Bolsa fecha estável, em um pregão volátil e liquidez baixa; dólar cai e encerra a R$ 5,91

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Imagem perspectiva mercados
Indicadores da Bolsa de Valores

São Paulo -A Bolsa fechou em queda de 0,02%, estável, operou todo o pregão no patamar dos 122 mil pontos, em um pregão volátil, em meio aos dados do Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) acima das expectativas, commodities metálicas e ações de consumo em alta. O fiscal e a inflação seguem como fator preocupante do mercado. Na semana, o Ibovespa subiu 0,08%.

Para a próxima semana, o mercado fica atento as reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) e do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), nos dias 28 e 29.

A Vale (VALE3) subia 1,35%. CSN (CSNA3) foi destaque positivo em 5,08%, e de queda foi Automob (AMOB3) em 3,22%. Petrobras (PETR3 e PETR4) recuou 0,29% e 0,51%.

O principal índice da B3 caiu 0,02%, aos 122.449,15 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro recuou 0,02%, aos 123.100 pontos. O giro foi de R$ 14,4 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em queda.

Para Christian Iarussi, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital, disse que o comportamento da Bolsa na sessão de hoje reflete preocupação com inflação, juros e as sobretaxas do Trump trazem volatilidade.

“Externamente, as dúvidas sobre a política tarifária dos EUA criam volatilidade, enquanto internamente, o IPCA-15 acima das expectativas gera preocupações sobre a inflação e os juros. Apesar disso, o mercado parece estar em um momento de ajuste, calibrando discursos e dados econômicos. No curto prazo, a pressão inflacionária interna e o ambiente externo ainda indefinido devem manter o Ibovespa sob volatilidade, mas o alívio do dólar pode ser um ponto positivo para mitigar quedas mais acentuadas”.

Bruno Benassi, analista de ativos da Monte Bravo, disse que o Ibovespa fecha no zero a zero e próximo do zero na semana.

“O dado mais relevante da semana foi o IPCA-15, que veio ruim. A abertura também veio ruim. A gente esperava uma deflação para esse mês por conta do bônus de Itaipu, e veio acima do que a gente esperava. A semana foi bem movimentada no cenário geopolítico, com a posse do Trump na segunda-feira (20) e discursos dele ontem, semana bem volátil. O destaque do Ibovespa tem sido setores mais ligados ao ciclo doméstico por conta do fechamento da curva de juros, mas ainda há algumas dúvidas sobre a performance desse segmento durante o ano. Uma parte de utilidades públicas também andou bem”.

Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, que a bolsa não consegue se manter em uma direção definida e o problema é o fiscal doméstico.

“A bolsa começa subindo e termina em queda, como vimos nos dois últimos pregões, sem sustentação, por conta das desancoragem das expectativas. É o voo de galinha. O problema brasileiro é fiscal, enquanto o governo não perceber isso, vai ficar remando e vai começar a bater na popularidade. O IPCA-15 de hoje mostrou um tom negativo, não veio só pior que o esperado, mas está poluída, com serviços subindo, média dos núcleos e não tem nada para comemorar. O governo tem que prestar atenção. O fato de o Trump não ter vindo tão agressivo em termos de tarifação, que é o receio do mercado, ajudou a bolsa na segunda e terça, depois começou a perder força”.

Mais cedo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o IPCA-15 de janeiro, que subiu 0,11% contra estimativa de 0,09%. No acumulado em 12 meses até janeiro, teve alta de 4,50% e a previsão era 4,40%.

No câmbio, o dólar comercial perdeu força no final do pregão, mas conseguiu fechar em queda de 0,12%, cotado a R$ 5,9175 em uma semana em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, roubou a cena.

As falas mais amenas de Trump sobre a China ajudaram a fortalecer o Real. A divisa oscilou entre a mínima de R$ 5,8674 e a máxima de R$ 5,9245. Na semana, a moeda estrangeira desvalorizou 2,42%.

Lucas Brigato, sócio da Ethimos Investimentos, disse que a queda da moeda estrangeira “ainda reflete o tom mais ameno do presidente dos Estados Unidos com relação à China. A tendência é que a cada dia a gente uma surpresa com a entrada do Trump na Casa Branca. Nas próximas semanas, podemos ver certa volatilidade em cima de suas declarações. A divisa ainda tem margem para cair mais, com possibilidade de chegar na casa dos R$ 5,80, R$ 5,75 porque quando o dólar tentou romper os R$ 6, bateu duas vezes os R$ 5,70”.

Marcos Weight, head de tesouraria da Travelex Brasil, disse que “o Real está em linha com outras moedas tanto emergentes como de países desenvolvidos, ainda em função das últimas falas do Trump. O Real tem performado melhor que os pares emergentes desde o final de dezembro”.

Segundo boletim da Ajax Asset Mangement, a entrevista do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ontem derrubou a moeda americana.

“Trump afirmou que preferia não elevar as tarifas de importação da China, essa fala contribui para o enfraquecimento do dólar”.

O Dollar Index (DXY), que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de unidades, tinha queda de 0,54% a 107,270 pontos.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham mistas e perto da estabilidade por conta das falas do ministro da Casa Civil, Rui Costa, de que não serão tomadas ‘medidas heterodoxas’ no que tange a ideia do presidente de fazer baixar o preço dos alimentos.

Por volta das 16h50 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 15,130 de 15,070% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 15,375%, de 15,355%, o DI para janeiro de 2028 ia a 15,240%, de 15,285%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 15,155% de 15,205% na mesma comparação.

No exterior, os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam o pregão em queda, ainda que registrassem ganhos semanais, enquanto os investidores digeriam a última leva de balanços corporativos e avaliavam as indicações do presidente Donald Trump de uma postura mais branda em relação às tarifas sobre a China.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,32%, 44.242,25 pontos
Nasdaq 100: -0,50%, 19.954,3 pontos
S&P 500: -0,28%, 6.101,24 pontos

 

Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News