São Paulo – Após o rali da semana passada, a Bolsa fechou em queda em linha com o mau humor externo com as atenções dos investidores para os dados de inflação nos Estados Unidos (CPI, sigla em inglês), nesta semana, após o payroll forte na sexta-feira mostrar que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) deverá ser mais agressivo com a política monetária, e início da temporada de balanços corporativos por lá.
Por aqui, as ações da Vale (VALE3) caíram 2,01% com a precificação de uma recessão global, que afeta a demanda por minério de ferro, e o efeito corporativo da transação entre Cosan (CSAN3) e a mineradora na sexta-feira. Os papéis da Cosan perderam 7,50% e lideram as baixas no Ibovespa.
Do lado positivo, as commodities agrícolas dispararam por conta do aumento do conflito entre Rússia e Ucrânia, o que acabou beneficiando as ações ligadas às matérias-primas na Bolsa.
A SLC Agrícola (SLCE3) liderou a alta no índice, 6,04%, em seguida vieram os papéis da São Martinho (SMTO3), BRF (BRFS3) e JBS (JBSS3), que avançaram respectivamente 5,53%, 5,13% e 4,81%.
O principal índice da B3 caiu 0,37%, aos 115.940,20 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro cedeu 1,00%, aos 116.005 pontos. O giro financeiro foi de R$ 34 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.
Ubirajara Silva, gestor da Galapagos Capital, disse que depois do rali da semana passada, hoje a Bolsa está “realizando de lucros lembrando que temos feriado e vencimento de opções de índice futuro, o que amplifica mais os movimentos; existe preocupação com ‘terceiro’ turno das eleições e independente de quem vença vai gerar contestações em um futuro próximo”.
Silva destacou a queda da Vale, depois da compra pela Cosan, além da Petrobras (PETR3 e PETR4) e Banco do Brasil (BBAS3). “Isso mostra o trade das eleições”. Esta semana é importante por conta dos dados de inflação nos Estados Unidos.
Leandro Petrokas, diretor de research e sócio da Quantzed., disse que a Bolsa recua “em linha com o mau humor dos mercados internacionais e a Cosan cai ainda impactada pela aquisição pela Vale, que também cede descolada dos pares em Londres.
Petrokas destaca o setor de commodities agrícolas e papel e celulose. “O mercado visualiza o aumento do risco geopolítico”.
Matheus Spiess, analista da Empiricus, disse que a semana é mais complicada para o mercado de ativo de risco global após o payroll forte na sexta-feira e meio ao início da temporada de balanços nos Estados Unidos e inflação por lá e aqui feriado.
“Existe uma percepção mais cautelosa do investidor internacional e acaba estendendo para outros mercados como o nosso. Aqui, [o mercado] vai digerindo o contexto eleitoral bastante polarizado e incerto, apesar do favoritismo”.
Spiess comentou que o destaque de hoje fica para as ações ligadas às commodities agrícolas e a “boa performance ajuda as empresas na Bolsa”.
O dólar fechou em queda de 0,42%, cotado a R$ 5,1910. A sessão foi marcada pela baixa liquidez devido ao feriado nos Estados Unidos, e neste cenário o real seguiu a tendência da última semana e se fortaleceu.
Segundo o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, “hoje não tem um driver específico devido ao feriado nos Estados Unidos. O mercado está em compasso de espera pela divulgação da inflação nos Estados Unidos, na quinta”.
Além da inflação, na quarta serão divulgados o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) e a ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês).
Para o sócio fundador da Pronto! Invest, Vanei Nagem, “o mercado está reagindo bem, com a entrada de moeda. O dólar deve ficar assim durante o dia. Mesmo com a crise global, o real tem se comportado muito bem, e está num nível bem aceitável”.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em leve queda. A sessão foi marcada pela baixa liquidez, devido ao feriado nos Estados Unidos.
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,674% de 13,678% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,710%, de 12,725%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,500%, de 11,515% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,330% de 11,340%, na mesma comparação.
No mercado externo, os principais índices de ações dos Estados Unidos fecharam em campo negativo, com a Nasdaq atingindo seu menor nível desde 2020, à medida que os investidores se preparam para uma bateria de balanços corporativos nesta semana e monitoram a resiliência da economia norte-americana com uma série de relatórios de inflação.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,32%, 29.202,88 pontos
Nasdaq 100: -1,04%, 10.542,1 pontos
S&P 500: -0,74%, 3.612,39 pontos
Com Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência CMA.
