Bolsa fecha estável, limitada por Vale e exterior, à espera de definições fiscais

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Gráfico com movimentações de ações // Créditos: Pexels/Alesia Kosik

São Paulo, 14 de novembro de 2024 – A Bolsa fechou estável, após passar o pregão em alta, buscando o patamar de 128 mil pontos, mas recuou perto do fechamento, em meio a falas do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, que disse que o banco central não tem pressa para cortar a taxa de juros, à medida que o cenário econômico continua sólido e dá às autoridades do Fed tempo para determinar o melhor momento para reduções.

No início do dia, os traders também acompanharam a divulgação os dados de emprego e inflação ao produtor nos Estados Unidos divulgados na manhã desta quinta-feira, , véspera do feriado de Proclamação da República aqui no Brasil. Mas, no exterior, os mercados globais operam normalmente nesta sexta-feira.

Os agentes também avaliaram os últimos resultados da temporada do terceiro trimestre de 2024 encerrada hoje e as perspectivas futuras apresentadas pelas companhias nas teleconferências. Ainda, saíram os dados da prévia do PIB brasileiro e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Melo, falou sobre expectativas sobre o cenário internacional e local e reforçou a preocupação com o fiscal brasileiro.

Os agentes do mercado também precificaram os dados de inflação do Brasil, enquanto aguardam o pacote fiscal que deve ser anunciado somente depois do G20.

O principal índice da B3 fechou estável (+0,04%), aos 127.791,60 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro caiu 0,06%, aos 128.625 pontos. Na semana, o índice caiu 0,26%. O giro financeiro foi de R$ 21,9 bilhões. Em Nova York, os futuros fecharam em queda.

Fora do Ibovespa, a ação da Americanas foi o grande destaque desta quinta-feira. O papel foi à leilão durante o pregão e fechou em alta de 180,05%, a R$ 9,41, após balanço do 3T24.

As ações da Vale recuaram (-0,55%) mais um pregão ante a queda do minério de ferro no exterior e após decepções dos investidores com estímulos chineses. PETR3 e PETR4 fecharam em alta de 1,45% e 1,05%, à espera do Plano Estratégico quinquenal e expectativa de anúncio de dividendos extraordinários.

As ações do Banco do Brasil desceram 2,23% após o balanço do terceiro trimestre de 2024, divulgado na noite de ontem (13). As ações do Bradesco subiram, enquanto Itaú e Santander fecharam em queda.

As ações da operadora da bolsa B3 avançaram 0,39% após resultado do 3T24.

As maiores altas do índice foram de Marfrig (+8,26%), Brava (+6,59%), CVC (+5,99%), Cemig (+5,22%) e Equatorial (+4,04%), com reações positivas após os resultados trimestrais.

As maiores quedas foram de MRV (-7,07%), Ultrapar (-6,22%), Petz (-5,49%), Cogna (-4,25%) e JBS (-3,37%).

Para Idean Alves, planejador financeiro e especialista em mercado de capitais, o feriado da Proclamação da República amanhã retirou a liquidez dos mercados “que normalmente optam por não passarem posicionados em feriados sob o risco de uma correção lá fora penalizar o mercado local na segunda.”

Na sua avaliação, por mais que o cenário local pareça desafiador nos próximos meses, as empresas vêm apresentando ótimos resultados de um modo geral, o que acaba refletindo nas cotações, citando as altas de Cemig e Marfrig. “A Marfrig apresentou números animadores após o aumento da alavancagem da companhia com diversas aquisições. Na minha visão, é uma boa sinalização para o mercado de que o crescimento está vindo com lucro e não apenas com dívidas”, avalia.

Entre as maiores quedas, ele cita a MRV, que liderou as perdas do Ibovespa. “Apesar do lucro líquido ajustado consolidado, de R$ 17,3 milhões entre julho a setembro, revertendo um prejuízo de R$ 20,8 milhões do mesmo período do ano anterior, o desempenho ficou abaixo das expectativas do mercado, que esperava um resultado 78% maior para o período”, afirma o analista.

O dólar comercial fechou em alta de 0,08%, cotado a R$ 5,7877. A moeda refletiu, ao longo da sessão, as indefinições que permeiam o anúncio do pacote de reajustes fiscais a ser anunciado pelo governo. Na semana, a moeda teve valorização de 0,91%.

Mais cedo, foi divulgado que índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) avançou 0,2% em outubro ante setembro, alinhado às projeções do mercado.

O head de Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, observa que “embora o real tenha demonstrado um desempenho ligeiramente melhor em comparação a outras moedas emergentes, como o peso mexicano, o cenário se mantém relativamente estável, com o mercado aguardando a proposta do pacote de cortes de gastos no Brasil. Essa definição é visto como um dos principais determinantes para os próximos movimentos cambiais, com atenção não apenas ao montante total dos cortes, mas também à natureza deles se serão permanentes ou temporários”.

Para o analista da Potenza Capital Bruno Komura, o resultado do PPI corrobora que a economia estadunidense segue aquecida, o que deve dificultar o trabalho do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) em atingir a meta de inflação (2%).

Komura entende que caso o corte de gastos atinja os ventilados R$ 70 bilhões: “Agora precisamos saber dos detalhes, de como vão chegar nestes números. Existe uma pressão muito grande do mercado para que isso seja aprovado com rapidez no Congresso”, avalia.

De acordo com a Ajax Asset, “lá fora, juros dos Treasury bonds sobem. Circulam as notícias de um corte de R$ 70 bilhões em dois anos, sendo R$ 30 bilhões em 2025”.

“Ontem, a Veja noticiou que o pacote de corte de gastos seria próximo de R$ 70 bilhões, entre os anos de 2025 (R$ 30 bilhões) e 2026 (R$ 40 bilhões). As negociações vão no sentido de consolidação da tese de um limite ao crescimento do salário-mínimo e ajustes pontuais em regras de benefícios e programas que são considerados dispendiosos e pouco focalizados. A medida seria um avanço melhor do que as sinalizações da última semana. Contudo, os detalhes do plano de ajuste são relevantes para maior viabilidade e efetividade das medidas a serem anunciadas”, contextualiza a Ajax.

Perto do fim do pregão, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) passaram a operar mistas, ainda digerindo dados domésticos e globais divulgados hoje.

Por volta das 15h50 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 11,420% de 11,416% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 13,180%, de 13,210%, o DI para janeiro de 2027 ia a 13,355%, de 12,360%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 13,275% de 13,265% na mesma comparação. O dólar opera em queda, cotado a R$ 5,7781 para venda.

Os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam o pregão em queda nesta quinta-feira, após o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, moderar as expectativas dos investidores sobre um novo corte de juros ainda este ano. Durante um evento do Fed em Dallas, Powell afirmou que, com o crescimento econômico, o mercado de trabalho sólido e a inflação ainda acima da meta de 2%, o banco central dos Estados Unidos não precisa apressar uma flexibilização da política monetária.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,47%, 43.750,86 pontos
Nasdaq 100: -0,64%, 19.107,7 pontos
S&P 500: -0,60%, 5.949,17 pontos

Paulo Holland, Camila Brunelli e Erika Kamikava/ Safras News

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