Bolsa fecha em queda puxado por incertezas fiscais e Trump; dólar encerra a R$ 6,1099

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São Paulo -A Bolsa interrompeu dois dias de altas e fechou em queda, perdeu mais de 1,5 mil pontos em um dia de aversão ao risco com o mercado cauteloso quanto ao quadro fiscal doméstico e preocupado com o possível impacto da política tarifária do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Menos de dez ações subiram.

As maiores quedas foram as ações do Carrefour (CRFB3) e CSN (CSNA3), que caíram respectivamente 12,19% e 7,17%.

O principal índice da B3 recuou 1,26%, aos 119.624,51 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro caiu 1,45%, aos 120.670 pontos. O giro financeiro foi de R$ 19,3 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam mistas.

Felipe Sant Anna, especialista de mercado da mesa proprietária Star Desk, disse que os agentes financeiros “continuam desacreditando de tudo [questão fiscal]. Os últimos dias [alta da bolsa] foram mais incomuns que a queda de hoje, estamos devolvendo boa parte dos ganhos. Bancos estrangeiros estão vendendo bolsa. A ata do Fed é retrovisora e não fez preço no mercado”.

Gustavo Bertotti, economista da Fami Capital, disse que o fiscal, postura de Trump e China impactam negativamente no mercado.

“As incertezas em relação às questões fiscais e políticas são o ponto principal de preocupação do mercado, mas na falta de fatos mais contundentes e agenda econômica mais relevante, a bolsa acompanha a cautela do mercado internacional. O fator Trump não vinha fazendo muito preço, mas a poucos dias da posse mexe com o mercado em razão do aumento de gastos públicos, o que traz um Fed mais conservador e talvez cortes de menores magnitudes de 0,25pp, somado a barreiras tarifárias, o que é ruim para todo o mundo e o Brasil pode ser impactado porque tem um mercado muito grande de proteína nos EUA. Outro ponto de atenção é a China. O país vai ter de agir logo nesse primeiro trimestre com estímulos mais contundentes”.

Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, disse que os mercados refletem a posição do presidente eleito do Estados Unidos sobre alguns países.

“Essa postura do Trump [Donald Trump] em usar a força na Groenlândia, Canal do Panamá, e incorporar o Canadá está impactando nos mercados. Outro ponto é que hoje à tarde tem [a divulgação da] ata do Fomc e investidores devem estar preocupados com mensagens bem cautelosas”.

No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em leve alta de 0,08%, cotado a R$ 6,1099 ,em véspera de feriado nos Estados Unidos, com os investidores preocupados com a política tarifária do presidente eleito, Donald Trump. A moeda norte-americana oscilou entre a máxima de R$ 6,1560 e a mínima de R$ 6,1079.

Bruno Komura, analista da Potenza Capital, disse que a ata da última reunião do Fed “veio em linha e com uma visão um pouco mais benigna. Eles destacaram o risco de inflação persistente com o Trump [Donald Trump] mas a visão sobre o mercado de trabalho não parece tão ruim”.

Komura destacou que a ata está um pouco atrasada. “O último PCE [inflação americana] veio depois da reunião [do Fomc] e mostrou piora e os dados de trabalho esta semana estão piores no geral, precisamos monitorar para confirmar se é uma mudança na tendência ou algo pontual”.

Mais cedo, Komura disse que o mercado está menos positivo. “Provavelmente o Fed vai ser mais cauteloso. Talvez a gente tenha apenas dois cortes até o final do ano”.

Komura acredita que o temor do retorno da inflação nos Estados Unidos e os constantes sinais de que a economia estadunidense seque aquecida devem fazer com o corte dos juros perca força.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham mistas, depois de terem aberto o pregão em alta e terem operado em queda, em movimento de ajuste.

Por volta das 16h30 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,965% de 14,990% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 15,365%, de 15,415, o DI para janeiro de 2028 ia a 15,325%, de 15,320%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 15,230% de 14,190% na mesma comparação.

No exterior, os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam o pregão com poucas alterações, enquanto os traders avaliam cortes de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) diante de pressões inflacionárias.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,25%, 42.635,20 pontos
Nasdaq 100: -0,06%, 19.478,88 pontos
S&P 500: +0,16%, 5.918,23 pontos

 

Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News