São Paulo -A Bolsa fechou em queda, descolada de Wall Street, com os investidores recebendo mal o comunicado hawkish do Comitê de Política Monetária (Copom). O mercado fica à espera da ata [terça-feira, 26] para entender melhor a mudança na sinalização do ciclo de corte de juros.
Somado a isso, a queda das ações de peso no índice também contribuiu para puxar o índice para baixo.
A Petrobras (PETR3 e PETR4) recuou 2,03% e 2,72%. Itaú (PN, -1,03%).Vale (VALE3) oscilou bastante e fechou em queda de 0,24%.
As ações sensíveis a juros sofreram. Magazine Luiza (ON, -2,92%); MRV (ON, -1,50%), Lojas Renner (ON, -1,91%).
O principal índice da B3 caiu 0,74%, aos 128.158,57 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril recuou 1,07%, aos 129.020 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21,4 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em alta.
Leonardo de Santana, analista da Top Gain, disse que a Bolsa cai por causa da comunicação do Copom.
“O Copom veio mais hawkish e sinalizou uma preocupação, não sabemos se foi com o fiscal ou com inflação futura. Vai chegar a 9% [taxa terminal no final de 2024] como prometido, mas pode ser mais demorada. Estamos bem descolados do cenário internacional”.
Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que a Bolsa sofre na sessão de hoje, após a postura mais conservadora do Copom.
“Foi retirado do texto original [do comunicado] as próximas quedas [da taxa básica de juros] sugerindo mais cautela e o mercado acredita que é por conta do fiscal [doméstico]. Vamos ficar dependente da ata do Copom [na próxima terça-feira, 26] para entender o motivo da mudança. Vemos estresse nos DIs e nas ações”.
Raphael Vieira, co-head de Investimentos da Arton Advisors, disse que o comunicado do Banco Central (BC) de ontem teve um “tom levemente mais hawkish, uma vez que o Copom retirou o plural de próximas reuniões e anteviu o mesmo nível de corte somente para a próxima reunião, deixando uma visão mais dependente de dados de como será após a reunião de maio. O comunicado não altera a taxa longa de juros, que acaba sendo influenciada por diversos outros fatores, como pontuado pelo comunicado do Bacen sobre a dinâmica fiscal e o balanço de risco dos juros nos mercados desenvolvidos”.
Um outro analista de uma corretora disse que “o mercado deve se ajustar nas expectativas em relação aos próximos cortes da Selic devido ao Copom ter a projetado só mais uma redução de 0,50pp nos juros”.
O dólar fechou em alta de 0,10%, cotado a R$ 4,9791. A moeda refletiu, ao longo da sessão, a resiliência da economia norte-americana e a confirmação do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de que seguem projetados três cortes nos juros em 2024.
Segundo o sócio da Top Gain Leonardo Santana, “o dólar está forte no mundo. O cenário ainda é positivo, não mudou muito. O mercado, agora, volta as atenções para o índice de preços para os gastos pessoais (PCE), que será divulgado na próxima semana”.
Para o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, “começa a surgir uma divergência entre o Banco Central (BC), mais conservador, e o Fed, mais dovish, porém menos que outros bancos centrais como o suíço e o inglês”.
Borsoi entende que a resiliência da economia estadunidense e a virada nos juros, estão puxando o mercado de moedas como um todo, valorizando a divisa dos Estados Unidos.
O Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou, no início da noite de ontem, o corte de 0,5 ponto percentual (p.p.) na Selic (taxa básica de juros), que caiu de 11,25% para 10,75%.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em alta, em dia pós decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter o corte de 0,50 p.p já precificado pelo mercado, reduzindo a Selic (taxa básica de juros), de 11,25% para 10,75%. O comunicado do Banco Central (BC) divulgado após a decisão, no entanto, mostrou que o comitê deve fazer apenas mais uma redução dessa magnitude na próxima reunião, como temiam os agentes financeiros. Os Treasuries (títulos do Tesouro estadunidense) também operam em alta, mas não impactaram o ritmo de alta das taxas DI.
O DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 9,940%, de 9,875% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 9,870 de 9,790%, o DI para janeiro de 2027 ia a 10,100%, de 10,010%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 10,370% de 10,385% na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, ampliando o rali da semana, enquanto investidores seguem aliviados após os sinais do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de que não diminuirá os cortes na taxa de juros.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: +0,68%, 39.781,37 pontos
Nasdaq 100: +0,20%, 16.401,8 pontos
S&P 500: +0,32%, 5.241,53 pontos
Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA