Segundo a economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, os constantes sinais de aquecimento da economia estadunidense contribuem para que o dólar ganhe força na última sessão da semana.

Da mesma forma que o dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em alta por valorização do dólar, preocupação com uma aceleração da inflação e comprometimento maior com o quadro fiscal doméstico.

Por volta das 16h33 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 11,242% de 11,224% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 12,680%, de 12,590%, o DI para janeiro de 2027 ia a 12,820%, de 12,695%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 12,825% de 12,695% na mesma comparação.

No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em direções opostas, com os juros dos Treasuries em alta pesando sobre os índices enquanto a incerteza sobre o próximo movimento do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) pairava sobre uma temporada de lucros robusta em pleno andamento. O Nasdaq foi o destaque positivo e conseguiu encerrar a semana perto da estabilidade.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,61%, 42.114,40 pontos
Nasdaq 100: +0,56%, 18.518,60 pontos
S&P 500: -0,02%, 5.808,12 pontos

 

Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência Safras News