Bolsa fecha em queda por cautela com fiscal e juros americanos; na semana cai 3%; Dólar sobe

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São Paulo, 24 de maio de 2024 – A Bolsa fechou em leve queda com o mercado cauteloso em relação ao fiscal doméstico e o início de corte de juros nos Estados Unidos, em uma semana em que a ata dura do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) sinalizou que as taxas podem ficar altas por mais tempo. O Ibovespa acumula perdas de 3% na semana.

A Azul (AZUL5) ficou entre as maiores altas do Ibovespa, com 5,17% e Magazine Luiza (MGLU3) liderou as quedas de 5,63%.

O principal índice da B3 caiu 0,33%, aos 124. 305,57pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho perdeu 0,50%, aos 124.810 pontos. O giro financeiro foi de R$ 16,8 bilhões. Em Nova York, as bolsas operavam em alta.

Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, disse que o dia e a semana devem fechar no negativo

“O mercado ainda está bastante avesso a risco, com cautela. O pregão começou fraco e notícias de inflação foram chegando ao longo do dia e acabou pesando. O mercado ficou de olho nas falas de Campos Neto [Roberto Campos Neto, presidente do BC], nas expectativas dele em relação à inflação no geral. Na contramão temos as siderúrgicas que refletem as recomendações do setor pelo Bank of America-elevou as recomendações de Gerdau (PN, +1,46%), CSN (ON, +2,44%) e rebaixou Usiminas (USIM5; -1,24%). Entre as aéreas, o compartilhamento das aeronaves entre a Gol fiz com que os papéis tivessem uma performance positiva, mas o mote do mercado continua sendo a inflação para tentar decifrar quando vai ter corte de juros, principalmente no mercado externo”.

Matheus Spiess, disse que não tem gatilho positivo para a Bolsa no curto prazo em razão do fiscal doméstico e os juros nos Estados Unidos.

“Esse cenário não tem cara de mudança até que a gente tenha sinais mais claros desses ruídos locais e lá fora o corte de juros. Aqui é uma desancoragem das expectativas por conta de um fiscal todo atrapalhado e toda a incerteza em relação à âncora fiscal e monetária comprometidas. Isso acaba prejudicando os ativos de risco. E por outro lado existe uma certa tensão ou não de queda de juros nos Estados Unidos. No momento [da divulgação] da ata foi ruim, mas ela foi velha e veio antes do payroll e do CPI. Ontem o dado do PMI foi em linha com a ata porque mostrou uma atividade ainda robusta e isso gera certa apreensão na possibilidade de dois cortes. Não acredito em alta das taxas de juros, mas é provável a alta [juros] por mais tempo e prejudica os ativos de risco. Aqui, vamos ver se o Campos Neto [Roberto Campos Neto, presidente do BC] vai falar alguma coisa, mas ele está de saída. O Galípolo [Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do BC] veio com discurso [na ata do Copom] alinhado com arcabouço técnico”.

Mais cedo, foram divulgados os pedidos de bens duráveis de abril dos Estados Unidos, que subiram 0,7% em abril na comparação com o mês anterior, acima do esperado pelo mercado de +0,8%. O índice de confiança do consumidor avançou para 69,1 pontos, acima do esperado pelo mercado, de 67,5 pontos.

O dólar comercial fechou em alta de 0,29%, cotado a R$ 5,1679. A moeda refletiu, ao longo da sessão, a agenda esvaziada e certa cautela do investidor devido ao Memorial Day, feriado que irá fechar a bolsa norte-americana na próxima segunda (27). Na semana, a divisa estadunidense teve valorização de 1,29%.

Para o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, “a moeda está oscilando pouco, com liquidez limitada. Não temos nenhum indicador relevante hoje”.

Nagem acredita que o investidor espera por indicadores dos Estados Unidos que irão sair na próxima semana, e podem ser influenciar nas próximas decisões do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em alta, depois da fala pessimista do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, durante o Seminário Anual de Política Monetária.

O DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,405%, de 10,385% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 10,830% de 10,735%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,135%, de 11,040%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,390% de 11,305 na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar comercial operava em alta, cotado a R$ 5,5,1679 para a venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em alta, enquanto Wall Street tentava se recuperar da maior queda do Dow Jones em mais de um ano, em meio às preocupações renovadas com as taxas de juros alimentando a queda acentuada da sessão anterior.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,01%, 39.070,77 pontos

Nasdaq 100: +1,10%, 16.920,79 pontos

S&P 500: +0,70%, 5.304,71 pontos

Camila Brunelli, Paulo Holland e Darlan de Azevedo