Bolsa fecha em queda puxada por commodities e de olho nos juros americanos; dólar sobe

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São Paulo – A Bolsa fechou em queda um dia de agenda econômica fraca e falta de notícias puxada pelas commodities, principalmente as ligadas ao minério de ferro, e com os investidores à espera de indicadores de inflação nos Estados Unidos para calibrar as expectativas sobre os juros. O fiscal doméstico fica no radar com o impasse da MP da reoneração.

Os destaques negativos ficaram para as ações ligadas ao minério de ferro. Gerdau (GGBR4) caiu 5,22% e liderou as perdas do Ibovespa, seguido de CSN (CSNA3) fechou em baixa de 4,46%. Vale (VALE3) recuou 1,26%.

A queda de Bradesco (BBDC4) foi expressiva de 2,68%, após o Goldman Sachs rebaixar o banco de neutro para venda com preço-alvo de R$ 16.

O Banco do Brasil (BBAS3) também teve queda de mais de 1%. A Petrobras (PETR3 e PETR4) chegou a operar no positivo, mas encerrou o pregão com recuou 0,55% e 0,85%. A Locaweb (LWSA3) liderou as altas do índice de5,51 %. 3RPetroleum (RRRP3) e Magazine Luiza (MGLU3) subiram 4,20% e 2,39%, respectivamente.

O principal índice da B3 recuou 0,73%, aos 131.446,59 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro caiu 0,95%, aos 132.755 pontos. O giro financeiro foi de R$ 18,5 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam mistos.

Segundo Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, a sessão desta terça-feira foi de agenda fraca e o Ibovespa “foi pressionado pela queda das ações de maior peso como Vale, Petrobras e bancos, e ficam à espera na quinta-feira (11) dos dados de inflação ao consumidor (CPI) dos EUA”.

Rodrigo Caetano, analista da Toro Investimentos, disse que a queda na Bolsa “é explicada pelo recuo das siderúrgicas e bancos”.

Na visão de Anderson Silva, head de renda variável e sócio da GT Capital, o dia é de agenda fraca de notícias, a Bolsa cai em um movimento de correção.

“Após uma grande puxada de alta no final do ano passado é hora de colocar parte dos lucros no bolso e ficar de olho no balanço das empresas correspondente ao 4º trimestre 2023 que logo começam a ser divulgados; vemos um maior apetite ao risco dos investidores por empresas com grande upside que é o caso de Locaweb, Magazine Luiza e ainda a 3RPetroleum, depois de ter divulgado uma produção de petróleo acima do esperado. O movimento de recuo do minério de ferro puxou o setor de mineração e siderurgia para baixo e isso acabou fazendo com que o dia terminasse no campo negativo”.

Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, disse que mercado espera dados de inflação dos EUA e aqui o impasse entre Executivo em relação à MP da reoneração.

“O mercado está na expectativa da divulgação dos índices de inflação esta semana para tentar identificar qual seria o movimento do Fed para as próximas reuniões e quando começará a reduzir a taxa de juros; por aqui o que tem desgastado o mercado são as divergências entre o Congresso e o governo em relação à MP da desoneração da folha de pagamento. Na ausência de notícias, o mercado se apega a essa questão para ter um pouco de realização. O governo precisa de arrecadar para atingir o déficit fiscal, mas em nenhum momento se fala em cortes, só em buscar resultados, o que traz volatilidade e risco. O fiscal volta a ser preocupante. O mercado já precifica que não terá déficit zero, e começa a aceitar [um deficit ] de 0,5% ou 0,75%do PIB] na eventual mudança de taxa “.

Mais cedo, Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos, disse que em dia de agenda vazia aqui e lá fora, a bolsa acompanha o exterior.

“O aumento das treasuries impacta as bolsas com os investidores colocando um pouco mais de prazo para o corte das taxas de juros nos EUA. Na semana passada havia uma perspectiva de 50% do mercado apostando em uma queda [dos juros] em março e, agora, foi reduzida para 35%. A maioria está esperando para o corte para o segundo semestre; a Vale cai pela fraca demanda, principalmente da China; Petrobras cai, mas não tem nenhuma notícia sobre a empresa, é fluxo normal de realização e o Bradesco teve corte de recomendação”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,79%, cotado a R$ 4,9066. A moeda refletiu, ao longo da sessão, o temor de que o Fed demore mais que o esperado inicialmente para começar o corte de juros nos Estados Unidos.

Para o economista-chefe da G5 Partners, Luis Otávio Leal, “o mercado está começou areprecificar algumas coisas como o soft landing (pouso suave) e o início do corte dos juros”.

Leal explica que, diferente do habitual, o mês de dezembro não foi marcado por remessas de dólar ao exterior: “Está acontecendo agora meio que uma ressaca”, avalia.

“Não houve otimismo exagerado, mas muito rápido e forte. Os mercados estão pegando fôlego para um novo rali em caso, caso o CPI, esta semana nos Estados Unidos, por exemplo”, contextualiza.

Segundo o sócio da Ethimos Investimentos Lucas Brigato, “o dólar está comportado frente ao que poderia ter de movimentação em virtude do que acontece no exterior”, referindo-se ao aumento das apostas de que o corte na taxa básica de juros dos Estados Unidos irá começar apenas no segundo semestre.

Brigato entende que a divisa estadunidense ainda tem espaço para cair mais ao longo das próximas semanas, com viés baixista.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em alta refletindo risco fiscal e impasses em Brasília com relação à decisão sobre a MP da Desoneração.

O DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,100% de 10,095% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 9,760% de 9,720%, o DI para janeiro de 2027 ia a 9,885%, de 9,920%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 10,120% de 10,100% na mesma comparação.

Os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam a sessão em campo misto, impulsionado pelo lado positivo por ações de tecnologia, mas ainda com Dow Jones e S&P encerrando o dia com perdas modestas.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,42%, 37.525,16 pontos
Nasdaq 100: +0,09%, 14.857,7 pontos
S&P 500: -0,14%, 4.756,50 pontos

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA