Bolsa fecha em tímida alta pelo 8º pregão seguido em meio ao IPCA benigno e pressão de Vale e Petro; Dólar cai

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São Paulo – A Bolsa terminou em tímida alta pelo oitavo pregão seguido, conseguiu se manter na região dos 127 mil pontos com o resultado benigno do Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho, mas os pesos-pesados prejudicaram na performance do índice. Os investidores ficam na expectativa para a divulgação da inflação ao consumidor nos Estados Unidos (CPI, sigla em inglês).

O IPCA subiu 0,21%, desacelerando frente maio (+0,46%) e abaixo das estimativas, +0,34%. No acumulado em 12 meses até junho, registrou alta de 4,23% e mercado projetava +4,34%. A Vale (VALE3) caiu 1,34% e a Petrobras (PETR4) recuou 0,93%, apesar da alta do petróleo. As empresas sensíveis a juros avançaram com a curva de juros futuros fechando. Lojas Renner (LREN3) avançou 0,45% e MRV (MRVE3) subiu 2,31%. O principal índice da B3 subiu 0,08%, aos 127.218,24 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto caiu 0,19%, aos 128.220 pontos. O giro financeiro foi de R$ 15,3 bilhões. Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, disse que a inflação oficial refletiu positivamente na Bolsa, mas a queda da Vale pesa. “A bolsa está sendo impactada positivamente pelos dados do IPCA de junho abaixo do esperado e com alta menor em relação ao mês passado, o que animou o mercado. A Vale cai seguindo o minério de ferro. Mas os investidores ficam em compasso de espera para a divulgação da inflação nos EUA -CPI-, que pode dar uma clareada sobre os possíveis rumos em relação ao corte de juros por lá”.

Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, disse que a Bolsa de lado, com alta tímida, mas empresas ligadas às commodities pressionam. “Se o Ibovespa continuar subindo timidamente pode entregar a oitava alta consecutiva. É uma trajetória positiva, consolida um movimento importante porque saiu de 118 mil pontos [em junho] para 127 mil [agora], o que está prejudicando são os pesos-pesados -Vale e Petrobras, que caem-. As small caps têm tendência positiva desde a mudança do tom em Brasília [sobre o fiscal]. A divulgação do IPCA abaixo do esperado apaga a chance de subida da Selic. Se tiver corte nos EUA vai ajudar aqui, por isso é importante o CPI de amanhã (10). O Powell quer cortar juros, mas ainda precisa de mais dados bons”.

Ubirajara Silva, gestor de renda variável, disse que com o IPCA abaixo das expectativas impacta positivamente os mercados, mas o grande dado vem amanhã (11) com a inflação ao consumidor americano. “O dado é positivo e acaba compensando a piora que vamos na inflação anual com reajuste de combustível [anunciado na 2 feira]. Os economistas estão estimando um resultado pior entre 20 a 25 bps e tivemos 10 a 12 bps de melhora [nesse dado]. A impressão é que o número já estava no mercado ontem. O indicador mais importante vai ser o CPI para ver os próximos passos do Fed. A fala do Powell não deve trazer grandes novidades, ele não costuma mudar o discurso. Por aqui, o mercado está de olho na reforma, a impressão é que vai ter aumento da carga tributária para os empresários. As opiniões divergem no mercado [sobre a reforma]. Vamos ver como o mercado vai interpretar olhando para a bolsa. A CSLL vai aumentar e terá impacto nos bancos. As Small caps e as ações ligadas ao mercado interno vão ter rally forte com queda de juros”.

O dólar comercial fechou a R$ 5,4130 para venda, com desvalorização de 0,05%. Às 17h05min, o dólar futuro para agosto tinha baixa de 0,16% a R$ 5,426. O dia foi de muita volatilidade. O mercado iniciou com boa desvalorização do dólar frente ao real, reflexo da perspectiva de que os juros poderão ser cortados ainda este ano nos Estados Unidos. O mercado também recebeu bem o resultado do IPCA de junho no Brasil.

Ao longo do dia, a moeda foi recuperando terreno, refletindo certa expectativa com o índice de preços ao consumidor de junho (CPI, na sigla em inglês), nos Estados Unidos, que será divulgado amanhã.

Segundo o economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano, o movimento de hoje “talvez mostre certa cautela com o CPI, uma realização de lucros e busca por proteção. O ambiente ainda é de muita cautela, mas o dólar pode chegar facilmente a R$ 5,00, R$ 5,10, e pelo fundamentos até um pouco abaixo disso”.

Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, a expectativa de corte dos juros, reforçada pela fala, ontem, do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, pode ganhar mais força com a inflação de junho, que será divulgada amanhã.

Abdelmalack observa que houve uma melhora na percepção fiscal doméstica. “Houve um ajuste na comunicação do governo que traz calmaria, mostra que os temas fiscais estão evoluindo”.

O Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,21% em junho na comparação com maio, desacelerando-se em relação à alta apurada no período imediatamente anterior (0,46%), segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado ficou abaixo das expectativas do mercado financeiro, de +0,34%, conforme o Termômetro CMA. Com isso, o IPCA acumulou alta de 4,23% em 12 meses até junho, também abaixo das estimativas de +4,34%, ainda segundo o Termômetro CMA.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em queda, derrubadas pelo Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho, que teve alta de 0,21% ante expectativa de +0,34%.

o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,525%, de 10,570% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,075% de 11,170%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,315%, de 11,455%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,515% de 12,680% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar comercial operava de lado, cotado a R$ 5,4130 para a venda.

Os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo , com o S&P ultrapassando os 5.600 pontos pela primeira vez, com um aumento acentuado nas ações de semicondutores impulsionando o mercado.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +1,11% ,39.729,80 pontos

Nasdaq 100: +1,18%, 18.647,45 pontos

S&P 500: +1,02%, 5.633,81 pontos

Dylan Della Pasqua, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo