Bolsa fecha em queda pressionada por Vale e receio de um BC mais duro, dólar sobe

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São Paulo -A Bolsa fechou em queda em linha com exterior, pressão de Vale com o recuo forte do minério de ferro e puxada pelas ações sensíveis a juros refletindo a alta na curva de juros futuros, após dados fortes da economia doméstica. O mercado fica receoso que Banco Central não seja tão dovish. Na semana, o Índice caiu 0,26%.

A Vale (VALE3) caiu 1,70%. CSN Mineração (CMIN3) perdeu 2,99%. CSN (CSNA3) recuou 2,55%. As construtoras tiveram queda. Eztec (EZTC3) caiu 0,46% e Cyrela (CYRE3) baixou 2,91%.

O principal índice da B3 caiu 0,74%, aos 126.741,81 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril recuou 0,91%, aos 127.750 pontos. O giro financeiro foi de R$ 34,1 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.

Armstrong Hashimoto, sócio e operador de renda variável da Venice Investimentos, disse que a Vale pressiona e indicadores domésticos pesaram na curva de juros, um entendimento de mudança na postura do Banco Central.

“A queda está na força da Vale, sofrendo com China e minério rompeu patamar de US$ 100 a tonelada. Também tem a questão do Ceo da companhia com receio do mercado de ter indicação política. Petrobras não está ajudando na ressaca em torno da confusão em relação à distribuição de dividendos. Aqui tivemos dados econômicos bons e pesou na curva de juros. O mercado pode começar a entender que nosso Banco Central tenha uma visão não tão dovish, pode sinalizar algo em relação ao corte de juros. E estamos na reta no final dos balanços”.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, disse que os dados positivos dos indicadores aqui estão mexendo com a curva de curva e impactando em ações sensíveis a juros, a Vale também pressiona.

“Depois do varejo [vendas no varejo] ter vindo mais forte [+2,5% em janeiro; projeção +10%], serviços hoje surpreendeu [+0,70%, previsão -0,40], a interpretação aqui é que o Banco Central continue no ritmo de corte de 0,50pp. Mas, no mercado, tem discussão que ele [BC] poderia parar até antes [de cortar os juros] conforme expectativa do mercado, que era chegar a uma taxa [terminal] perto de 9%. Essa postura de cautela [do mercado] está fazendo com que a curva de juros suba muito e boa parte das ações vai pra baixo, tanto que as construtoras tiveram resultados bons [no 4T23] e o dia é muito ruim pra elas, isso não faz sentido. minério de ferro recuou muito esse ano, puxando a Vale pra baixo”.

Diego Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse os indicadores nos Estados Unidos-preço de exportação subiu 0,8% em fevereiro, índice de atividade industrial abaixo da expectativa-caiu para -20 pontos em março- e produção industrial-comparação anual caiu 0,2%- pesam e as mineradoras também.

“O mercado está precificando um mal-estar lá fora, aversão a risco, e uma queda expressiva do minério puxa a Vale e mineradoras; fica claro para o mercado que o crescimento chinês não vai ser o que foi nos anos 90, 2010 e 2015 e que os novos ciclos de crescimento na China não vão ter o mercado de infraestrutura e imobiliário como grandes players para isso acontecer e está tendo uma reprecificação da questão do minério, um movimento mais estrutural para fazer essa correção e a Vale também está corrigindo muito. petróleo corrigindo e Petrobras estável”.

O operador de renda variável da Manchester Investimentos destacou que a alta da curva de juros deu uma certa assustada.

“Está subindo muito forte e não tem nenhum indicador para isso. Pode ser só um movimento de mercado fechando posições, no dia 12 teve teste de uma região no DI 25 que a gente não tinha desde 2021 e o mercado começou a precificar de fato uma Selic abaixo de 9% em 2025, mas hoje teve essa correção. Com isso, as empresas de consumo, que dependem de financiamento barato, caem”.

O dólar comercial fechou em leve alta de 0,20%, cotado a R$ 4,9973 no último pregão da semana refletindo o clima global de cautela, antes das decisões de política monetária aqui e nos Estados Unidos, nos dias 19 e 20. Na semana, a moeda estrangeira subiu 0,33%.

Para o analista da Potenza Investimentos Bruno Komura, “o dólar está praticamente estável enquanto vemos outros mercados estão performando mal. Os dados brasileiros mais fortes animam, pois, sinalizam que a economia está conseguindo se manter mesmo com todo o aperto monetário. No exterior, os dados mais fortes foram interpretados de forma diferente porque pode afetar o início do corte dos juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano)”.

De acordo com a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “temos acompanhado uma saída muito forte de capital estrangeiro, contribuindo para o real perder a força”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em alta, impactadas pela Pesquisa Mensal de Serviços, que avançou 0,7% em janeiro ante dezembro, frente às projeções de -0,40%, conforme o Termômetro CMA. O indicador de Serviços é um dos mais importantes para decisão sobre política monetária na visão do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. Ainda pela manhã, o Caged mostrou dados fortes: 180.395 empregos formais foram criados em janeiro.

O DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 9,970%, de 9,910% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 9,900% de 9,795%, o DI para janeiro de 2027 ia a 10,140%, de 10,030%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 10,435% de 10,330% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em queda, registrando a segunda semana consecutiva de perdas para Wall Street à medida que os investidores avaliavam o impacto dos dados recentes dos índices de inflação na decisão de política do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) na próxima semana.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,49%, 38.714,77 pontos
Nasdaq 100: -0,96%, 15.973,2 pontos
S&P 500: -0,64%, 5.117,09 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA